Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, em todas as idades, e até 2020 será a doença mais incapacitante. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 5,8% da população, o equivalente a mais 10 milhões de pessoas, apresentam sinais de transtorno depressivo. A boa notícia é que a Food and Drug Administration (FDA), espécie de Vigilância Sanitária dos Estados Unidos, acaba de aprovar um novo medicamento para tratar essa doença neurológica: a escetamina intranasal.
O fármaco é indicado para adultos com depressão resistente – condição que afeta um terço dos pacientes e acontece quando há falha de dois tratamentos anteriores. Desenvolvida pela empresa farmacêutica Janssen, o remédio já foi submetido para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguarda aprovação antes de ser comercializado no Brasil.
"A chegada da escetamina intranasal abrirá uma nova perspectiva de tratamento para muitos pacientes que sofrem com uma das formas mais comprometedoras da depressão e não respondem a outros medicamentos", comenta Kalil Duailibi, professor de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo, em comunicado enviado à imprensa.
De acordo com a Janssen, um estudo de quatro semanas com a escetamina intranasal, associada a antidepressivo oral, demonstrou que os pacientes tiveram melhoras superiores nos sintomas da depressão quando comparados àqueles que utilizaram apenas o medicamento oral e um placebo. Já um estudo de longo prazo com a terapia mostrou que os pacientes já estáveis com o tratamento continuado com a escetamina intranasal, em combinação com o antidepressivo oral, tiveram 51% menos chance de recaída do que o grupo controle (antidepressivo oral com placebo).
"A escetamina é um modulador do receptor NMDA do glutamato, que ajuda a restaurar as conexões sinápticas nas células cerebrais em pessoas com transtorno depressivo maior. Trata-se de uma molécula mais específica em sua via de ação do que a cetamina – substância utilizada como anestésico, mas não comercializada para uso humano no Brasil", esclarece a farmacêutica no comunicado.
Ainda conforme a Janssen, o medicamento teve um extenso programa de estudos clínicos fase 3, com 1,7 mil pacientes adultos. Os efeitos adversos mais comuns observados com o uso da escetamina intranasal, em associação ao antidepressivo oral, incluem dissociação, tontura, náusea, sedação, vertigem, ansiedade, falta de energia, aumento da pressão arterial e vômitos.
Para garantir a administração adequada do tratamento, o uso do produto nos Estados Unidos será feito em clínicas certificadas e sob supervisão médica..