Estado de Minas CIÊNCIA

Que tal ganhar mais de R$ 70 mil para ficar na cama?

Isso faz parte de um novo estudo da Nasa e da Agência Espacial Europeia


postado em 29/03/2019 11:12 / atualizado em 29/03/2019 11:15

Imagine fazer todas as atividades cotidianas deitado numa cama durante 60 dias?(foto: CNN/Reprodução)
Imagine fazer todas as atividades cotidianas deitado numa cama durante 60 dias? (foto: CNN/Reprodução)

Para quem acha difícil levantar da cama de manhã, uma "oferta" de trabalho da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) pode vir a calhar. Cientistas da Nasa estão à procura de voluntários que aceitem ficar deitados numa cama por 60 dias para ajudar a entender como a falta de peso afeta o corpo humano. Como recompensa pela participação no estudo, eles pagarão US$ 18.522 (cerca de R$ 72 mil) para os participantes. A informação foi divulgada pela emissora americana CNN.

Quando os astronautas estão no espaço, a falta de gravidade pode causar mudanças no corpo. A redução do estresse físico no espaço faz com que músculos e ossos se rompam e os fluidos corporais se desloquem em direção à cabeça, de acordo com o Centro Aeroespacial Alemão, citado pela CNN e responsável pelo novo estudo encomendado pela Nasa e pela Agência Espacial Europeia (ESA).

Ao simular os efeitos da ausência de peso com repouso na cama, os cientistas esperam desenvolver métodos para neutralizar os impactos da falta de gravidade, de modo que os astronautas não passem a maior parte dos dias exercitando na Estação Espacial International.

Já existe uma espécie de "centrífuga" que gera gravidade artificial e corrige a distribuição de fluidos corporais. Ela deve ser testada diariamente em dois terços dos participantes do novo estudo, conforme a emissora.

"O voo espacial tripulado continuará a ser importante no futuro, para realização de experimentos em microgravidade, mas devemos torná-lo o mais seguro possível para os astronautas", comenta Hansjörg Dittus, membro do conselho executivo de pesquisa espacial e tecnologia do Centro Aeroespacial Alemão, citado pela CNN. "Nosso estudo do repouso na cama oferece aos pesquisadores espaciais de toda a Europa e dos EUA a oportunidade de trabalhar juntos e, assim, adquirir o máximo de conhecimento científico possível sobre a fisiologia humana", completa o cientista.

Na curiosa pesquisa, os voluntários devem realizar todas as atividades cotidianas, incluindo comer, tomar banho e ir ao banheiro, enquanto estão deitados. Cada participante terá um quarto particular e ficará numa cama com inclinação de seis graus com a cabeça apontando para baixo.

O estudo conta ainda com uma equipe de nutricionistas que avaliará as refeições para que os voluntários não ganhem peso e tenham todos os nutrientes de que precisam. No entanto, o Centro Aeroespacial Alemão diz em seu site que as refeições não serão "totalmnente saudáveis", e às vezes os participantes ganharão panquecas e outros doces.

Segundo a CNN, o estudo é composto por duas etapas. O primeiro grupo de 24 participantes (12 homens e 12 mulheres) começou a experiênjcia na última terça, dia 26 de março, e ainda não está claro quantos serão necessários na próxima rodada, que será realizada no Instituto de Medicina Aeroespacial do Centro Alemão Aeroespacial na cidade de Colônia, na Alemanha, de setembro a dezembro de 2019.

Os cientistas estão à procura de mulheres saudáveis de 24 a 55 anos e que não sejam fumantes. Os participantes devem poder falar alemão.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que esse tipo de estudo é realizado. Em 2017, a Nasa criou uma experiência semelhante, quando 11 pessoas passaram 30 dias "deitadas" na cama.

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