De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) da prefeitura de Belo Horizonte (PBH), somente serão vacinados os médicos-veterinários que atuam em estabelecimentos de assistência, vigilância, regulação e gestão da saúde humana, a exemplo dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) e Vigilância Sanitária. O restante, a grande maioria desses profissionais, não serão contemplados nos grupos prioritários elencados para a vacinação.
Para a médica veterinária Mayumi Mano, a PBH não está sendo coerente. "Nossa indignação diz respeito à falta de parâmetros para decisão de quem está habilitado para a vacinação contra a Covid-19", diz. Por sua vez, a PBH alega estar seguindo orientações do Ministério da Saúde. Segundo Mayumi Mano, um ofício liberado pelo órgão, em março deste ano, é contraditório. "Na minha opinião, houve um erro na elaboração e interpretação, tendo em vista que, no mesmo documento, ele habilita os veterinários como grupo prioritário para receber a vacina e depois o coloca em uma categoria ampla (estabelecimentos de saúde animal), retirando o seu direito à vacinação". No ponto de vista da veterinária, onde se lê "estabelecimentos de saúde animal" no ofício, caberia a expressão "pet shops". "Lidamos diretamente com os proprietários dos pets e trabalhamos sem interrupções durante a pandemia. Muitos dos tutores testaram positivo para a Covid-19 logo após um atendimento realizado, seja de rotina ou urgência. Temos o nosso direito assegurado através de vários ofícios liberados anteriormente pelo MS, porém, a PBH escolheu outro parâmetro para nos excluir". Ela afirma que nos postos de saúde de Belo Horizonte a exclusão se confirma, com diversos casos de médicos-veterinários que foram barrados ao tentarem receber a vacina.
De acordo com a SMSA, a categoria se enquadra nos grupos não prioritários, entre eles academias de ginástica, clubes, salão de beleza, clínicas de estética e estúdios de tatuagem.
A profissão de médico veterinário no Brasil
A profissão de médico veterinário no Brasil
Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o Brasil é o país com o maior número de médicos-veterinários no mundo, com mais de 105 mil profissionais que atuam em diversas áreas. A maior parte nas regiões Sudeste (48,26%) e Sul (22,59%) com ampla atuação em diferentes setores da economia, como inspeção e tecnologia de alimentos, reprodução e produção animal, saúde pública, investigação de surtos e epidemias, pesquisa e desenvolvimento e agronegócio. Esses profissionais são essenciais para fornecer bem-estar e saúde aos animais, e, segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG), "sua atuação impacta diretamente na saúde física e mental dos humanos". Em Belo Horizonte existem mais de 138 empresas do setor.
Brasil é o segundo país com mais pets
Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o Brasil já é o segundo país na quantidade de animais de estimação. Os números de 2018 indicam a presença de 139,3 milhões desses animais. São 54,2 milhões de cães, 39,8 milhões de aves, 23,9 milhões de gatos, 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de outras espécies (répteis, anfíbios e pequenos mamíferos). "Sem os médicos-veterinários para cuidar dos animais, os danos à saúde pública podem ser irreparáveis", analisa Mayumi Mano.