
Diferentemente do que muitos pensam, a convivência entre gestantes e crianças com animais de estimação pode, sim, ser saudável. Pesquisa feita pelo Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP) revelou que os pets beneficiam muito os bebês, aumentando sua imunidade contra doenças respiratórias e infecções. “Também ocorre a redução dos níveis de estresse e da incidência de doenças comuns, como dor de cabeça ou resfriado”, explica Lílian Mara Paim, médica pediatra, alergista e imunologista.

A razão para que isso aconteça é simples. Ao ter contato direto com germes e bactérias vindos dos animais, o sistema imunológico da criança amadurece mais rápido. “Acariciar um cão pode elevar os níveis de imunoglobulina A, um anticorpo presente nas mucosas que evita a proliferação viral ou bacteriana, sendo importante na prevenção de várias patologias”, explica Carine Savalli Redígolo, pesquisadora da USP.Um dos medos recorrentes entre os pais é de os pelos causarem alergia aos filhos. Mas os especialistas afirmam o contrário.
“Crianças que convivem com os pets apresentam redução de rinites alérgicas e dermatites tópicas, devido à diminuição da imunoglobina E, um anticorpo que, quando em altas concentrações, sugere um processo alérgico”, diz Carine. No entanto, existe a possibilidade de desencadear crises alérgicas, o que também pode ser evitado com medidas preventivas.

Para garantir a saúde de gestantes e bebês que convivem com animais, outras medidas preventivas também devem ser adotadas. Uma delas é evitar o contato direto com a saliva dos pets e de humanos por no mínimo seis meses, período em que se completa o ciclo de vacinações. “A saliva, em geral, contém bactérias que podem contaminar o bebê”, diz a pediatra Lilian Paim. Uma polêmica recorrente gira em torno do risco de a grávida contrair toxoplasmose, doença infecciosa provocada por um protozoário que pode acometer o feto ainda no útero e desencadear graves consequências. Apesar de o gato ser considerado o grande vilão da história, a ingestão de alimentos contaminados, em especial carnes cruas e malpassadas, além de vegetais que abriguem os cistos do toxoplasma, oferece um risco bem maior.

Grávida de três meses e meio, Bárbara Peconick trabalha com gatos há 15 anos e em seus exames regulares nunca constou presença da toxoplasmose. Além dos seus pacientes, tem a presença diária da gata Agata Cristy, sem raça definida, de 13 anos, e de Chimino, de 10 anos. “Sempre sugiro às grávidas que têm gatos que, em caso de dúvidas, façam o exame no animal para confirmar a presença ou não do protozoário, o que evita sofrimento desnecessário”, diz.
A veterinária Marcela Ortiz, também grávida, de seis meses, destaca que as doenças que gestantes podem contrair são as mesmas zoonoses a que qualquer outra pessoa está sujeita. “Por isso, para convivermos em harmonia com nossos pets, devemos ser cuidadosos em qualquer época de nossas vidas, especialmente com a higiene.” Em contagem regressiva para a chegada da primeira filha, Marcela conta com o carinho e a dedicação da pequinês Paris, de 4 anos. “Costumo dizer que vou ganhar uma filha e a Paris vai ter sua primeira irmãzinha. Somos uma família completa”, diz Marcela.