
Sabendo das intenções de Darcy Bessone, que havia escolhido o nome Belvedere - "pequeno mirante de onde se descortina um vasto panorama", conforme o dicionário Aurélio -, o jovem engenheiro se preocupou em criar condições para que o bairro se destacasse. "Projetamos as vias internas com 15 metros de largura (contando com as calçadas), 4 metros a mais que as outras da cidade", diz. As avenidas teriam 25 metros. "Não é à toa que muitas pessoas vêm de outros lugares para correr aqui", afirma Sinai. O Belvedere I recebeu apenas casas, até porque naquela época prédios eram vistos apenas no centro da cidade. No começo dos anos 1980, chegou o momento de avançar um pouco mais. Com ajuda do arquiteto Ney Werneck, Sinai começou a projetar o Belvedere II, cujas terras pertenciam à família Pentagna Guimarães, dona do banco BMG. A cidade crescia e se diversificava. E os interesses também. "No quarteirão 31 do loteamento já prevíamos um grande centro de compras, o BH Shopping", diz o engenheiro. Na década seguinte, o Belvedere III, cujo terreno também era dos Pentagna Guimarães, brotaria em frente ao centro de compras. Contudo, já seguindo a expansão da cidade, essa parte do bairro que fica do outro lado da avenida Luis Paulo Franco seria predominantemente de prédios. Os empreendedores da época tiveram de enfrentar outra batalha, pois alguns moradores desejavam que a região permanecesse de casas. "Mas quem iria comprar uma casa em frente ao BH Shopping?", questiona Sinai.

Uma das construtoras com forte atuação, sobretudo na terceira fase do Belvedere, foi a Patrimar. O bairro é o que concentra o maior número de empreendimentos da empresa, cerca de 20. "Temos muito orgulho de dizer que participamos da construção do Belvedere", afirma Lucas Couto, diretor de marketing da Patrimar.

Mas, apesar das queixas, o clima de satisfação costuma imperar por lá. O que se escuta é que quem mora no Belvedere não costuma mais largá-lo. A analista de marketing Camilla Grassi, de 27 anos, é um exemplo. Há 16 anos residindo a poucos quarteirões da Lagoa Seca, ela se diz muito satisfeita com a estrutura que o bairro oferece. "Aqui, quero casar e ter filhos. Não saio mais do Belvedere", diz a moça, que já morou em outros bairros da região Centro-Sul da capital mineira.
