Estado de Minas ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE BELO HORIZONTE

Qual seria o presente ideal para BH? Com a palavra, as crianças

Pequeninos contam o que gostariam de levar para a festa de aniversário de 120 anos da capital


postado em 11/12/2017 14:28 / atualizado em 11/12/2017 16:59

Feche os olhos e pense se existe algo mais gostoso que andar por uma cidade arborizada, cheia de sombras, onde os carros param diante da faixa de pedestre e esperam a sua vez de passar. Nessa cidade dos sonhos, o trânsito flui melhor porque o metrô cruza a cidade de norte a sul e tira muitos carros das ruas. Crianças e adultos brincam com segurança nas praças, nas quais há sempre música, espaço para correr, ciclovias e teatro.  Os moradores andam por bairros onde a arte colore os muros, não cruzam com pessoas morando nas ruas e todos têm um trabalho. Nesses 120 anos, Encontro foi ouvir crianças para saber o que a cidade merecia ganhar de presente caso tivesse uma festa surpresa. As ideias surpreendem. Sete meninos e meninas, entre 7 e 12 anos de idade, ressaltam que a capital mineira tem muitas coisas boas, mas também muitas carências. Nas páginas a seguir, elas contam seus planos imaginários para este 12 de dezembro. Neste ano, elas participaram de projetos especiais em suas escolas e conheceram melhor a história da capital, desde o antigo Curral del Rei,  que se desenvolveu em torno da igreja da Boa Viagem, até a construção da metrópole, que hoje tem mais de 2,5 milhões de habitantes. Os desejos mostram não apenas criatividade, mas sabedoria e uma aguçada atenção dos pequenos para os problemas que os cercam.

Fotos: Ronaldo Dolabella
Agradecimento: My Balloon

Paz nas ruas
Lucas Gontijo Cadar, 10 anos
Lucas Gontijo Cadar, 10 anos
Ele queria viver em uma cidade onde as crianças brincam nas praças sem o olhar constante dos adultos, o vento entra pelos vidros abertos dos carros e, nas ruas do bairro, a meninada pode encontrar os amigos. Ah, os muros das casas não precisariam ser tão altos. Mais segurança para Belo Horizonte, esse é o presente que Lucas Gontijo Cadar, aluno do 4º ano do Colégio Santo Agostinho, gostaria de levar para a festa de aniversário de 120 anos da cidade onde nasceu. Além de deixar BH mais segura, Lucas planejou outro presente, dessa vez para uma das regiões que ele mais ama, a Pampulha. Ele sonha em ver a lagoa despoluída. "Gostaria que neste aniversário Belo Horizonte ganhasse uma lagoa limpinha, onde a gente pudesse andar de barco e pescar. Seria muito bom também para os animais que vivem lá." Lucas conta que avós maternos e paternos moram no bairro e que gosta de ir ao Mineirão assistir a seu Galo jogar. Mas não é só o estádio que chama a atenção dele por ali. "Na Pampulha também estão o Parque Guanabara, o zoológico e o restaurante Paladino, três dos lugares que eu mais gosto em BH."

Trilhos para o futuro
Pedro de Figueiredo Souza, 12 anos
Pedro de Figueiredo Souza, 12 anos
Neste ano, em um trabalho da escola, Pedro de Figueiredo Souza, aluno do 6º ano do Colégio Bernoulli, visitou vários pontos turísticos de Belo Horizonte, andou a pé por ruas movimentadas e parques e também conheceu o metrô. Na Estação Central ele embarcou no trem com a turma da escola. Observador, Pedro percebeu que o sistema de transporte público precisa ser melhorado e por isso o seu presente para BH seria um metrô totalmente novo, com estações bem cuidadas, trens limpos, que levam muitas pessoas para vários lugares da cidade. E não é só isso. Em sua pequena lista cabem grandes desejos. Além do trem, o menino gostaria de presentear BH com mais segurança e com uma dose extra de empreendedorismo. "Na cidade poderia ser construído um centro de diversões parecido com o Beach Park, no Ceará", diz. "Assim, muitas crianças poderiam vir passar férias aqui." Fã da cidade onde nasceu, ele considera que o antigo Curral del Rei se transformou em bom lugar para se viver, estudar e fazer amigos. Espaços como o Mineirão, Independência e o Parque Guanabara estão entre seus preferidos.

Sem lixo e com bolo para celebrar
Izabella Sartini, 7 anos
Izabella Sartini, 7 anos
Aniversário de verdade tem de ter bolo e um Parabéns pra Você cantado bem forte  pelos amigos. E é esse  o presente imaginário de Izabella Sartini para sua cidade do coração. Uma festa com um bolo gigante, enorme, do tamanho de uma casa, todo feito de sorvete e com cobertura de chocolate. O bolo seria tão grande que no dia 12 de dezembro todas as crianças da cidade, depois de cantarem parabéns, provariam um pedacinho dessa delícia. "Os mais espertos poderiam chegar no topo e soprar as velinhas, porque por dentro desse bolo teria uma escada secreta." E ela não se esqueceu de arrumar a casa. No dia do aniversário de Belo Horizonte, imagina a cidade sem lixo na rua e todos os prédios com portas e janelas enfeitadas.  A menina, que mora no bairro Cruzeiro, curte ir a pé para o Colégio Santo Antônio, onde estuda. No caminho, vai observando o movimento da cidade e o trânsito. De Londres, onde nasceu, Izabella trouxe outra sugestão de presente para BH, desta vez para melhorar o transporte público: "Ônibus de dois andares. Eles levam mais pessoas, e de cima dá para ver muita coisa."

Felicidade ao ar livre
Hélio Yuiti, 8 anos
Hélio Yuiti, 8 anos
Em Belo Horizonte, um dos espaços preferidos de Hélio Yuiti é a Praça da Liberdade, que fica pertinho da Escola Estadual Afonso Pena, na avenida João Pinheiro, onde ele estuda. Hélio também é fã do Mineirão e do Cruzeiro e gosta de correr na esplanada, em frente ao estádio. Pensando em um presente para a cidade onde ele nasceu, o menino considera que os espaços públicos poderiam ser ainda mais divertidos, com brincadeiras e muita música nas ruas e praças, shows nos parques com artistas que as crianças gostam, teatro ao ar livre, mais lugares para jogar futebol com os amigos e árvores nas quais as crianças possam subir. Mas não é só isso: "Como muitos jogam lixo no chão, seria bom que nesses lugares as lixeiras tivessem placas, ajudando as pessoas a se lembrarem de não sujar a cidade." Curioso sobre o passado, Helio gostaria que Belo Horizonte, em seu aniversário, ganhasse também um "Museu das Comparações", que mostrasse para as crianças coisas do presente e de outros tempos. Ele gostaria de ver, por exemplo, materiais usados nas salas de aula do passado. "Poderíamos conhecer como as coisas eram e  imaginar como vão ser depois." Aos 120 anos, o futuro está mesmo começando para BH.

Para quem não tem onde morar
Catarina Vieira Lana, 9 anos
Catarina Vieira Lana, 9 anos
Catarina Lana mora no Santo Agostinho e costuma andar a pé de sua casa até o Colégio Loyola, onde estuda, no bairro Cidade Jardim. Gosta das ruas arborizadas e com sombras, mas sempre pensa em soluções para o lugar que ama. Catarina tem uma listinha de presentes para BH. Alguns deles são ideias que funcionam bem em outras cidades, a exemplo da ciclovia que viu no Rio de Janeiro. Mas no topo da lista está o presente que ela considera mais urgente: "A cidade deveria construir casas para os moradores de rua. Acho muito triste não ter onde dormir e quando chove é ainda pior." Catarina conta que se preocupa muito com a população que vive nas calçadas. "Sempre vejo os moradores de rua na porta do supermercado e da farmácia. Tem adultos, crianças mais ou menos do meu tamanho e também bebezinhos." Além de casa nova, a menina acredita que uma boa estratégia é conseguir escolas para crianças. "Muitos moram na rua porque não estudaram e não têm trabalho." Mas ela não é só críticas. Para Catarina, Belo Horizonte tem muitos lugares legais, como as praças, a Lagoa da Pampulha e o Parque Guanabara. Mas é claro que com seus presentes a cidade ficaria mais humana e melhor.

Gentileza urbana é...
Laura Magalhães Mesquita, 9 anos
Laura Magalhães Mesquita, 9 anos
Imagine andar em uma cidade de gentileza. Na faixa de pedestre, mesmo sem o sinal luminoso, os carros param para quem está atravessando a rua. Os moradores plantam e cuidam das árvores para melhorar o ar que todos respiram. As fábricas se preocupam com sua fumaça e se esforçam para serem mais ecológicas, reduzindo a poluição do ar e dos rios. No aniversário de Belo Horizonte, esse é o presente que Laura Mesquita deseja para a cidade. Cursando o terceiro ano no Colégio Magnum, Laura estuda no bairro Cidade Nova e nos fins de semana costuma passear por vários lugares de BH, quando observa que os seus presentes seriam ótimos para toda BH. Bem articulada, Laura lembra que há pouco tempo visitou, com sua família, Gramado, no Rio Grande do Sul. Diz que foi de lá que trouxe a ideia de mais respeito às faixas de pedestres e de cuidados com os jardins e áreas verdes. Assim, com mais gentileza, BH terá um feliz aniversário. Afinal, 120 anos, como observa Laurinha, "é muita coisa, hein!"

Sombra e água fresca
Vinícius Daniel Mariani, 8 anos
Vinícius Daniel Mariani, 8 anos
Cidade boa é cidade fresquinha, com ar puro e árvores nas ruas, na calçada dos vizinhos, nas praças e parques. Cidade bonita é cidade com jardins e gramados, sem muros cinzas, colorida, sem pichações. Por isso esse é o presente que Vinícius Daniel Mariani, aluno do segundo ano do colégio Coleguium Internacional, deseja para a cidade. "Eu daria para Belo Horizonte sementes de árvores. Elas vão crescer e dar sombra e frutas", diz. "Além de deixar o ar mais puro, elas fariam com que as pessoas pudessem pegar uma fruta da árvore e ir comendo pelo caminho." Falante, Vinícius conta que conhece bem BH, passeia pelas praças e parques e é fã da Praça do Papa, onde anda de bicicleta. Ele tem observado que a capital mineira precisa de gramados mais verdes e bem cuidados. Para completar esse ambiente perfeito, ele planeja mais cor nos muros e em locais que parecem abandonados. À noite, pela janela do seu quarto, Vinícius gosta de observar as luzes da cidade. "Acho muito bonito." Nesses momentos de inspiração, o menino pensa em um outro bom presente:  "Gostaria que em Belo Horizonte fossem construídas  casas para quem mora na rua." 

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