Sem medo de desafios, na faculdade de farmácia da UFMG, Rafaela fez, de novo, uma escolha importante: iria se dedicar a pesquisas para o desenvolvimento de fármacos, um segmento de importância crucial para a sociedade, mas ao mesmo tempo muito complexo. Geralmente leva-se de 10 a 15 anos, da descoberta de uma molécula até um medicamento chegar ao mercado, além de milhões de dólares em investimentos. Os desafios do mundo da pesquisa nunca a desanimaram. Depois da formatura na UFMG, ela foi direto para um doutorado de cinco anos na Universidade da Califórnia e na sequência para um pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), centros onde desenvolveu e aprofundou sua pesquisa, com foco em fármacos para doenças negligenciadas.
Por sua pesquisa no desenvolvimento de novos medicamentos para doenças como Chagas e a infecção pelo zika vírus, Rafaela levou o prêmio na categoria Química. "Utilizamos técnicas computacionais para desenvolver hipóteses de moléculas que poderiam se tornar fármacos." O Programa para Mulheres na Ciência foi criado há 20 anos e é realizado há 12 no Brasil. É uma iniciativa da multinacional de cosméticos L’Oréal em parceria com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Além de valorizar a pesquisa, um dos objetivos é incentivar a presença de mulheres no setor. No Brasil, a participação feminina chega a 50%, mas no mundo a média é desigual: 70% dos cientistas são do sexo masculino. "Percebo que no Brasil a participação de mulheres aumentou nos últimos 30 anos, mas ainda há desigualdade na progressão da carreira. Os pesquisadores com maior remuneração ainda são homens", afirma. O prêmio chegou em ótima hora. "Estamos em um período de cortes de recursos para a ciência e educação, serão 50 mil reais para serem investidos durante um ano."
Quando não está na universidade, Rafaela gosta de aproveitar o sol nas trilhas da Serra do Cipó. Mas suas aventuras no paraíso ecológico de Minas ficarão mais raras.
- Rafaela Salgado Ferreira, 34 anos
- Nasceu em Belo Horizonte
- Casada
- Professora do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e doutora pela Universidade da Califórnia