

A procura pelos lotes do Buritis, no entanto, não foi tão concorrida como a do Palmeiras. Um dos motivos foi devido à topografia do novo bairro, mais acidentada. "Muitos ficaram interessados, mas, quando o loteamento ficou pronto, poucos assinaram contrato", diz Aggeo. Por outro lado, um ponto positivo para que mais pessoas ocupassem a região foi a abertura da avenida Raja Gabaglia, na década de 1960, que encurtou o caminho entre a área central da cidade e a antiga Fazenda Tebaidas.
Conforme livro da Escola Americana sobre o Buritis, "em 1989, apenas 64 lotes do total de 1135 estavam com projetos implantados ou em processo de implantação". Isso, de acordo com o livro, mostra que, ao contrário do que algumas fontes relatam, na década de 1980 o bairro não experimentava um boom imobiliário. Isso só veio a se concretizar praticamente dez anos depois.

O empresário Mário de Oliveira Prata, de 61 anos, conhece bem a evolução do lugar. Há 17 anos, ele abriu, com um sócio, uma loja de decoração por ali. Mário lembra que, na época, havia nos arredores apenas uma padaria, um depósito de material de construção e uma pizzaria. "Eram muitos lotes vagos. Lembro-me de que chegava a sentir cheiro de alecrim-do-mato quando caminhava", diz o empresário. Entre as vantagens de se viver e trabalhar no bairro, Mário destaca que não é preciso sair de lá para nada, diante do bom leque de comércio e de serviços. "Apesar do trânsito, não sairia daqui. O Buritis é um bairro aconchegante", diz. De fato, não é mais possível sentir o aroma do alecrim-do-mato. Hoje, o que se sente é a vibração da modernidade.
O batismo
O bairro ganhou esse nome devido aos inúmeros pés de buriti na região, certo? Errado. Aggêo Lúcio, um dos filhos de Aggêo Pio Sobrinho, dono da antiga Fazenda Tebaidas, conta que o lugar foi batizado por Ismaília de Moura Nunes, secretária de Planejamento Urbano da capital na década de 1970 e amiga da família. Ela era apaixonada por Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas, obra cujo cenário era repleto de buritis.
Fonte: Censo IBGE 2010
