No final do século XVIII, quando o escritor alemão Goethe lançou Os Sofrimentos do Jovem Werther, em que o personagem principal se mata, a obra foi acusada de causar uma onda de suicídios entre leitores. O efeito contágio que a disseminação de uma notícia do tipo pode causar ficou, então, conhecido como "Efeito Werther". É por isso que casos de suicídio são pouco divulgados pela mídia.
Por tudo isso, mais casos têm vindo à tona. O aumento nos números de suicídios, no entanto, não é só impressão. As estatísticas revelam que a ocorrência desses episódios entre adolescentes e jovens cresce de maneira preocupante não só no Brasil, mas no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já coloca o suicídio como segunda principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. No Brasil, de 2000 a 2015, os casos aumentaram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos e 45% na faixa de 15 a 19 anos - mais do que o aumento na média da população, que foi de 40%. Segundo a mais recente edição do Mapa da Violência (documento realizado com base em dados do Ministério da Saúde), de 2002 para cá, a taxa de suicídio de jovens tem sido consistentemente maior do que a do restante da população, tendo crescido de forma contínua no período pesquisado.
O fenômeno tem gerado atitudes por parte do poder público, como campanhas de prevenção e a recente iniciativa de tornar a ligação para o número de telefone do Centro de Valorização à Vida (188) gratuita em todo o território nacional. Também motivou escolas a abordar o tema de diversas maneiras, como palestras de especialistas para os pais e rodas de conversa com alunos. Os pais, por sua vez, têm sido incentivados a conversar com os filhos e a ficar atentos a sinais de que algo não vai bem, como isolamento, irritabilidade, expressão de ideias ou intenções suicidas e, principalmente, mudança repentina no comportamento do jovem. Na avaliação de especialistas, esse movimento tem sido positivo na intenção de retirar o suicídio das sombras. A grande maioria concorda que falar sobre o tema - de maneira responsável e abalizada - é uma forma de prevenção.
Com o objetivo de contribuir para essa discussão, Encontro convidou cinco especialistas para uma mesa-redonda sobre o tema. "É preciso saber que o assunto é complexo e não há fórmulas prontas", diz a psicanalista e psicóloga especialista em saúde mental Cristiane Barreto, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise.
Com perspectivas e experiências de atendimento diferentes, cada um dos especialistas trouxe uma visão e uma reflexão particular sobre a juventude atual, as dificuldades da sociedade contemporânea, a influência das redes sociais, o papel da escola e as mudanças da dinâmica familiar. E, ainda que tenham opiniões diversas em alguns pontos, todos concordam sobre a importância de os pais estarem, de fato, presentes na vida dos filhos e de buscarem ajuda, quando for o caso. "O suicídio é um comportamento complexo, que deixa muitas interrogações nos sobreviventes", diz Humberto Corrêa. "Sabemos, no entanto, que pode ser prevenido. Se perceber alguém precisando de ajuda, leve-o a um serviço de saúde. Todo aviso deve ser encarado seriamente."
Humberto Corrêa: O porquê desse aumento de casos de suicídio entre jovens é complexo, como tudo que envolve suicídio. É multifatorial. Mas uma coisa que ajuda a entender esse movimento é o laço social. Nós sabemos que, quanto mais laços sociais tem uma comunidade e um indivíduo, menores são as taxas de suicídio. E vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista, mais competitiva, em que adolescentes são treinados para serem executivos desde cedo.
Rosângela Teles: Estamos vendo uma nova dinâmica familiar, em que esses jovens têm pouquíssimo contato com os pais e dificuldade de criar vínculos - porque os filhos estão sempre em escolas ou com babás. E, principalmente, eles tiveram uma infância muito curta. Sabemos que na primeira infância é quando se desenvolve essa estrutura, não só cognitiva mas também psicoafetiva. Nesse sentido, eles têm pouca oportunidade, porque nas escolas só há investimento no desenvolvimento cognitivo. Temos então jovens altamente preparados, extremamente inteligentes, mas muito fragilizados emocionalmente. Tenho uma amiga, psicóloga, que fala da metáfora do psiquismo "casca de ovo", ou seja, que se quebra muito facilmente. E a alta competitividade que existe hoje em dia também. Nas faculdades de medicina, vê-se muito isso… Os alunos têm uma autocobrança, um perfeccionismo… E escutam desde pequenininhos em casa: "aqui só pode nota dez, viu?".
Patrícia Ragone: Os jovens estão despreparados para algumas coisas, como para a solução de pequenos problemas. Porque pensa nessa "saída" do suicídio quem não está conseguindo vislumbrar solução para os problemas. Então, quando você desdobra alternativas com esse jovem, ele sai daquela onda de pensamento adoecido, compulsivo, estreito. Mas os pais devem se questionar se eles mesmos são elementos vivos de esperança, compromissados com a vida. E se passam isso para seus filhos.
Sinais que merecem atenção
Humberto Corrêa: Nos adolescentes, deve-se estar atento principalmente a mudanças de comportamento. O jovem começa a ter um rendimento pior na escola, ficar mais isolado, trancado no quarto mexendo na internet ou irritado.
Rosângela Teles: No meu atendimento, uma das primeiras prescrições que faço é quanto ao sono. Quantas horas você está dormindo? Por que tão poucas? O sono é muito importante. E sem aparelhos eletrônicos no quarto. E os pais têm de ficar atentos. Se os meninos acordam morrendo de sono, se os professores reclamam que ele está cochilando em sala… Isso é um sinal.
Cristiane Barreto: Desses sinais todos que foram ditos, há um que me parece mais importante, que é o aspecto da introspecção, o isolamento, sinais de angústia. E quando você não consegue mais estabelecer com seu filho - ou seu amigo, ou sobrinho - uma conversa em que possa transmitir algo dos seus valores ou até como você fez para atravessar fases difíceis da vida. Isso é importante nesse tempo, e é na adolescência mesmo que construímos uma forma de lidar com nosso pior, que não é eliminável. Ou seja, quando você achar que o isolamento é para além do que devia, esse é um sinal para se fazer presente, oferecer ajuda, palavras.
Humberto Corrêa: Uma coisa que acho importante é dizer que a maioria dos suicidas avisou nos dias anteriores, nas semanas anteriores, para pessoas próximas, sobre aquela intenção.
José Belizário: Todo mundo que nasceu a partir de 1994 é da "iGeneration". Isso é no mundo todo, independentemente de cultura, classe social. São crianças que precocemente entram no mundo digital. Os mais jovens ficam uma média de nove horas por dia nas mídias digitais. Temos então alguns pontos importantes, sendo o primeiro a questão do sono. Os smartphones provocam uma alteração no nosso sono, devido à onda azul de luz que os aparelhos emitem e que inibe a produção de melatonina. Por isso, as pessoas que ficam no celular depois das oito da noite dormem mal e dormem menos. O dia seguinte delas também é pior; elas têm menos seratonina, uma substância muito importante para suportarmos o dia seguinte. Outro ponto importante é que os aplicativos atuais, que envolvem "likes", geram uma alteração no nosso sistema de recompensa. A pessoa passa a querer um retorno rápido e passa a depender da curtição no Instagram, no WhatsApp, para ter uma sensação de recompensa. Usando as mídias sociais o quanto têm usado, meninos e meninas não têm o sistema de recompensa estruturado para suportar as coisas da vida, e pequenas ocorrências os levam a um desespero muito grande.
Humberto Corrêa: Mas quem é que permite que a criança fique tantas horas no celular? Os pais.
José Belizário: Mas as famílias também estão dominadas pela questão da tecnologia… As crianças não querem mais brincar com os pais. Elas vão aos lugares, e lá precisa ter wi-fi. Elas não trocam o celular por brincadeira. Agora, se você tira o celular, se vai para um lugar sem internet, eles brincam, se divertem. Mas com a presença do celular, não. A mídia digital provoca vício.
Humberto Corrêa: Minha filha de 13 anos hoje não vai sozinha para a escola, sendo que moramos a quatro quarteirões dela, por questões de segurança. O que eu digo é: eu não deixo minha filha andar quatro quarteirões na cidade, mas vou permitir que ela navegue na internet sozinha, sem supervisão? Eu falo com ela que o celular dela é emprestado, pois é meu, na verdade. Ela vai usar na hora que eu permitir.
José Belizário: As famílias estão no mesmo barco. Quem deu o celular foi alguém da família, quem usa o celular na frente das crianças são os pais… A grande questão é que, quanto menos eles usarem, mais saudáveis eles vão ser. Quanto mais tarde tiverem acesso, melhor. Quanto mais regulado, melhor.
Humberto Corrêa: A tecnologia é uma grande vantagem, mas temos de saber usar. A questão é o limite. Pais não colocam limites, permitem que as crianças façam tudo. Acho que estamos vivendo uma geração que não tem limite por falta de quem os coloque. Vão crescendo dessa forma e, na primeira frustração que encontrarem, vão desabar.
Tecnologia
José Belizário: Então a solução que eu acho que é viável: insistirmos na importância do sono (pois nossos genes foram preparados para dormirmos cedo e levantarmos cedo) e da atividade física. Essas duas coisas juntas fazem com que nosso sistema de recompensa consiga fazer uma barreira a esses efeitos das mídias sociais. Pois o que vemos são meninos e meninas com sintomas impressionantes de vício e de abstinência quando tiramos o celular deles.
Cristiane Barreto: É claro que existe um excesso, um mundo intoxicado, em que prevalecem as relações de consumo. Mas costumamos demonizar rápido os objetos inventados no mundo contemporâneo. Às vezes os pais têm uma tendência de proibir, de tirar o celular ou o computador como uma primeira resposta, sendo que essa pode ser a única forma de ligação que alguns desses adolescentes têm com o mundo. E em alguns casos o que está em jogo nem é a relação excessiva com esse objeto, mas o tanto que as pessoas ao redor não se perguntam por que essa relação está tão excessiva, por que só há satisfação dessa maneira. A televisão já foi uma discussão em relação às crianças há tempos. A questão não era a criança e a televisão, era não ter nenhuma outra forma de satisfação, e o sujeito abandonado diante dessa solidão, inclusive frente à oferta gigantesca que o mundo fornece atualmente, sem nenhum ponto de orientação… É preciso saber que não há fórmulas prontas.
José Belizário: O que é importante é que essas redes são muito frágeis, não se sustentam enquanto laços. A mídia digital não faz laço, o WhatsApp não faz laço, não é olhar no olho. Claro que não podemos tirar isso do jovem que cresceu assim. Mas é importante limitar. Um famoso colégio de Belo Horizonte vai fazer nas olimpíadas um campeonato de iSports. Isso não é esporte. Não gera endorfina.
Humberto Corrêa: Obviamente, ninguém vai tirar a web da vida dos adolescentes. Faz parte da vida deles, da nossa. Mas acho que tem de haver um limite, porque é potencialmente aditivo. E volto na questão do laço social. Os amigos no Facebook, no WhatsApp, não substituem os amigos reais. Você pode ter mil contatos no WhatsApp, mil seguidores no Instagram, e nenhum amigo de verdade. Eles não são reais: não mostram a realidade. Só colocam as coisas boas, fotos felizes, viajando. Isso não é real.
José Belizário: Outro ponto importante é o bullying, que hoje é muito mais sério, pois acontece em rede, em redes muito mais amplas. Atendi um menino que sofria bullying e hoje mora nos Estados Unidos. Aqui em BH, não adiantava nem mudar de escola, porque no meio social dele o bullying foi se espalhando.
Patrícia Ragone: Antes da internet, das redes sociais, o bullying, quando acontecia, ficava restrito à escola. O jovem ia para casa e tinha uma trégua desse bullying. Hoje, não. Ao contrário, ele se perpetua.
Humberto Corrêa: Então a internet favorece o suicídio de que maneira? Com o ciberbullying, pois sabemos que o bullying aumenta o índice de suicídios (e curiosamente tanto em quem sofre quanto em quem faz). Há ainda sites que incentivam o suicídio. Mas a principal questão é a falta de limites que os nossos adolescentes têm, que não são colocados pelos pais, pela sociedade. Acho incabível deixar um adolescente oito horas por dia na internet.
Família
Patrícia Ragone: A dificuldade do limite, que já era grande, tornou-se ainda mais desafiadora com algo tão sedutor quanto um celular, que coloca o mundo dentro da sua casa.
Humberto Corrêa: A França está em vias de aprovar uma lei que proíbe jovens de até 15 anos de entrar na escola com celular. É um limite. A sociedade falou "Chega. Não pode".
Patrícia Ragone: O grande segredo é como criar esses limites. Como é importante nos reeducarmos. Fizemos lá em casa o que chamamos do "estacionamento do celular", para que tenhamos um tempo em família razoável qualificado. Porque, se nós mesmos não nos percebermos, caímos também no uso excessivo do celular.
José Belizário: Limite não é dado, é copiado. As crianças, até os 6 anos, copiam tudo. Copiam o que os pais fazem. Então tem de ser dado esse exemplo. Não adianta proibir e depois fazer.
Humberto Corrêa: Concordo em parte. Tem coisas que eu posso fazer e minha filha não, porque eu sou adulto e ela é criança.
Rosângela Teles: Um dos pontos essenciais dessa nova dinâmica familiar é a diluição ou em alguns casos o desaparecimento da relação de autoridade. Isso tem reflexos diretos na escola, que acaba tendo dificuldade no trato com os jovens, porque, para seu desenvolvimento, é preciso esforço. Então, quando não se exige esforço do jovem, quando se facilita demais, a pessoa não vê mais o esforço como valor. E por que as famílias não estão fazendo isso? Existem várias teorias, uma delas está inserida nessa cultura consumista em que o ter é mais importante que o ser. Nesse sentido, os pais acham que estão dando o melhor de si à medida que estão fornecendo coisas para seus filhos, em detrimento da presença. Vivemos em uma sociedade de empreendedores, executivos. Nesse modelo, as pessoas têm de se dedicar muito ao trabalho. Os pais chegam em casa esgotados. Não existe tempo, disponibilidade. E há um senso comum, em que distorceram inclusive conceitos da psicologia, de que não se pode frustrar o menino. Há um excesso de tentar sempre manter a autoestima da criança, associando a frustração com sofrimento.
Patrícia Ragone: E como os pais chegam em casa? Tão saturados que os meninos pensam o seguinte: o mundo do trabalho é um mundo que satura, que deprime. Temos de ter cuidado e nos questionar: eu guardo energia para chegar em casa e ter com meus filhos uma relação que me possibilite conhecê-los? Porque o entendimento hoje dos pais de conhecer os filhos passa muito mais por vasculhar e ter a senha das redes sociais do que sentar-se e poder mergulhar no mundo do filho. Antes, os pais eram emocionalmente disponíveis. Hoje temos pais virtualmente distraídos. Falta essa escuta ativa. Não digo que não devamos ter uma delimitação, mesmo combinar de ter acesso à senha. Mas precisamos conhecer os filhos de outras formas. Não necessariamente no grupo de WhatsApp de mães. As mães gastam tanto tempo no grupo de WhatsApp que já chegam para conversar com o filho com base no que viram no grupo, sem perguntar, olho no olho, "o que você tem a me dizer sobre isto?".
José Belizário: Se esses filhos estiverem na mídia digital, não vão conseguir conversar. Se não regularmos o tempo de mídia e o tempo de sono deles, não tem jeito.
Humberto Corrêa: E não é questão de culpar os pais. Os pais estão precisando de ajuda.
Cristiane Barreto: Acredito que precisamos partir do pressuposto de que o mundo sofreu mudanças importantes e sem retorno. Não nos cabe ser nostálgicos. Há uma responsabilidade coletiva que exige, a meu ver, não pensar em crianças adoecidas, por um lado, e pais que precisam de ajuda, por outro. Existe, sim, uma sociedade com formas de se comunicar, de amar, muitas vezes desastrosas. Precisamos nos implicar em construir espaços coletivos respeitando o estilo de cada um.
Patrícia Ragone: Há uma tendência de os pais se cegarem para isso, não acreditarem que isso possa acontecer, e acontece. Quando um menino, em dias quentes, está com capuz, moletom, manga comprida, e o pai achar que é da fase do desenvolvimento… não é. Investigue. O adolescente pode estar se mutilando. A automutilação é fator de risco para o suicídio. Há ainda sinais cognitivos, quando começam a falar "não estou satisfeito", "essa vida não presta". Fazer alguns desapegos materiais é um sinal importante. Quando há mudanças muito bruscas em relação a como se comportavam.. Os pais tendem a achar que é uma manipulação. E esses sinais não podem ser negligenciados. Ainda que o jovem não chegue ao ato em si, ele já está no processo de morrência.
Cristiane Barreto: Quando os pais alegam, com conotação negativa, que o filho está "chamando a atenção", eu inverto isso, pois, se faz algo para chamar atenção, é preciso que o olhar deles esteja ali. Quando falam sobre essa questão de "manipulação", ora, é bom que a pessoa saiba manipular com a linguagem, pois é com ela que se faz laço social. Pensar nas ações de alguém como manipulação, no sentido de má-fé, para se conseguir o que se quer costuma não passar de julgamento moral, que contribui pouco para escutar o que está em questão.
Humberto Corrêa: Se a pessoa usa isso "para chamar a atenção", temos de pensar que ela está precisando de ajuda.
Escola
Rosângela Teles: Como esse é um fenômeno multifatorial, e cada caso tem sua própria complexidade, precisamos também pensar em rede. Além de focar nos pais, temos de observar a escola, que, estrategicamente, tem acesso aos pais e pode contribuir muito. Os professores também têm de estar preparados para lidar com essas subjetividades.
Humberto Corrêa: No ano passado, foi publicado um estudo europeu interessante. Eles testaram abordagens de prevenção de suicídio entre estudantes. No primeiro mês de aula, professores falaram em sala sobre suicídio, ansiedade, depressão, álcool etc. Monitores treinados reuniam-se com alunos para falar desses assuntos, havia cartazes espalhados nas escolas, e cartilhas foram entregues para eles levarem para casa. Isso reduziu durante o ano escolar inteiro o comportamento suicida dos alunos. Ou seja, falar sobre suicídio não aumenta o risco, diminui. Mas tem-se que falar de forma adequada. Um exemplo: outro dia eu vi minha filha estudando ciências, mitocôndrias. Era o detalhe do detalhe do detalhe que, para mim que sou médico e trabalho com genética, não faz a menor falta. Ela estava estudando isso, mas na escola não conversam sobre as emoções, ansiedade…
Cristiane Barreto: A escola tem dever de dizer para o estudante que ele não é só aquilo que parece estar determinado pelo discurso dos pais. Na adolescência ele tem de se desgrudar disso para ser outra coisa. E a escola tem de fazer com que esse desejo e essas descobertas não sejam mortas cotidianamente. Hoje tem sido mais importante discutir detalhes insignificantes nas matérias do que discutir sobre a vida. Não se trata de recusar a conversa sobre o suicídio ou a dor de existir, podemos falar da morte, se isso ronda. E fazer ver, entender, que o suicídio não é uma solução, muito menos a única saída, frente à dificuldade que é viver. A adolescência é um período de travessia difícil, mas não precisa ser trágica. É também nesse período que acontecem encontros que mudam o rumo da vida, por vezes, para melhor.
Em casos de emergência: SAMU 192, UPA, Pronto-socorro, Hospitais
Serviços de saúde: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde
Centro de Valorização da Vida
Telefone 181 (ligação gratuita) ou www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e Voip, 24 horas, todos os dias. Em Belo Horizonte, o posto fica na rua Desembargador Barcelos, 1.286, Nova Suíça (horário: 15h às 23h, diariamente)
Grupo de apoio a enlutados por suicídio (Gaes): gaesufmg@gmail.com (informações e inscrições).