Nada mais natural do que ver João Vitor se envolvendo com a MRV. E ele até que iniciou sua trajetória profissional por lá, como estagiário, em 2002. Mas logo conheceu um outro negócio da família, ainda incipente: a financeira Intermedium.
Começou como estagiário, passou pelas áreas comercial, de investimentos e controladoria até se tornar diretor, em 2008, quando a financeira virou banco. Logo percebeu que a vida de banco pequeno não era fácil. Era preciso crescer. João Vitor conhece algumas plataformas digitais nos EUA e lança a conta virtual Intermedium. Em 2015, aos 33 anos, assume a presidência da companhia e uma verdadeira revolução digital começa a operar. Rebatizado de banco Inter, em 2017, o vento, novamente, sopra a favor.
No começo de 2018, abriu o capital na bolsa de valores brasileira e levantou 722 milhões de reais. Dinheiro que permitiu investimentos em inovação e possibilitou que o negócio desse novos saltos - em poucos meses. Em setembro - bem antes do previsto -, João Vitor e sua equipe festejaram mais um marco: a chegada do cliente de número 1 milhão. E o Inter se consagrava como o maior banco digital do país. O evento, na sede da empresa no Cidade Jardim, teve direito a contagem regressiva, chuva de papel picado e muitos abraços entre os colaboradores. Bem ao estilo efusivo das empresas de tecnologia.
Hoje, 70% dos correntistas têm entre 20 e 36 anos e renda média de 4 mil reais. Cerca de 60% são clientes que trocaram os bancos tradicionais pela experiência digital. O sucesso, segundo João Vitor, pode ser explicado por três razões: o modelo digital (o percentual de brasileiros que utilizam smartphones saltou de 29% em 2014 para 70% em 2017), a plataforma completa de serviços que o banco oferece e, principalmente, a conta totalmente gratuita, sem pegadinhas.
Os planos são audaciosos e a próxima fronteira a ser vencida pode ser a América Latina. João Vitor tem certo, no entanto, que para continuar alcançando resultados expressivos é preciso apostar alto e correr riscos, exatamente como fez, anos atrás, seu pai, Rubens. "No Brasil, as coisas são difíceis", diz. "Além de determinação, é preciso muito amor e paixão para superar os entraves."
Sempre bem-humorado e sereno, João Vitor não usa gravata e chama a atenção pelo jeito simples de ser e de tratar. Casado há 10 anos com a médica Daniela Salles, é pai de Bárbara, de 6 anos; Eduarda, de 5; e do caçulinha João Vitor, de 3.
Pratica tênis e golfe. Mas curte mesmo, além do time do coração, o Atlético Mineiro, os momentos com os amigos (reserva as sextas-feiras para almoçar entre eles) e as reuniões familiares (quase todos os fins de semana).