Estado de Minas EDUCAÇÃO | LÍNGUAS

Escolas de idiomas apostam em novas tecnologias para acelerar ensino

Realidade virtual, gameficação e aulas compartilhadas com estudantes de outros países estão entre as novidades


postado em 21/02/2019 17:41 / atualizado em 27/02/2019 15:28

Flávia Fulgêncio, diretora acadêmica do Green System:
Flávia Fulgêncio, diretora acadêmica do Green System: "O professor nunca será substituído, mas o modo de ensinar está sempre mudando" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Quem estudou inglês há 15 anos ou mais deve se lembrar de aparatos como slides que projetavam imagens na parede, fitas cassete, disquetes e dos CDs. Dessas antigas ferramentas - que a geração youtuber praticamente não conheceu - para a realidade virtual, o mundo deu um salto rápido. Na sala de aula, a tecnologia divide espaço com o professor e atrai a atenção dos milleniuns e dos alunos mais velhos. Conectados, eles podem aprender até à distância, com um professor de outro país. As novidades vão de lições em forma de jogos a conceitos atuais como a cultura maker, que leva os pequenos a colocar a mão na massa. A intenção é deixar o aprendizado mais interessante e acelerar os resultados.

Na Cultura Inglesa, as lousas interativas chegaram às salas de aulas há uma década, promovendo uma convergência de mídias. O celular é usado como ferramenta para comunicação entre escola, alunos e pais, além de favorecer o acesso a diversos aplicativos em que os conteúdos são explorados virtualmente. Agora, a parceria da escola com a plataforma Google for Education permite atividades como a produção de portfólios virtuais. "Procuramos estudar muito bem cada tecnologia antes de usá-la para garantir que as escolhas tragam de fato benefícios reais aos nossos alunos", diz Bruno Horta, professor e coordenador de tecnologia da Cultura Inglesa.  Projetos como a realidade virtual e aumentada também estão em andamento na escola, assim como trabalhos que utilizam vídeos criados e editados pelos próprios alunos. "Antes, na sala de aula, usávamos uma foto da Tower Bridge, em Londres. Depois, o aluno passou a ver um vídeo", conta. "Com a realidade virtual, eu coloco o estudante diante da Tower Bridge. Ele vai até lá, volta e me conta tudo o que viu."

Bruno Horta, coordenador de tecnologia da Cultura Inglesa:
Bruno Horta, coordenador de tecnologia da Cultura Inglesa: "Antes o aluno via uma foto da Tower Bridge. Depois, foi a vez do vídeo. Agora, ele vai até lá durante a aula" (foto: Samuel Gê/Encontro)
A tecnologia também funciona como um assistente que apoia o aluno na fixação dos conteúdos. Esse é o caso da plataforma Wiz.Me, da Wizard Idiomas. A ferramenta não só funciona para revisões da lição, mas ajuda o aluno mostrando a ele os pontos nos quais precisa trabalhar mais. A Wiz.Me dá um feedback completo sobre a pronúncia do estudante, monitora sua rotina de estudos e elabora exercícios personalizados. "Utilizamos a inteligência artificial para ajudar na fixação do conteúdo, acelerando o aprendizado", diz Carla Attilia Longobucco, diretora pedagógica da Wizard BH, na Savassi. Outro dispositivo que agrada muito, principalmente ao público infantil e adolescente, é a caneta tecnológica. Uma espécie de caneta falante, o equipamento leve e fácil de carregar repete em áudio todo o conteúdo do livro, basta que ela seja posicionada sobre as frases. Existem também os "adesivos falantes", que repetem palavras ao serem tocados pela tal caneta. Eles podem ser colados em várias partes da casa para afiar a pronúncia. "Dessa forma, ao mesmo tempo que treina a audição, o aluno pratica a fala correta", afirma Carla.

Antigamente, os diálogos reproduzidos em gravadores com foco na memorização ensinavam muita gente. Mas o tempo mostrou que para falar com fluência é preciso ter a vivência do idioma. Por isso, a partir das décadas de 1980 e 1990 o ensino passou a focar na produção da linguagem. As redes sociais, as últimas notícias dos jornais, o vídeo interessante postado no YouTube ou uma história do Instagram são conteúdos da sala de aula, conectada à realidade e ao dia a dia do aluno. "A intenção é que por meio da vivência e da experimentação o estudante aprenda o idioma. Hoje a tecnologia é uma ferramenta indispensável", diz Flávia Fulgêncio, diretora acadêmica do Green System. Solução de problemas da língua por meio de jogos, visitas guiadas pela realidade virtual e trabalhos com utilização da realidade aumentada estão na rotina dos alunos da escola. "Hoje os nossos investimentos em tecnologia e formação de professores são enormes e constantes. O professor nunca será substituído, mas o modo de ensinar está sempre mudando."

Carla Attilia Longobucco, diretora pedagógica da Wizard BH, na Savassi:
Carla Attilia Longobucco, diretora pedagógica da Wizard BH, na Savassi: "Utilizamos a inteligência artificial para ajudar na fixação do conteúdo, acelerando o aprendizado" (foto: Samuel Gê/Encontro)
A tecnologia também estimula as brincadeiras. No DigiWorld, plataforma digital criada pela escola Red Balloon, a criança explora conteúdos na língua inglesa em um jogo que lembra o conhecido RPG. A criança ganha recompensas virtuais a cada resposta correta. A plataforma é apenas uma das novas metodologias utilizadas pela escola, que foi criada há 50 anos, já com o foco específico em crianças e jovens de 3 aos 16 anos. Outra metodologia da Red Balloon é a cultura maker, em que a criança usa peças de Lego e robôs para aprender. "De casa, o aluno pode acessar todos os jogos desenvolvidos pela escola", diz a coordenadora pedagógica Quilla Moura.

"A tecnologia, que está tão presente no mundo dos nossos alunos, trouxe um espaço ilimitado para a prática do idioma", observa Patrícia Viana, franqueada da unidade Mangabeiras da Number One. Uma das novidades da escola são aulas com o uso de multimídias em que os estudantes de vários níveis dividem o mesmo espaço. "Com a ajuda da tecnologia e do professor, eles preparam aulas e ensinam. À medida que ensina, o aluno também aprende", afirma.

Quilla Moura, da Red Balloon:
Quilla Moura, da Red Balloon: "No smartphone o aluno pode acessar todos os jogos desenvolvidos pela escola" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Algumas escolas garantem que, apesar do investimento em tecnologias, a essência do método utilizado continua a mesma. É o caso da Berlitz. "Acreditamos que a melhor forma de aprender é com pessoas e a partir de pessoas", diz Luiz Chantre, gerente de treinamento e desenvolvimento. Presente em vários países do mundo, a Berlitz oferece a seus alunos várias plataformas digitais customizadas. Uma das possibilidades é a educação a distância, que permite ao aluno se conectar com grupos de todo o mundo. São salas de aula abertas para discussões de diversos temas, de hobbies a profissões. Com o uso de inteligência artificial, o aluno também consegue ler um artigo específico e criar um exercício do conteúdo transformado em atividade.

Os alunos aprovam os novos métodos. A dentista Cleide Bicalho decidiu estudar inglês para aprimorar sua comunicação com estrangeiros. "Tenho um vocabulário rico porque viajo muito, mas precisava melhorar a gramática." Cleide, que retomou os estudos em janeiro, em um curso de verão, está animada. "As novas ferramentas fizeram o estudo ficar mais gostoso." No fim do ano ela pretende viajar para a Irlanda e tem um objetivo: "Quero interagir melhor com as pessoas do lugar, fazer amigos." A estudante de química Amanda Siqueira também está se dedicando porque pretende fazer uma especialização fora do país. Para além dos aparatos digitais que tornam o aprendizado mais rápido, ela gosta de extrapolar. "Sempre escuto conferências do TED Talks para melhorar minha compreensão." Seja qual for a tecnologia, o fato é que as novas ferramentas vieram para colaborar para a aprendizagem, mas não há mágica. Para fazer a fórmula dar certo, a dedicação de dois personagens continua indispensável: teacher and students.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação