
As fases de sono preferenciais variam consideravelmente na população, desde o extremo matutino (que dorme e acorda cedo) até o vespertino (dorme e acorda tarde), passando por várias faixas intermediárias. O mecanismo que controla o sono é multifatorial, mas sabe-se, hoje que boa dose dele é genética. "Mais recentemente, tem-se descoberto, inclusive, quais são os genes que atuam no processo", explica o neurologista e neurofisiologista clínico Guilherme Marques, pesquisador do grupo de medicina do Sono da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.

O professor de teatro Fernando Linares, de 60 anos, sempre teve perfil vespertino. Atualmente, chega das aulas na Escola de Teatro Universitário da UFMG por volta das 11h da noite. Nesse horário, ainda não pensa em dormir: costuma ir para seu ateliê, onde trabalha até por volta das 4h, em plena madrugada. Só aí vai deitar-se. Idealmente, acorda no fim da manhã - quando a maioria das pessoas já está de olho no almoço -, mas nem sempre é possível. "Às vezes, tenho alguma reunião ou ensaio", diz. Se, atualmente, esses compromissos da manhã são menos comuns, eram frequentes na época da graduação, quando as aulas começavam às 7h. "Esse período foi bastante sacrificante", conta. Sua sorte, diz, é que não precisa de muitas horas de sono para se sentir descansado.

Segundo o neurologista Igor Levy, a falta de um sono adequado pode contribuir para o desenvolvimento do Alzheimer. "Pesquisas recentes mostram um aumento da proteína Tau em cérebros de pessoas com diminuição do sono não-REM (uma das fases do sono)", diz. "Acredita-se que o acúmulo dessa proteína no cérebro seja uma das causas da doença de Alzheimer." Independentemente do horário preferido, Levy reforça que é indicado ir para a cama e acordar na mesma hora diariamente. Além disso, lembra a importância da higiene do sono: recomenda evitar cafeína e outros estimulantes a partir do fim da tarde, praticar exercícios físicos (preferencialmente pela manhã), tirar a televisão do quarto e, caso o sono não venha após 20 minutos tentando, ir para a sala e ler ou ouvir música até ficar com sono. Nada de ficar revirando na cama.
Clique aqui para ampliar a imagem abaixo e fazer um teste para saber qual é o seu padrão de sono natural
Clique aqui para ampliar a imagem abaixo e fazer um teste para saber qual é o seu padrão de sono natural
*Leia também na edição impressa (nº 217) de Encontro