Apesar da avidez, Alexandre tratou de acalmar o time de funcionários. "Um dos maiores ativos que percebi estava na equipe, muito bem formada e estruturada", afirma. "Quero mantê-la e até trazer novas pessoas." Para ele, a crise do mercado imobiliário ficou para trás e por isso mesmo quer lançar logo novos produtos para atrair os compradores que estavam retraídos. O mercado também parece ter visto com bons olhos a aquisição. "O Alexandre é muito discreto, mas um empreendedor fantástico", afirma Amarildo Oliveira, sócio-diretor da incorporadora Minas Brisa, que está construindo dois empreendimentos em parceria com a Caparaó. "Para o mercado imobiliário foi uma excelente novidade."
O flerte entre Alexandre e o fundador da Caparaó, Ney Bruzzi, de 90 anos, começou exatamente no planejamento do 777, há dois anos, quando o edifício era só um sonho, Alexandre procurou a Caparaó para construí-lo. Foi galanteador: "Será o nosso melhor produto e para isso buscamos a melhor construtora", disse Alexandre, que conhecia Ney Bruzzi de nome e fama, mas nunca tinha estado com ele. "O doutor Ney era referência para mim em seriedade, envolvimento e compromisso", diz. O antigo dono e fundador da Caparaó, dr. Ney (como é chamado na empresa e, respeitosamente, por Alexandre) continuará indo diariamente na companhia, onde manteve sua sala na sede da empresa, na Savassi, e passa a ocupar o cargo honorífico de presidente do conselho administrativo. Trata-se de uma homenagem, uma gentileza feita pelo novo controlador ao fundador da Caparaó, marca que se tornou sinônimo de excelência e elevadíssimo padrão de qualidade, desde quando foi fundada, há 62 anos.
"Ao longo de todos esses anos, o Brasil passou por várias transformações, muita coisa mudou, principalmente no que se refere à evolução da tecnologia e da forma de construir", diz Ney Bruzzi, numa clara demonstração de que sentia necessidade de rejuvenescer a empresa que fundou, para torná-la perene.
Solteiro e sem filhos, o belo-horizontino Alexandre diz que só não está com novos prédios na cabeça quando sai de moto para fazer trilhas. Planeja suas viagens mundo afora pensando em que edifícios vai visitar – para isso, conta com o apoio da namorada, que é arquiteta. "Tem gente que viaja e gosta de conhecer museus. Eu gosto de visitar prédios", afirma. Procura ir todos os anos à feira de Milão, um dos mais importantes eventos de design e arquitetura do mundo, e acha que o design de Miami é o que mais se assemelha ao nosso. Mas, mesmo em destinos mais exóticos, continua sua busca incansável por ícones da arquitetura. Em um roteiro na Ásia, incluiu uma parada em Singapura só para conhecer o hotel Marina Bay Sands, famoso pela piscina de 150 metros e que fica a 200 metros de altura, no topo do arranha-céu. Alexandre já visitou o prédio mais alto do mundo, em Bangkok, na Tailândia, para ver o restaurante do "rooftop"com vista para a cidade iluminada. "Eu gosto de observar símbolos lá de fora, para servirem de inspiração para o que podemos fazer aqui", diz.
Ney Bruzzi foi, ao longo dos últimos anos, mais do que um construtor. Tornou-se um exemplo de empreendedorismo e paixão pelo que faz. Trazia consigo um mantra, repetido exaustivamente nos corredores da Caparaó: "Domani è un altro giorno" (amanhã é outro dia, em italiano). Agora, sob a liderança de Lodi, um outro apaixonado pela construção, o amanhã da Caparaó será necessariamente outro. E ele avisa: "O nosso amanhã será sempre um dia longo, mas ensolarado". Torcida é que não falta para ver esse sol voltar a brilhar.
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