O arquiteto Marco Reis usou o papel para integrar o mezanino de uma cobertura: "Vale tudo. A criatividade não tem limites" - Foto: Alexandre Rezende/EncontroOs papéis de parede tornaram-se os queridinhos e aliados dos
arquitetos e
designers na hora de renovar a
casa. Lisos, geométricos ou com estampas nada discretas, eles têm o poder de mudar em poucas horas a cara de qualquer ambiente. Alguns têm efeitos tridimensionais e muitos levam a assinatura de estilistas, como Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer, e de designers conhecidos, como Marcelo Rosembaum. Muito popular nos anos 1960 e 1970, o
papel é usado, hoje, em diversos ambientes, desde lavabos a quartos, salas e mesmo em projetos comerciais. E não ficam restritos só às
paredes. São aplicados até mesmo no teto e no piso. A inspiração é infinita: pode ser com tecidos nobres, como seda e linho, e desenhos inusitados. Os vinílicos são mais grossos, resistentes e têm camada de PVC.
O
arquiteto Marco Dias Reis sempre tenta usar o
papel de parede em seus projetos.
"Hoje, existe uma infinidade de padrões e não há limites para ousar", diz. Ele ajuda a dar personalidade ao projeto e cria atmosfera única aos ambientes. Está cada vez mais tecnológico, com efeito 3D e com tecidos nobres. "E é atemporal", diz Marco. Em um mesmo ambiente é possível mesclar diferentes tipos de papéis. "Podemos criar os famosos patchworks com estampas geometrizadas. Vale tudo. A criatividade não tem limites", afirma. Para o
arquiteto, além de o projeto expressar a personalidade do dono da
casa, é importante que as cores escolhidas "conversem entre si", para o ambiente não ficar caótico e cansativo.
Estampa que imita tijolinho à vista: opção descolada de apartamento na Savassi - Foto: Uarlen Valério/EncontroNo
apartamento de cobertura da agropecuarista Luci Vilela Junqueira, Marco optou por usar um
papel de parede preto com arabescos em dourado, de forma a integrar o mezanino. "Eu quis destacar a parede, que é a primeira coisa que vemos ao abrir a porta do
apartamento", diz. Luci aprovou: "Ficou um contraste bonito com as
paredes e os sofás coloridos, além de integrar o ambiente de cima com o debaixo".
O produto é prático, fácil de instalar e ainda tem bom custo-benefício. "É possível repaginar a
casa inteira sem barulho, sujeira e em poucas horas", afirma Carlos Eduardo Côrrea Maciel, proprietário do Personalize Seu Ambiente, empresa de
papel de parede autoadesivo e
plotagem. A durabilidade é elevada: cerca de oito anos nas áreas internas, e de quatro, nos ambientes externos, em função da maior exposição ao sol e à luminosidade.
A limpeza é tranquila e basta um pano úmido ou detergente em bucha macia. Em áreas abertas, como os jardins, ou em banheiros, é indicado com acabamento vinílico ou emborrachado. Na Personalize, há cerca de 1,5 mil opções de estampas, desde geométricas a imitações de pedras, madeira, tijolo e mármore. Para identificar que o material não é real, é preciso passar a mão, tamanha a semelhança.
Projeto de Ana Lívia Werdine: nos quartos, a arquiteta prefere usar papéis mais suaves, com leve brilho e menos informação - Foto: Henrique Queiroga/DivulgaçãoO
papel de parede com imagem de tijolinhos à vista foi a opção adotada pela empresária Flávia Cota para a sua sala de jantar, que tem 8,5 metros de largura e 3 metros de altura, em seu
apartamento na Savassi. O imóvel é antigo e ela queria lhe dar um ar mais rústico e ao mesmo tempo moderno. Para compor a sala, optou por uma sofisticada poltrona Charles Eames. "Adorei o resultado. Ficou despojado e aconchegante", diz Flávia.
A
arquiteta e
designer de interiores Ana Lívia Werdine prefere usar estampas mais marcantes em locais menores e de pouca permanência, como lavabos e hall de entrada. Em salas e quartos, faz a opção por papéis mais suaves, com leve brilho e menos informação. "Assim, o
papel de parede agrega sofisticação e pode dar aconchego", diz.
E é possível brincar com as cores e imagens de várias formas. "Podemos usá-lo em uma parede e deixar a outra lisa. Ou conjugar dois tipos de papéis diferentes e da mesma coleção no ambiente", diz.
O papel de parede roubou a cena na decoração da loja de roupas femininas Lola, em Lourdes: o projeto, de Ivana Seabra e Bruno Vianna, levou o item ao salão principal, ao lavabo e ao trocador - Foto: Uarlen Valério/EncontroÉ possível, ainda, fazer uma harmonização de
estampas do
papel de parede com colchas, tapetes, almofadas e cortinas. Pode ser usado também em portas de armários, por exemplo. "Com a tinta conseguimos diferenciação de cores, mas não de texturas", afirma a
arquiteta Ivana Seabra, do escritório Vise Arquitetura. Mas, para não errar na composição e escolha do lugar que será destacado, a orientação de um profissional é importante. "Quando tem muita estampa envolvida, é bom ter uma base mais neutra para neutralizar e equilibrar o ambiente", diz.
O papel de parede nas tonalidades rosa e bordô roubou a cena na decoração da loja de roupas femininas Lola, em Lourdes. O projeto, de Ivana Seabra e de seu sócio Bruno Vianna, levou o item no salão principal, no lavabo e no trocador. No lavabo, entrou em sintonia com a bancada clássica e em contraste com a cadeira com estampa de onça. Tudo planejado com harmonia e equilíbrio. "Como são ambientes nos quais as pessoas não permanecem tanto tempo, ousamos ao colocar papel em todas as paredes", afirma Ivana. Quando o papel é usado em ambientes que costumam molhar, ela aconselha o rodapé, para evitar o desgaste. Em áreas comerciais ou residenciais, opções não faltam para os papéis e o céu é o limite.
.