O primeiro sinal concreto dessa nova realidade foi dado no fim de outubro, quando a Fiat, líder de mercados de minicarros com o Panda e o 500, revelou estar pensando em rever seus modelos de entrada porque as regras mais duras de emissões elevam demais seus custos de desenvolvimento. O CEO da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) disse que o fabricante planeja "levar" seus clientes do segmento de minicarros para o segmento "B", de subcompactos. "Em um futuro muito breve, iremos voltar o nosso foco para esse segmento de maior volume e maior margem, e isso representa o afastamento do segmento de minicarros", disse Michael Manley, durante a reunião de apresentação dos resultados do terceiro trimestre da FCA na Europa.
A terceira geração do Panda foi lançada em fevereiro de 2012 e suas vendas cresceram 15% no primeiro semestre, atingindo 105.534, segundo análise de vendas por segmento da publicação Automotive News Europe. O custo de renovação do 500 pode ser muito caro para atender as próximas regras de emissão na Europa. No terceiro trimestre deste ano, o prejuízo da FCA na Europa foi de 55 milhões de euros (61 milhões de dólares). Manley revelou que os "desafios comerciais" da Fiat na Europa partem de uma exposição muito alta ao segmento de minicarros, de pouco margem de lucratividade, além do fato de serem carros de uma linha que tem a média de idade mais alta da indústria.
A planejada fusão da FCA com o grupo PSA daria à Fiat acesso à plataforma comum modular, utilizada pelos mais recentes carros do grupo, como o novo Peugeot 208 e o Opel Corsa. Esses carros têm versões de motorização elétrica e também versões com motor a combustão interna.Entre os analistas do setor, há quem duvide que a Fiat abandonará completamente o segmento dos minicarros. Felipe Munoz, da Jato Dynamics, acha que a Fiat poderá melhorar o conteúdo e aumentar um pouco as dimensões do 500 e do Panda "para que possam fazer parte do segmento de compactos". Outra possibilidade seria replicar a fórmula 500 hatchback com um carro um pouco maior. "O Lancia Ypsilon, que é vendido como um carro pequeno, apesar de utilizar a mesma plataforma mini do Panda, é um exemplo de como isso poderá ocorrer", disse Munoz.
Outros fabricantes estão repensando suas estratégias para os carros compactos. A Ford e a Opel já abandonaram o segmento de minicarros. A Ford parou de importar para a Europa o Ka%2b, fabricado na Índia, e a Opel abandonou os modelos coreanos Karl e Adam. Na Volkswagen, executivos revelaram à boca pequena que o fabricante alemão está se preparando para tirar de linha as versões com motor a combustão no minicarro Up, o que certamente significará o desaparecimento também do Seat Mii e do Skoda Citigo, com motor a gasolina.
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