Concursos de beleza não fazem tanto sucesso quanto antigamente. Não causam mais frisson e estão longe de parar o país. E mais: os padrões de beleza exaltados em eventos do tipo vêm sendo questionados. Apesar de todos esses senões, as disputas ainda existem. E deve-se louvar quem decide dar outros contornos às competições do gênero. Foi o caso da juiz-forana Júlia Horta, de 25 anos. No início de 2019, ela foi coroada como Miss Brasil, título que carimbou seu passaporte para o tão sonhado Miss Universo, em Atlanta (EUA), no início de dezembro. Júlia, que é jornalista e influenciadora digital, ficou entre as 20 mulheres mais bonitas em um concurso que reuniu 90 modelos do mundo inteiro. A almejada coroa ficou com a sul-africana Zozibini Tunzi, de 26 anos.
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Perfil:
Júlia Horta, 25 anos
Júlia Horta, 25 anos
- Nasceu em Juiz de Fora (MG)
- Solteira
- Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora
- Miss Brasil 2019
Em 2019, Julia foi bem mais que um rostinho bonito. Em meio aos holofotes da mídia, entre sorrisos, poses e desfiles, sempre fazia questão de tocar em temas nada glamurosos ou supérfluos. Ela alertou sobre os índices alarmantes da violência sofrida pelas mulheres, os registros de feminicídio, o machismo, além de levantar a bandeira da sororidade, que representa a união de mulheres em prol de objetivos comuns. Durante o Miss Universo, Júlia apresentou ao mundo uma fantasia inspirada na jogadora de futebol Marta, eleita seis vezes a melhor do mundo.
Além das entrevistas ou tradicionais arguições durante os concursos, Júlia usou bastante o poder das redes sociais para empoderar as mulheres. No Instagram, aplicativo de compartilhamento de vídeos e de fotos, a mineira reúne quase 600 mil seguidores. Foram incontáveis posts e vídeos revelando a sua rotina de Miss, além de externar o seu maior propósito. "Nós temos o potencial de causar a maior revolução de sororidade desse mundo", disse, logo após receber a coroa de a mais bela do Brasil. "Não ganhei esse título só para mim. Eu quero mesmo é fazer a diferença", acrescentou.
Diferentemente de muitas garotas que desde criancinha sonham com as passarelas, Júlia começou a participar de eventos da área bem mais tarde. Ela sempre gostou de assistir a desfiles pela TV, mas acreditava que aquele universo não era para ela. Sua infância foi igual à de muita gente. Brincou e aprontou todas. "Nunca fui uma menininha delicada", diz.
O primeiro concurso, portanto, veio aos 19 anos, no fim de 2014, quando atendeu ao chamado do coordenador do Minas Gerais CNB, evento de beleza de Juiz de Fora. Antes de aceitar o convite conversou com sua mãe, Patrícia Horta. "Disse a ela que a rotina poderia mudar de maneira drástica", conta a professora de gestão de pessoas. "Mas eu quero que mude", respondeu a filha. Assim, Júlia subiu na passarela e ganhou sua primeira faixa. Em 2015, participaria de outro, o Miss Mundo CNB, mas terminou em quinto lugar. Dois anos depois, na mesma disputa, ficou em terceiro. No Reinado Internacional do Café, na Colômbia, foi a vice-campeã, e no Miss Turismo Internacional, na Malásia, terminou em quinto.
Após o Miss Universo, a sensação foi de missão cumprida. "Eu fiz o que vim fazer aqui, mandei minha mensagem para o mundo e espero que ela tenha sensibilizado muita gente." Ela foi uma batalhadora pelos direitos das mulheres e contra a discriminação e violência. Não levou o título mundial, mas imprimiu seu nome na história dos concursos de beleza, e de forma diferente.