Mineiros do Ano 2019 | Rommel e Rodrigo Domingos

No início de dezembro, a calmaria nos corredores da unidade de Lourdes do Bernoulli era sinal do começo das férias. Alguns adolescentes ainda se reuniam em grupos de estudos no lounge, enquanto outros descansavam pelos sofás. Presença comum entre alunos, os irmãos Rodrigo e Rommel Domingos, fundadores do colégio, chamavam a atenção naquela tarde. "O Rommel está diferentão", comentou, com olhar curioso, uma estudante. O motivo era a roupa mais formal do diretor, que também é professor de física e matemática. A indumentária tinha razão de ser: naquele dia, ele iria posar para a foto que está na página ao lado. Pode-se considerar que em 2019 o Bernoulli foi nota 10, com louvor. O colégio ficou, pelo 13º ano consecutivo, no primeiro lugar entre as escolas de Minas no ranking do Enem. Os diretores inauguraram o Bernoulli Go, para alunos dos primeiros anos do ensino fundamental e da educação infantil. Investiram ainda 3 milhões de reais em uma sede administrativa no bairro Santa Lúcia.

> Leia mais: Saiba quem foram os mineiros que se destacaram em 2019, eleitos pela revista Encontro

A nova escola, no bairro Santo Antônio, nasceu com o propósito de reunir conceitos inovadores em educação. Além do bilinguismo, traz soluções de ensino e aprendizagem modernas, em que a experiência real e a mão na massa são motores do conhecimento para crianças de 4 a 11 anos.  "Quando observamos a felicidade dos nossos alunos em conviver, em descobrir, em crescer, vemos que estamos no caminho certo", diz Rodrigo. "O caminho para o conhecimento deve ser muito  prazeroso." O sucesso foi absoluto. Em 2020, o número de estudantes na unidade já salta de 400 para 600 crianças.

Desde que foi fundado, em 2000, o Bernoulli pode ser reconhecido naquilo que é o grande mantra de seus fundadores: "Sonhar, desejar e conseguir". Rodrigo e Rommel se declaram apaixonados pela capacidade de aprender do ser humano. "O Bernoulli não é colégio para gênio, é um espaço de alto desenvolvimento humano, para quem é curioso e se sente interessado em descobrir como funciona o mundo", diz Rommel. Foi esse interesse que fez nascer a semente da escola. O primeiro passo desse grande projeto ganhou força no bairro PTB, em Betim, onde na adolescência os irmãos davam aulas particulares. Autodidatas, eles estudaram em escolas públicas, e muitas vezes à luz de velas. Não faz tanto tempo assim, mas na casa simples onde moravam não havia luz elétrica.

A quantidade de alunos cresceu e os irmãos alugaram uma sala no centro de Betim. Isso até que Rodrigo, o mais velho, foi aprovado, aos 16 anos, no concorrido vestibular do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos (SP). Depois foi a vez de Rommel seguir a trilha. Lá eles encontraram o baiano Paulo Ribeiro, com uma trajetória muito parecida. Pronto. Em 2000, os três engenheiros abriam o primeiro cursinho pré-vestibular.

Além de manter-se na ponta do ranking do Enem, o colégio é líder no vestibular do ITA desde 2000. De lá para cá foram 160 estudantes aprovados. O sucesso em aprovações vem dando frutos. Em 2020, o número de alunos nas mais de 500 escolas que utilizam o método Bernoulli de ensino irá saltar de 110 mil para 150 mil. "A maioria dos seres humanos tem uma grande inteligência, mas o que vai definir a sua capacidade de aprender são seus interesses", diz Rommel. O desafio é fazer os estudantes repetirem o mesmo mantra dos fundadores: sonhar, desejar e conseguir.