Ele mergulha, desloca-se na água com rapidez, mira e dá um tiro certeiro. Desde a juventude, Virgílio Gibbon, de 44 anos, pratica pesca submarina com o uso de arpão, um exercício de força, coragem, raciocínio rápido e resistência. Características que lhe garantem bom desempenho não só no esporte, mas também à frente da arrojada Afya Educacional, companhia especializada em cursos de medicina que, em julho de 2019, levantou 300 milhões de dólares na Nasdaq, a bolsa de valores americana que lista empresas de tecnologia. "Temos 1 bilhão de reais em caixa para aquisições nos próximos dois anos", diz ele. As ações da Afya abriram a 19 dólares, mas, ao longo do ano, chegaram a bater em 34 (uma variação de 80%).
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Perfil:
Virgílio Gibbon, 44 anos
- Nasceu no Rio de Janeiro (RJ)
- Casado, 2 filhas
- Economista pela PUC-Rio. Nos Estados Unidos participou de cursos para formação de executivos na Universidade de Stanford, Califórnia
- Presidente do Grupo Afya
Ainda que longe do oceano, em 2016, Virgílio deu um tiro certeiro quando deixou o cargo de diretor de operações no grupo de educação Estácio, no Rio de Janeiro, e se mudou para Belo Horizonte, onde fica a sede da Afya, maior grupo de educação médica continuada do país. Junto com a mulher e as duas filhas, o executivo se adaptou bem às montanhas mineiras e comemora o bom humor do mercado. O grupo fecha 2019 com 13 instituições de ensino - cinco em Minas. Até 2021 serão abertas outras sete. No Brasil inteiro, há mais de 18 mil alunos.
A Afya, que significa saúde e bem estar em swahilli, dialeto africano, nasceu da junção da NRE Educacional, grupo de faculdades de medicina fundado pelo casal de médicos de Barbacena Nicolau e Rosângela Esteves, com o fundo de investimento Bozano, este ano transformado em Crescera. A Afya investe na formação do médico desde a graduação, oferece cursos preparatórios para as disputadas residências médicas e até as especializações feitas ao longo da carreira. Suas soluções digitais são licenciadas para outras instituições de ensino. "A proposta de nossa plataforma é que, com o apoio da tecnologia, cada aluno possa ter uma formação individualizada, corrigindo suas dificuldades, um apoio imenso para a formação do médico", diz Virgílio.
Entre as propostas do grupo está a interiorização dos cursos de medicina. No Brasil, mais da metade dos médicos está nas capitais. É essa disparidade que a Afya quer ajudar a corrigir. Nessa direção, Virgílio caminha rápido. Quando chegou em Minas, ele trabalhava praticamente sozinho em uma sala comercial. Hoje, comanda mais de 5 mil funcionários e ocupa ampla e sofisticada sede no Vila da Serra.
Virgílio é atraído por desafios, no trabalho e no esporte. O maior peixe já capturado por ele lhe exigiu quatro minutos e meio de apineia submarina. O impressionante marlim, de 250 quilos, alimentou moradores de uma ilha inteira, em Bora Bora, na Polinésia Francesa. Quem leu O Velho e o Mar, clássico de Ernest Hemingway, deve se lembrar da luta travada por Santiago ao fisgar um marlim gigante. As ferramentas que o ajudaram na batalha foram a força, a coragem e os bons sentimentos. "Além de levarmos a educação de saúde para o interior do país, fazemos 300 mil atendimentos gratuitos por ano", diz Virgílio. "É satisfação demais estar em Minas, à frente de um projeto que gera um enorme valor para a sociedade."
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