Conheça bares de BH que oferecem jogos de tabuleiro

Que o mineiro gosta de um bar, isso todo mundo já sabe. Boteco, pub, bitaca, bodega. Não importa o nome, o certo é que o "butiquim" marca presença na agenda de muita gente. Porém, nem sempre as noites são animadas e cheias de conversa. Várias mesas ficam cheias de pessoas, mas cada uma presa dentro da sua própria bolha, conversando com poucos amigos ou encarando fixamente a tela do celular. Esse cenário, cada vez menos incomum, acendeu um alerta em alguns empresários, que investiram em diferentes versões de jogos de tabuleiro - tanto os clássicos, como War, Detetive e Perfil, como os modernos boardgames -, para quebrar as barreiras entre grupo de amigos e famílias. Enquanto dividem uma porção de fritas e brindam com copos de chope, pessoas de todas as idades se debruçam nas mesas, aprendendo regras e enfrentando desafios.

A professora de educação física Luiza Aguiar entrou para o mundo dos jogos de tabuleiro por acidente. "Moro no mesmo quarteirão do Ludocafé. Eu estava passando aqui na frente quando vi um quadro negro do lado de fora, com a proposta deles detalhada." Fã de quase todo tipo de jogos, desde os esportes tradicionais até o baralho, Luiza não pensou duas vezes antes de convidar sua mulher para uma ida ao Ludocafé. O que começou como apenas uma visitinha em outubro se tornou um evento semanal, com familiares e amigos. Estresse e outras preocupações do cotidiano vão desaparecendo da mente cansada do trabalho a cada nova rodada. E Luiza jura que as noites de jogatina não ficam repetitivas. "Ainda não joguei nenhum dos títulos daqui mais de três vezes", diz a professora. "Alguns são simples, outros mais elaborados. Mas todos tem vários desafios que tornam as partidas interessantes."

Aberto em setembro de 2019, o Ludocafé é o caçula dessa turma. Localizado em uma charmosa casa do bairro Santo Antônio, a cafeteria une a diversão dos jogos com um ambiente aconchegante e intimista. "Escolhemos esse imóvel porque eles nos permite criar várias salas", diz o sócio-proprietário Renato Oliveira. "Assim podemos abrigar tanto grupos maiores e mais barulhentos quanto casais a procura de uma noite a dois." Cada jogador paga 10 reais pelo aluguel dos jogos e pode escolher qualquer uma das 130 opções disponíveis. Quem ensina as regras de cada game são Renato e seu sócio, Rodrigo Ferraz. Se a fome começa a distrair os jogadores, o cardápio conta com várias opções de sanduíches. "E como diz o nosso nome, também trabalhamos com diversos tipos de cafés, muitos deles premiados", diz Rodrigo.

Role um dado, ande algumas casas, atravesse a Contorno e vá em direção à praça da Savassi. Na rua Tomé de Souza, jogadores de todas as idades encontram um espaço de dois andares para viverem as suas aventuras. "Toda noite aqui é assim mesmo: gente rindo, comemoração, barulho de peças de Jenga caindo", diz Lucas Ribeiro, cofundador do Funtasy. "Nós somos um bar. Então o que mais queremos é que o lugar seja assim, sempre animado", completa o amigo e sócio Artur Gomide. E animação é o que não falta. Monitores andam pelo salão sugerindo e explicando as regras a cada grupo de jogadores. Há mais de 500 opções de games disponíveis. Assim como no Ludocafé, o Funtasy cobra uma taxa pelo aluguel, que varia entre 10 e 20 reais por pessoa, de acordo com o dia da semana. "Sempre que combinamos de sair, o Funtasy é a primeira ideia que vem à cabeça", diz o estudante Tadeu Ochoa, que acaba de completar o ensino médio. Sua amiga Michele Delarete completa: "O tempo passa muito rápido quando a gente tá aqui jogando. É muito melhor do que cinema". Fãs dos jogos de tabuleiro, a dupla resolveu aproveitar as férias para apresentar o mundo dos boardgames para mais uma amiga, a também estudante Ana Júlia Freire.

O que o amor uniu nem o jogo separa. Esse poderia ser o lema do casal Mozart Gomes e Thaysa Furtado, fundadores da Garagem do Nerd, no bairro Vera Cruz. Mozart queria um espaço para ele e os amigos jogarem por várias horas. A solução foi desalojar o carro da família e colocar mesas na garagem. "Abrimos em 2018 e, de lá para cá, fizemos várias reformas, aumentamos o telhado, modificamos a cozinha. Hoje, nem parece uma garagem mais." As paredes podem ter mudado de lugar, mas a essência continua a mesma. Além de ter um catálogo com mais de 200 jogos, o Garagem do Nerd aceita que os visitantes levem seu próprio boardgame. Nos finais de semana, a brincadeira vira coisa séria: sábado é dia de campeonato.

Álvaro Paolinelli é mais um dos jogadores que transformou sua paixão em negócio. A vontade de criar algo voltado para os jogos de tabuleiro nasceu também da dificuldade de encontrar lugares com mesas grandes o suficientes para os seus títulos preferidos. "O Clube Nerd começou em 2016, com apenas uma mesa de cinco metros e três jogos", diz o empresário, que vendeu o próprio carro para começar o empreendimento. "Nós usávamos frigobares para gelar a cerveja". Com o passar do tempo, a solitária mesa ganhou mais companhias. Hoje, a casa possui dois ambientes, sendo uma loja com vários opções de boardgames e um salão com capacidade para 150 pessoas.