Monitoramento. Para os especialistas, essa é a senha para um relação saudável com o virtual. "Mundo novo, regras novas. A vida é corrida, mas não há desculpas para não monitorar o uso das crianças", diz o advogado Alexandre Atheniense, especialista em leis da internet pela Universidade de Harvard. A decisão sobre permitir ou não a presença de crianças nas redes sociais cabe às famílias, mas algumas regras podem melhorar a segurança na internet - e não são tão duras assim.
Alexandre critica atitudes como bebês ganharem perfis nas redes sociais ao nascer. "É uma exposição grande demais para as crianças, que devem ser protegidas." Segundo ele, fotos com uniforme do colégio, por exemplo, também devem ser evitadas, pois fornecem informações muito precisas da rotina infantil. "Saber que vídeo as crianças assistem, quais jogos elas mais gostam e quem são os influenciadores que elas seguem também é essencial", diz Alexandre. As crianças precisam ser alertadas que nem todo perfil é verdadeiro, sobre como lidar com bullying e porque não devem compartilhar fotos intimas ou ofensas. "Existe uma razão para a faixa etária estipulada pelas redes sociais", diz Alexandre. "Não aconselho abreviar o tempo. Vale a pena aguardar."
A saúde das crianças também correm riscos. A internet pode provocar dependência, sedentarismo, comprometer o desenvolvimento integral dos pequenos, principalmente até os 2 anos de idade. "O tempo diário de telas não deve ultrapassar duas horas para os maiores de 5 anos", alerta a pediatra Mariana Pogialli, que desenvolve no Hospital Mater Dei cursos para pais e babás, nos quais um dos temas é aprender a lidar de forma saudável com o sedutor mundo digital. "Para se desenvolverem ativas, inteligentes, as crianças precisam do movimento, do contato olho no olho e da interação real." Uma das frentes dos pediatras tem sido a prevenção. "Percebemos que quando a queixa chega ao consultório é porque o problema já foi instalado", diz Mariana. Ela também reforça que a melhor saída é a conversa franca e a construção de regras para a casa.Suspender o uso é uma medida que vale desde que faça parte do combinado da família. E então, prontos para definir as regras da sua casa?
Evite os exageros
- Negocie o tempo diário do acesso das crianças. Dessa forma, eles podem organizar os horários para estudos e outras atividades que também são prazerosas, como passear, estar com a família e amigos e praticar uma atividade física
- Liberdade com responsabilidade. As crianças não devem compartilhar qualquer imagem que possa se arrepender depois. A Internet não guarda segredo
- Ao acessar algum conteúdo que cause medo ou desconforto, solicite que eles conversem com você e busquem ajuda
- Proibir o uso não educa, nem previne. Diálogo e negociação são palavras-chave para estabelecer regras e limites
Tempo de tela por dia
- Crianças até 2 anos: 0
- Até 5 anos: 1 hora
- Maiores de 5 anos: 2 horas
- Não use telas duas horas antes de dormir. O hábito prejudica o sono e o descanso
- Menores de 6 anos devem ser mais supervisionados, pois não sabem ainda a distinguir realidade e fantasia
- Nunca leve os eletrônicos para a mesa, durante as refeições
Quando está demais
- Fique atento a alguns sinais: aumento da irritabilidade, violência, transtornos do sono, sedentarismo, ansiedade, piora da postura, queda no rendimento escolar e não cumprimento das tarefas de casa e da escola
Como usar com segurança
- Incentive as crianças a conversar com os pais quando receberem qualquer proposta de aproximação de um estranho
- Explique que nem sempre os perfis são verdadeiros
- Supervisione o uso das crianças, já que sozinhas elas não conseguem dosar e nem perceber os riscos
- Evite abreviar a idade estabelecida para o uso das redes sociais, ou seja 13 anos para o Facebook, Instagram, Twitter e Whatsapp
- Não poste foto de suas crianças com uniforme escolar
- Saiba que perto de 90% dos usuários da internet estão na rede para observar tendências, cruzar dados e também praticar crimes de toda natureza
Fontes: Safernet, Alexandre Ateniense, Mariana Pogialli
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