Richard Bilton, CEO da Cia Athletica: "É importante salientar que a prática de exercícios físicos é essencial para o bom funcionamento do nosso corpo, bem como para fortalecer o nosso sistema imunológico. Mas a prática é recomendável para prevenção de doenças não contagiosas, por isso, é preciso parcimônia neste momento" - Foto: Cláudio Gatti/DivlgaçãoJaneiro e fevereiro, geralmente, são meses mais tranquilos nas academias, afinal, é período de carnaval, férias e viagens. Em março, portanto, é a largada da maioria das pessoas que desejam iniciar o ano a todo vapor e com a saúde em dia. Mas a pandemia da Covid-19 jogou por terra essa expectativa. As academias e centros de treinamento de Belo Horizonte fecharam em março, quando foi publicado o primeiro decreto da prefeitura estabelecendo que apenas o comércio considerado essencial poderia seguir de portas abertas. Enquanto isso, gestores das academias tiveram que, da noite para o dia, criar estratégias e suar a camisa para manter as matrículas e o corpo dos alunos e alunas em dia, mesmo em isolamento social.

> Leia mais: Saiba como outros segmentos se preparam para a reabertura em Belo Horizonte

Era óbvio que com o início da pandemia, as aulas e as orientações dos professores seriam transportadas para o ambiente on-line. Mas, Eduardo Botelho, sócio proprietário da Academia Insane World, no Estoril, afirma que essa será a tônica, mesmo depois de a crise passar. "É um caminho sem volta. Já estamos criando uma base de conteúdos que serão gravados para os alunos", diz. Por meio das redes sociais da Insane, alunos e alunas, entre crianças, adolescentes e adultos, são convocados a participarem de gincanas e treinos funcionais, claro, sem sair de casa. Além disso, enquetes são realizadas com o público para saber se o conteúdo gerado vem atendendo às expectativas. De acordo com Eduardo, a pandemia provocou o cancelamento de 30% das matrículas por lá. "Tivemos de reduzir os salários, mas não precisamos demitir ninguém, por enquanto", diz.

Essa também é uma preocupação de Daniel Cruz, um dos sócios da People Treinamento e Saúde, no Buritis. "Reduzimos 70% dos custos para equilibrar as contas com a renda que vem do on-line", diz Daniel. Uma das ações para manter a clientela foi a criação do programa, que já existia no modo presencial, voltado para o emagrecimento. O momento é desafiador, mas também de aprendizado. "O empresário precisará entender que ter pelo menos um ano de capital de giro é essencial. Os negócios são frágeis", afirma ele, que já está planejando itens e medidas de segurança para uma eventual reabertura, como aferição de temperatura e uso de máscaras especiais para treinamento. Durante o período de suspensão das atividades, a academia registrou o cancelamento de 60% das matrículas.

Daniel Cruz, sócio da People Treinamento e Saúde: "Reduzimos 70% dos custos para equilibrar as contas com a renda que vem do online" - Foto: DivulgaçãoOs alunos da Imagem Academia não veem a hora de poder retornar à atividade física presencial. Essa é a percepção de Matheus Xavier, gerente geral da academia, que vem mantendo o relacionamento com os clientes pelas redes sociais. Entre as ações para os clientes, lives com professores, aulas de dança e treinos funcionais. Publicação de receitas e dicas de alimentação saudável também são iniciativas da academia para manter os clientes "por perto". "A expectativa é de voltar em breve e com algumas adaptações seguindo medidas de segurança e de higiene", afirma.

A rede Companhia Athletica, que possui 17 unidades em todo o país - uma delas no Diamond Mall, em BH - também está engatilhada para reabrir as portas. Aliás, em Manaus, já foi reaberta. O mesmo aconteceu com as unidades de Porto Alegre e Curitiba. Nessas duas cidades, no entanto, com o avanço dos números do novo coronavírus, as prefeituras determinaram o fechamento novamente. "É importante salientar que a prática de exercícios físicos é essencial para o bom funcionamento do nosso corpo, bem como para fortalecer o nosso sistema imunológico. Mas a prática é recomendável para prevenção de doenças não contagiosas, por isso, é preciso parcimônia neste momento", afirma Richard Bilton, CEO da Cia Athletica. O plano de segurança da rede inclui medidas como aferição de temperatura de colaboradores e alunos, uso de máscaras, dispositivos de limpeza de calçados, totens com álcool em gel com acionamento pelos pés, e delimitação de espaços com fitas.

Os procedimentos estão sendo baseados em recomendações da Associação Brasileira de Academias (ACAD). Conforme a Cia Athlética, as medidas foram inspiradas nas experiências de países onde a pandemia já superou o seu pior momento, como China, Singapura, Hong Kong, além da União Europeia. Enquanto isso, por aqui, o jeito é arrastar o sofá da sala e suar a camisa em casa.