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Nos países em que a curva de novos casos está diminuindo, alguns museus começam a reabrir suas portas com segurança. Em Paris, o Louvre voltou a receber público. A Monalisa, tão acostumada a multidões na sua frente, agora poderá ser vista de perto por apenas duas pessoas de cada vez. Quem quiser se aproximar da obra prima de Leonardo Da Vinci terá que esperar em uma fila, com espaços de 1,5 metro entre cada um. Mesmo com uma área de 30 mil metros quadrados abertos para visitação, o Louvre limitou a sua capacidade para no máximo 500 pessoas simultaneamente. Já na Alemanha, onde os museus estão abertos desde o dia 6 de maio, algumas galerias usaram a tecnologia para garantir aos visitantes uma experiência parecida com a do mundo antes da Covid-19. Quem quiser conferir as obras de Monet no Museu Barberini, localizado perto de Berlim, precisará do celular em mãos. A instituição desenvolveu um aplicativo que faz as vezes de bilheteria e de guia. Nele, é possível comprar os ingressos para a exposição e fazer um audioguia pelos principais trabalhos do pintor francês. Na China, a Cidade Proibida voltou a abrir os seus portões no dia 1º de maio. Porém, os visitantes não poderão entrar nos espaços fechados, além de terem de responder a um questionário sobre sua exposição ao vírus e passar por uma medição de temperatura para terem entrada liberada. Quem quiser dar uma olhada no interior dos cômodos usados pelos imperadores chineses terá de fazê-lo do lado de fora, respeitando a distância mínima definida pelas cordas de segurança.
Já o Inhotim se aproximou ainda mais das pessoas, apresentando um lado do museu visto por poucos. Por meio de uma série de vídeos publicados em suas redes sociais, a instituição levou o público para um passeio pelo processo invisível que possibilita as realizações das belíssimas exposições, mostrando cenas exclusivas dos processos de restauração e montagem das galerias. E se bater aquela saudade mais forte das obras do Inhotim, você pode ir na plataforma Google Arts & Culture para uma visita virtual. "Nosso objetivo com as ações online não é substituir ou tentar transmitir o sentimento de, efetivamente, estar no Inhotim. Mas sim criar novas experiências", diz o diretor-presidente do museu, Antônio Grassi. "São conteúdos feitos para somar." Indo além das galerias, o Inhotim também não deixou as suas outras ações desamparadas. Criado em 2012, o projeto Escola de Cordas ensina jovens entre 10 e 18 anos a tocar violino, violoncelo, viola e contrabaixo. "A escola mobiliza 82 alunos de Brumadinho, proporcionando o ensino gratuito de música, agora com as aulas on-line", afirma Grassi. "Todas essas são maneiras que encontramos de reafirmar a função do Inhotim como instituição museológica produtora de cultura."
"Hoje, nós não temos mais uma fronteira física", conta a gestora de cultura da Casa Fiat, Ana Vilela. "As redes, que antes eram canais de divulgação, se tornaram o lugar ideal para realizar a nossa programação." O museu encontrou formas criativas de driblar o período de distanciamento social, levando cultura e história para dentro das casas. Quem perdeu as últimas exposições, com obras de Tarsila do Amaral ou Caravaggio, pode acompanhar uma rica recapitulação dos autores e conceitos na série de vídeos Casa Fiat com Você. Já para aqueles que gostam de colocar a mão na massa, o museu criou o Cultura na Cozinha, quadro que conta a história e as características principais por trás de ingredientes e comidas presentes no nosso dia a dia. "Também teve oficina de origami, palestras e exposição online, para o Dia dos Namorados."
E assim como em várias outras áreas, a pandemia do coronavírus também aproximou ainda mais os museus do Circuito Liberdade. CCBB, Casa Fiat de Cultura, Museu das Minas e do Metal e Memorial Minas Gerais Vale se juntaram para produzir um evento juntos, pela primeira vez na história das instituições. "Cada equipe está compartilhando a sua expertise com os outros, neste processo 100% colaborativo", conta Ana Vilela. "Foi uma ideia que simplesmente surgiu. Costumo dizer que os momentos difíceis também trazem possibilidades incríveis." Batizada de Conversas sobre Perguntas, a série de webinários produzida pelos museus terá como ponto principal o debate sobre como será o futuro do nosso mundo após a pandemia. Ao longo de quatro semanas, entre julho e agosto, as conversas entre especialistas de áreas como filosofia, psicanálise, ciências e espiritualidade acontecerão nas redes sociais de um dos quatro museus participantes. "Queremos estimular o nosso público a pensar em como será essa transformação", diz Ana. Os webinários terão a presença de nomes como da futurista Lala Deheinzelin (eleita pela ONG P2P Foundation como uma das 100 mulheres que estão transformando a sociedade), do psicanalista Christian Dunker e do ambientalista e líder indígena Ailton Krenak.
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