


No caso específico de seu segmento de mercado, de bicicletas da marca americana Specialized, que possuem componentes de fibra de carbono e, portanto, preços mais elevados, Alex, da Tripp Aventura analisa que os novos ciclistas são pessoas de poder aquisitivo alto. Elas estavam acostumadas a se divertir em viagens e, devido às restrições de destinos internacionais por causa da pandemia, buscaram no ciclismo uma forma de expressar a sensação de liberdade antes proporcionada pelo turismo. O proprietário da Campolinas’s Bike, que trabalha com bicicletas para todos os bolsos, também credita o crescimento das vendas à busca de boa parte da população por opções de fuga das medidas de isolamento social. Guilherme destaca, ainda, que observou aumento no número de clientes do sexo feminino.

Leonardo Duarte é um desses ciclistas formados durante a pandemia. "Comecei a andar de bike há três meses para aliviar o estresse causado pelo momento que estamos vivendo no país. Além disso, é uma forma de cuidar da saúde. A bicicleta se tornou um vício", conta o eletricista de ônibus que agora se divide entre a profissão, o tempo com a família, e pedalar três vezes por semana - duas no asfalto e uma em trilhas. Com novos adeptos como Leonardo, os grupos de ciclistas cresceram e intensificaram suas atividades desde a chegada do novo coronavírus. O empresário Júlio Pereira, um dos mais experientes dentre os membros de uma turma que se concentra na região leste de Belo Horizonte, conta que o grupo era formado por 10 pessoas antes da pandemia e agora possui 36 ciclistas que pedalam tanto em trechos urbanos quanto em áreas de natureza no entorno da capital mineira em percursos que chegam a 45 quilômetros e três horas e meia de duração. "Somado à redução da carga de trabalho em alguns casos, o estresse do isolamento social levou muita gente a comprar uma bicicleta e buscar nela uma expressão de liberdade e de ocupar o tempo.", diz. "Locais onde, antigamente, encontrávamos poucas pessoas andando de bike, agora chegam a ter centenas."


Andar de bicileta faz bem para o corpo e a mente
Quem busca na bicicleta um alívio, está acertando em cheio. Um estudo publicado em 2017, assinado por pesquisadores
de diversas nacionalidades e instituições, incluindo as universidades de Zurique, na Alemanha, e Oxford, na Inglaterra, sugere que andar de bike reduz o estresse e a solidão. A pesquisa, que faz parte do projeto “Abordagem da Atividade Física por meio de Transporte Sustentável”, apoiado pela União Europeia, observou, em mais de 3 mil pessoas, questões como ansiedade, depressão
e vitalidade. Dentre os participantes, aqueles que andavam de bicicleta estavam melhores sob todos esses aspectos em comparação aos que não pedalavam. Bora pedalar!