
O cão, hoje com 2 anos e 8 meses, perdeu as duas patas traseiras decepadas a facão. Não se sabe, ao certo, o que gerou mais estarrecimento. Se o ato extremo de crueldade contra um ser vivo ou a sensação de impunidade. O agressor já havia matado, em 2018, o pai de Sansão, também a sangue frio. "Zeus tinha fugido e quando meu filho o pegou no colo, na porta da empresa, ele o partiu ao meio, em seus braços", lembra Fernanda. Na época, a família tentou tomar providências, chegou a fazer boletim de ocorrência, mas foi desencorajada pelo próprio militar que atendeu a ocorrência e afirmou que "aquilo" não daria em nada.

Localizada em terreno espaçoso, a fábrica da família era o local preferido do pitbull. Lá passava o dia todo ao lado dos donos e se dedicava a correr, brincar e se dependurar em cipós. De temperamento dócil, jamais atacou pessoas. Às sextas-feiras, conta Fernanda, iam todos juntos para casa e retornavam somente na segunda. "Nunca o tivemos como cão de guarda. Sempre foi como um membro da família. Mas muitos ainda nos acusam de negligência." Enquanto Sansão supera as dores crônicas e as incansáveis sessões de fisioterapia para receber a prótese definitiva que substituirá uma das patas arrancadas, a família supera o estresse emocional causado pela violência. Além de acompanhamento psicológico, também batalha para seguir com as atividades na fábrica, mesmo rodeados pelo medo. O agressor ainda aguarda julgamento.

Apesar de na área criminal a lei não retroagir, pela soma das penas, o agressor de Sansão responderá na justiça comum também pelo assassinato de Zeus e maus-tratos cometidos a vários animais que estavam sob sua tutela. Os gastos altos com o tratamento de Sansão têm sido supridos com a ajuda da ONG Patas Para Você. "Ele já passou por sessões de acupuntura, laserterapia, cinesioterapia, entre vários outros para ter mais qualidade de vida. Por causa da amputação traumática dos membros pélvicos com evolução de dor neuropática, precisará de cuidados permanentes", explica a fisiatra veterinária, Brenda Costa, da Vet Society. Da tragédia à fama, o cãozinho já conta com 150 mil seguidores em sua página @todospor.sansao no Instagram e usa a influência para divulgar a história de outros animais que também precisam de ajuda.