

Ainda é difícil dizer quem deve desenvolver sequelas ou se elas serão definitivas. "Trata-se de uma doença nova e ainda não tivemos tempo de observação necessário", diz Leonardo Meira de Faria, médico intensivista e pneumologista do hospital Felício Rocho. Conforme o médico há ainda outro agravante: a infecção pode ser um gatilho para a piora de doenças já diagnosticadas nos pacientes. "Ela pode descompensar doenças crônicas já existentes." Para Leonardo, pacientes que tiveram a forma leve da doença devem ficar atentos a possíveis alterações depois da fase aguda da infecção, como fadiga e até alopécia (repentina perda de cabelo). Se notar algo errado, precisa buscar ajuda médica. "Cerca de 80% dos pacientes que tiveram sintomas leves só desenvolvem um estado gripal, que carece apenas de repouso e hidratação", afirma.

Alterações neurológicas também vêm sendo registradas e investigadas. Conforme estudo por meio do jogo digital MentalPlus, criado pela neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin, 80% dos participantes da pesquisa mostraram alterações cognitivas após a fase aguda da doença como dificuldade de concentração ou atenção, perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas, problemas com a compreensão, dificuldades com o raciocínio e julgamento e problemas na execução de tarefas simples. O estudo foi feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Especialistas compartilham da ideia de que não há motivos para pânico. Quem já foi infectado e se recuperou deve ficar atento a possíveis alterações em seu organismo e buscar ajudar caso note que os sintomas vêm piorando. Enquanto a vacina não alcançar toda a população, continua valendo a mesma recomendação: mantenha o distanciamento social, use máscara e álcool em gel.