
O serviço, que, diga-se de passagem, cresce no mercado de forma exponencial, oferece a vantagem de permitir que por um valor fixo mensal o cliente possa ter um carro à disposição, sem se preocupar com pagamentos de revisão, manutenção técnica, seguro, impostos e taxas. Esses valores estão todos incluídos no contrato. Só é necessário colocar a mão no bolso para abastecer o tanque de combustível e, eventualmente, pagar multas e estacionamento. É, sem dúvida, uma proposta atraente, e que abre o mercado para o consumidor prático, desapegado, que tem em mente única e exclusivamente resolver suas questões de mobilidade. É mais um passo para retirar o carro da lista de patrimônio das pessoas para inseri-lo nos bens de serviço, como, por exemplo, um smartphone.

Os carros por assinatura chegaram a mercado brasileiro há cerca de dois anos, mas vêm ganhando corpo de forma muito rápida. Novas locadoras foram criadas para entrar no negócio, as grandes locadoras tradicionais já incluíram essa modalidade no seu negócio, várias concessionárias de automóveis também estão investindo de forma robusta no carro por assinatura e, desde o final do ano passado, os próprios fabricantes de veículos concluíram que esse é o novo real e lançaram vendas diretas (em parceria com suas redes de revendedores) de carros por assinatura. No Brasil, a Volkswagen, a FCA e a Renault já se lançaram nessa estrada, impulsionadas também pelo efeito da pandemia, que, ao impor a distanciamento social, de certa forma acabou alavancando as vendas de carros. Quem tem condições passou a evitar o uso de transportes públicos urbanos, sinônimo de aglomeração. O jeito passou a ser andar de carro, de bicicleta, motocicleta ou a pé.

Levando isso em conta, o mercado indica que o carro por assinatura é mais viável quando a escolha é pelos automóveis de entrada, mais baratos, com valores mensais na casa dos R$ 1 mil. Não foi por outra razão, por exemplo, que a Renault se lançou na nova modalidade limitando sua oferta ao compacto Kwid (com mensalidade de menos de R$ 869 - contrato de 20 meses) e ao Duster, seu modelo SUV (R$ 1.839 - contrato de 18 meses). Além da Renault estreou também neste mercado a Flua!, subsidiária da Stellantis (holding que controla a Fiat, PSA - Peugeot Citroën e Jeep). As duas sem uniram à Toyota, Audi e Volkswagen, que já ofereciam o serviço no Brasil.

A Flua! começou sua operação no dia 15 de janeiro, com a divulgação de pacotes de assinatura de carros zero quilômetro. O modelo é similar com o que já é ofertado por outras empresas. A modalidade carro por assinatura tem por alvo pessoas que gostam de testar novidades e que geralmente não têm um carro, dizem analistas do mercado automotivo. Segundo pesquisa da Flua!, esse novo consumidor tem em comum o desapego do sentimento de posse. Esse novo cliente já existe e enxerga o carro como serviço. A operação da Flua! começou com 32 concessionárias em São Paulo e no Paraná como um projeto piloto que terá duração de seis meses. O plano é estender a Flua! por mais cinco estados até o final deste ano. São oito carros da Fiat disponíveis para assinatura: Argo, Nova Strada, Toro, Cronos, Grand Siena, Doblò, Fiorino e Ducato. Da Jeep, estarão disponíveis o Renegade e o Compass.
A Volkswagen já oferece o carro por assinatura desde novembro do ano passado. O programa começou com dois modelos - T-Cross e Tiguan - e no início deste ano incluiu o Nivus e o Novo Jetta Comfortline. A ideia é ampliar o portfólio até chegar a toda a linha de veículos da marca. O serviço da marca alemã pode ser contratado na plataforma virtual do plano de assinaturas, o VW Sign&Drive, em seis passos: da seleção do carro à assinatura digital, passando pelo cadastro do cliente e upload de documentos. Depois do cadastro, o carro é retirado, num prazo de até sete dias, numa das concessionárias da Volks, por enquanto, apenas no estado de São Paulo. Os veículos podem ser alugados por 12 meses - opção disponível para o modelo T-Cross a partir de R$ 1.899 por mês -, e por 24 meses, disponível na locação do Tiguan a partir de R$ 3.659 por mês.
As maiores desse mercado, porém, não são montadoras, mas sim locadoras de carros, como Localiza, Unidas e Movida. Quando o assunto é preço, a última leva vantagem. Vale lembrar que as locadoras levam vantagem financeira em relação às concessionárias, já que conseguem vultosos descontos nas compras de suas frotas diretamente dos fabricantes, além de pagarem IPVA bem mais barato do que os demais consumidores.
Preços de planos de assinatura de carros no Brasil
Confira alguns pacotes de 36 meses com franquias de 1.000 km/mês (em reais):

*Preço do pacote de 24 meses
**Preço do pacote de 18 meses
Fonte: pesquisa realizada pela CNN Brasil Business