Exibida originalmente entre 1962 e 1963 pelo canal americano ABC, a série Os Jetsons trouxe ao imaginário dos telespectadores, inclusive os brasileiros, a chamada "Era Espacial", com vislumbres de um futuro povoado por carros voadores, cidades suspensas, robôs e aparelhos domésticos automatizados. Seis décadas depois, qualquer semelhança não é mera coincidência. A tecnologia evoluiu e com ela chegou a "Era das Casas Inteligentes". Ainda que não tenhamos - por enquanto - carros voadores e outras inovações apresentadas na telinha, um sonho já se tornou realidade: programar atividades do dia a dia para que sejam realizadas de forma automática, mesmo quando se está a quilômetros de distância.
À automação cada vez mais presente, a pandemia acrescentou o crescimento expressivo dos serviços de streaming. Além dos já amplamente difundidos, como Netflix, Amazon Prime e Apple TV, também houve o lançamento recente de novas soluções como o Disney Plus e o HBO Max. Segundo relatório da Motion Pictures Association, o mercado encerrou 2020 com cerca de 1,1 bilhão de assinantes de serviços de streaming no mundo. "Isso representa um aumento de mais de 25%, em um ano de pandemia, em que muitos setores acabaram se retraindo", diz Olavo Martins da Rocha Neto, fundador da Tecai, empresa de automação, áudio e vídeo. "Hoje é muito difícil achar alguém que não conheça ou não seja usuário desses serviços."
Apesar do impacto sofrido no custo dos produtos eletrônicos com a variação cambial e a falta de disponibilidade de peças a nível global, o setor foi impulsionado por produtoras que lançaram filmes diretamente nas plataformas ou simultaneamente ao cinema. Cresceu então a demanda por sistemas de home theater ou home cinema. "Cada vez mais, as pessoas estão entendendo sobre o benefício de ter um sistema em casa compatível com tecnologias como Dolby Vision e Dolby Atmos", diz Olavo. Mesmo ainda não sendo acessível à maioria da população, o mercado multimídia se expandiu.
A estimativa, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), é de um faturamento nacional de 1,1 bilhão de dólares em 2020, com uma projeção de taxa média de crescimento em torno de 22% ao ano, atingindo a cifra de 3,1 bilhões de dólares em 2025. Atualmente, o número de residências que contam com algum tipo de sistema automatizado no Brasil varia de 1,2 a 2,2 milhões. "O desafio das famílias tem sido adaptar o trabalho em casa com as aulas on-line das crianças e muitos se viram vulneráveis com uma rede wi-fi que não comportava a demanda", afirma Olavo. Mais do que nunca, a automação tornou-se um forte aliado para suprir as necessidades. "Recentemente, tivemos o lançamento do novo protocolo para o Wi-Fi, o Wi-Fi 6, que conta com maior velocidade, possibilidade de conectar mais dispositivos, menos interferência e mais segurança."
O que há pouco tempo até parecia mentira, para o empresário Rodrigo Brito, de 41 anos, já se tornou rotina. Para ele é comum despertar todas as manhãs com uma música relaxante e as cortinas abertas deixando os raios de sol banhar o quarto. Isso sem precisar mover um só dedo. Climatizar o ambiente antes mesmo de chegar em casa, escolher a intensidade da luminosidade, a temperatura do ar condicionado, fechar as cortinas e até mesmo colocar aquele filme na sala de estar para curtir a dois, são ações que podem ser acionadas de qualquer lugar. O funcionamento remoto de áudio, vídeo, iluminação, entre outros, revolucionou o mercado de automação. Ativados via tablets e smartphones ou ainda por meio da identificação de voz, leitura da face, relógios e touch panel fixo na parede, proporcionam uma experiência única ao consumidor. "Sempre fui um entusiasta da tecnologia e consegui aliar esse prazer ao que tem de mais moderno no mercado", diz Rodrigo.
Com o surgimento das tecnologias sem fio, obras estruturais e a comunicação cabeada se tornaram desnecessárias, sendo realizadas apenas intervenções pontuais. A automação de processos também seria mais um aliado na corrida por um planeta sustentável, evitando o desperdício de recursos naturais como água e luz. Além de ajudar na redução do trabalho doméstico, trazendo mais qualidade de vida e bem-estar. Durante a quarentena, a necessidade de passar mais tempo em casa levou as famílias a voltarem os olhares para detalhes e funcionalidades que antes não eram vistos. O que segundo o empresário Natan Rijhsinghani, proprietário da Smart Automação, Áudio e Vídeo, intensificou as reformas e ampliações. "As vendas de home theaters e automação residencial, principalmente salas de cinema, aumentaram consideravelmente", diz. Quem não dava tanta importância para o som ambiente, descobriu a praticidade da conectividade em serviços de streaming como Deezer, Spotify e Youtube Music.
Outro destaque do momento, diz Natan, é a assistente artificial da Amazon, Alexa. Lançada em 2014, somente em 2019 chegou ao Brasil e caiu no gosto dos adeptos da tecnologia. Comparada às concorrentes Siri e Google Home, possui o diferencial de não estar atrelada a um sistema operacional. Funciona bem com Android, Windows ou Apple, além de entender e falar português com maestria, realizar tarefas simples e interagir com outros eletrônicos. Coisas que só os Os Jetsons poderiam imaginar!