Segundo Aleluia, os recursos tecnológicos facilitaram os registros e organização da vida dos estudantes, dos professores e da gestão pedagógica. "Foi possível colocar em um só local documentos, exercícios e aulas", diz. Embora acredite que a presença física na educação básica seja insubstituível, os aprendizados que a tecnologia trouxe durante o distanciamento social serão mantidos pela escola. "Eles estão, principalmente, concentrados naquilo que a inteligência artificial pode fazer por nós", relata, enfatizando a possibilidade de organização de arquivos, formas de visualização de dados, possibilidade de acesso à rede com todas suas informações, imagens e sons. "A equipe pedagógica irá se livrar daquele trabalho burocrático, manual e repetitivo, podendo dedicar mais tempo a análises e proposições de estratégias com base nos dados."
No grupo Bernoulli, o ensino remoto também deixou lições que devem mudar para sempre o modelo de educação para o ensino médio. "Para o ensino médio, que é a parte que a legislação permite, manteremos algumas aulas à distância mesmo depois da pandemia, porque entendemos que isso diminui o tempo de deslocamento e permite que o aluno não seja obrigado a ficar na escola até mais tarde", diz o copresidente Rommel Domingos. Assim, sobra mais tempo e energia para se dedicar aos estudos e à preparação para o Enem. "Mas ressalto que o ensino à distância será uma pequena parte da carga horário do aluno." A monitoria on-line vai permanecer, pois facilitou o acesso dos estudantes aos professores para tirar dúvidas e esclarecer conteúdos.
Para o especialista Sandro Caldeira, professor, escritor e estudioso em Neurociência da Educação, o distanciamento imposto pela pandemia obrigou as escolas a se adaptarem de vez ao mundo tecnológico e as mudanças possibilitaram inserir a educação em um cenário mais próximo da realidade dos jovens modernos. "Os alunos atuais são nativos digitais, já nasceram no ambiente on-line e agora a educação também vai fazer parte desse contexto, mesmo com o retorno das aulas presenciais", diz. "Se ele pode fazer algo remoto, deixa de se locomover para ir à escola, reduz gasto com transporte e alimentação na rua e tem mais qualidade de tempo para estudar." Para otimizar o aprendizado sem a estrutura física da sala de aula, Sandro acredita que é preciso criatividade dos professores. "Um dos métodos que eu uso, com base na neurociência da educação, são as paródias." Como professor, o especialista grava músicas conhecidas e transforma a letra de acordo com o contexto de cada aula. "Quando eu jogo isso para um ambiente remoto, desperta muito interesse e o aluno acaba fixando o conteúdo sem perceber que está estudando." Outras ferramentas sugeridas são charges, podcasts e games adaptados ao conteúdo, que conseguem transmitir a matéria de forma divertida e em um universo familiar aos adolescentes.
Para ajudar com essas estratégias, o doutor em educação Paulo Tomazinho oferece conteúdos que auxiliam professores no uso das ferramentas educacionais on-line. "Nossa intenção é desenvolver a consciência pedagógica, a fluência didática e a intencionalidade da aprendizagem", afirma. Um dos projetos, a plataforma Moonshot Educação, oferece capacitação gratuita para ajudar os professores a entenderem seu novo papel e também capacitá-los no uso de estratégias, metodologias e ferramentas educacionais. Iniciado em maio do ano passado, o curso Expert em Ensino Remoto já impactou mais de 250 mil professores de todo o Brasil e está disponível no Youtube da Moonshot.
Benefícios das aulas virtuais
- Recursos tecnológicos facilitaram registros e organização da vida de estudantes, de professores e da gestão pedagógica
- Possibilidade de diminuir o deslocamento dos estudantes, assim como o tempo nas escolas
- Monitoria on-line
- Disponibilidade de aulas de disciplinas que extrapolam o conteúdo curricular comum