- Sandra Regina Goulart Almeida, 58 anos
- Pains (MG)
- Casada, 2 enteadas
- Formada em Letras pela UFMG, com mestrado e doutorado pela universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill e pós-doutorado pela universidade de Columbia, em Nova York. Professora do departamento de Letras da UFMG, foi diretora de relações internacionais e vice-reitora da instituição e é reitora pelo período de 2018-2022. É presidente da associação de universidades Grupo Montevideo e vice-presidente da World University Network
Capacidade de gestão, de ouvir demandas, direcionar recursos: essas não são características que necessariamente vêm à cabeça quando se pensa em alguém que pesquisa e dá aulas na área de literatura. Mas são, sim, características da reitora da UFMG, Sandra Goulart, professora de estudos literários da Faculdade de Letras, que está à frente da instituição pelo período de 2018 a 2022. A bem da verdade é que ela sempre soube desse tino, pois, quando fez teste vocacional para ajudar a se orientar quanto à escolha da profissão, o resultado foi administração. Três vezes. Não à toa, logo que começou a atuar na instituição, já foi chefe de departamento e por aí foi seguindo a carreira de gestão paralelamente à acadêmica. Só não sabia que, no cargo mais alto da universidade, guiaria a instituição em um período tão conturbado quanto uma pandemia.
Isso, contudo, não a intimidou, ao contrário. Entre as diversas ações da instituição no combate à pandemia, Sandra atuou, por exemplo, no acordo para o projeto que tem potencial de fortalecer a capacidade brasileira de produção de tecnologia em imunizantes: a criação do Centro Nacional de Vacinas, cuja sede será o BHTec, parque tecnológico da cidade, projeto que tem entre os parceiros a UFMG. Isso porque a proposta partiu da universidade, e foi Sandra, junto com o vice-governador, o secretário adjunto de estado de saúde e o pessoal do CT Vacinas da UFMG, que se reuniu no ano passado com a equipe do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para apresentar a proposta. "Esse já era desejo antigo do CT Vacinas, e a ideia foi abraçada pela equipe do ministro Marcos Pontes", diz. No dia 8 de dezembro de 2021, foi à Brasília para assinar o acordo e oficializar a criação do Centro que o ministro chamou de "Oxford brasileira". É no CT Vacinas, aliás, que está sendo desenvolvida a SpinTec, imunizante que está entre os três mais avançados em pesquisa do país - até o fechamento desta edição, aguardava aval da Anvisa para iniciar testes em humanos.
Enquanto isso, e atuando para aulas de maneira remota (o sistema passou a ser híbrido no segundo semestre de 2021 e volta ao presencial no primeiro de 2022), a UFMG manteve sua posição na edição 2021 do ranking mundial da Times Higher Education, em que é apontada como melhor federal do Brasil, terceira melhor instituição de ensino superior do país e quinta melhor universidade da América Latina. "É um trabalho que foi feito ao longo dos anos, do qual estamos colhendo os frutos", diz.
O resultado da gestão de Sandra é que ela foi reeleita pela comunidade universitária, com mais de 95% dos votos. Agora, aguarda o resultado da escolha, em março, a partir de lista tríplice apresentada ao MEC - no caso da UFMG, sempre foi a primeira colocada na lista da consulta à comunidade a pessoa nomeada. Também foi indicada para compor o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que assessora o MCTI e a presidência da República. Como boa gestora, ela não parece preocupada com o fato de que terá a pandemia como uma das marcas. "Foi um momento difícil, de grandes desafios", afirma. "No entanto, acho que a UFMG saiu maior dessa experiência, pois sua comunidade soube se unir para atender as demandas da sociedade nesse momento tão crítico."
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