Vencer o consumismo para fazer compras conscientes e planejadas requer mudança de consciência e de estilo de vida. O que não significa abrir mão da qualidade e sofisticação. Pelo contrário. No minimalismo, as escolhas passam a ser feitas de maneira pensada e com base em necessidades reais. O conceito de que "menos é mais" passou a ser um movimento artístico e cultural com foco apenas no essencial. Uma tendência que ganhou força no momento pós Segunda Guerra, em 1947, influenciada pelo arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe, destaque no movimento arquitetônico de sua época: o modernismo.
A princípio, a estética de Mies era voltada para a utilização mínima de elementos associada à funcionalidade industrial. O que não se imaginava é que o estilo fosse varar o tempo e ser tendência na era contemporânea. A sobriedade das formas, a pureza das linhas e o equilíbrio dos volumes tornaram-se sinônimo de bom-gosto, estilo e personalidade. "Uma das vantagens de um projeto minimalista é o aprendizado que traz para a vida pessoal. As pessoas passam a valorizar a qualidade dos produtos e não a quantidade", diz Márcia Mundim, arquiteta, urbanista e designer de interiores.
A essência minimalista estimula o despertar dos sentidos para criar, desfrutar e promover a integração entre as pessoas, as artes, a saúde e o meio ambiente, e não se perder no consumismo. Reavivando, inclusive, a importância de objetos que possuam algum valor sentimental. Em um contraponto ao excesso de elementos, ruídos e poluição visual, valoriza a singeleza das formas geométricas, associadas à sofisticação do aço, vidro e madeira. "É uma tendência totalmente atemporal e sem modismos, e por isso não fica ultrapassada", diz Ana Paula Paolinelli, arquiteta e design de interiores. Marcada pela utilização de poucos móveis e adornos, tem como principais características a prevalência de linhas retas, espaços amplos e o uso de cores mais sóbrias com bases neutras, como o cinza, branco e bege. "Essa visão funcional pode ser direcionada à criação de projetos que já tragam soluções nas plantas, prevendo mobiliários e acabamentos", diz o arquiteto e urbanista Junior Piacesi. A partir do ano 2.000 percebeu-se a necessidade de espaços mais atraentes e menos impessoais. Desde então, as cores também passaram a ser utilizadas na decoração de ambientes minimalistas, mas apenas de forma pontual, destacando alguns objetos. Para quem quer se aventurar pelo conceito, a dica é eliminar os excessos e optar por móveis que, além de beleza, agregam funcionalidade.
A proposta do estilo está no design inteligente, em móveis funcionais e materiais mais lineares. "Acredito que o ambiente minimalista precisa ter o essencial, mas de acordo com a necessidade do espaço. Sem extremos", diz a designer de interiores Cícera Gontijo. Com um pouco de criatividade, também é possível reaproveitar elementos da decoração já existentes em casa para repaginar os ambientes. A iluminação segue sendo um dos pontos chaves e deve ser cuidadosamente pensada, conciliando a luz natural com a artificial. Já a conexão com o meio ambiente pode ser feita com o charme e frescor das plantas naturais. "A ideia é valorizar a qualidade em oposição à quantidade. Apostar em itens pontuais e marcantes, como peças assinadas, é uma escolha certeira", diz a arquiteta e designer de interiores Manuela Senna. Veja a seguir alguns exemplos de ambientes que apostam na tendência.