- Foto: Uarlen Valério/EncontroEm meio às construções contemporâneas e à natureza exuberante, um polo chama atenção no Vila da Serra, em Nova Lima.
A região conta com uma concentração cada vez maior de hospitais, clínicas e laboratórios, o que torna a região estratégica para o atendimento hospitalar de todo o estado. Mas, apesar de ter se intensificado nos últimos meses, esse processo não é recente.
O presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador: "Observamos que havia uma excelente oportunidade de expansão em Nova Lima, já que parte do público que desejamos alcançar mora nessa área". Ao lado, o antigo campus 2 da Faculdade Milton Campos, que será transformado em nova unidade do Mater Dei: previsão de inauguração em 2023 - Foto: Na ordem: Samuel Gê/Encontro e Uarlen Valério/EncontroPioneiro no limite entre Belo Horizonte e Nova Lima, o Biocor foi fundado em 1985, pelo cirurgião cardiovascular e torácico Mario Osvaldo Vrandecic, e é reconhecido nacional e internacionalmente como referência em tratamentos de alta complexidade. Mesmo na pandemia, inaugurou novos serviços, como um moderno CTI Pediátrico, além de três andares assistenciais remodelados e salas cirúrgicas. Atualmente, o Biocor realiza uma média mensal de 5 mil atendimentos de emergência, 4 mil consultas ambulatoriais, 3 mil exames de imagem e 7.300 exames de laboratório, além de 1.100 cirurgias. Em 2021 o hospital passou a fazer parte da Rede D'Or, considerada a maior rede de saúde do Brasil. A aquisição marcou a entrada da Rede D'Or em Minas Gerais. "Houve uma identificação de propósitos entre as duas empresas, que é o de levar a melhor assistência, aliando alta tecnologia, capacidade técnica e o acolhimento humanizado", diz Erika Vrandecic, que assumiu o Biocor após a morte do fundador, em 2019.
Para Erika, a consolidação do Vila da Serra em polo de saúde posiciona a região e o estado como pioneiros na formação de um hub desse segmento no país e tende a atrair cada vez mais investimentos.
"Para o Biocor, estar presente nesse cenário, vai ao encontro da história do hospital, que sempre buscou inovar", diz. "Estar próximo de outras empresas que vêm movimentando nosso segmento em Minas nos impulsiona a continuar investindo e afasta qualquer risco de acomodação." Ao anunciar a compra do Biocor por 750 milhões de reais, a Rede D'Or divulgou ainda um investimento de 500 milhões de reais na construção de um hospital de sua marca premium. O projeto da nova torre aguarda liberação de licenças necessárias para o início das obras. "A linha Star, presente no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, traz um conceito revolucionário de assistência, com uma medicina personalizada e minimamente invasiva", afirma Erika Vrandecic.
Erika Vrandecic, diretora do Biocor: "Estar próximo de outras empresas que vêm movimentando nosso segmento em Minas nos impulsiona a continuar investindo e afasta qualquer risco de acomodação". Fundado em 1985, o Biocor é pioneiro na região: comprado em 2021 pela Rede D'Or por 750 milhões de reais - Foto: Na ordem: Gláucia Rodrigues/Encontro e Rogério Sol/EncontroOutro veterano na região é o Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, referência em tratamento de visão há mais de 30 anos. Pioneiro na cirurgia refrativa para correção de miopia, astigmatismo, presbiopia e hipermetropia e referência mundial em cirurgia de catarata, o HOlhos recebe ainda pacientes de todo o país para tratamentos de glaucoma, retina, transplante de córnea e plástica ocular. "Temos uma clientela que vai de Manaus ao Rio Grande do Sul", afirma o diretor-presidente do hospital, o médico oftalmologista Ricardo Guimarães. Ele acompanhou de perto o crescimento da região. "Quando construímos o Hospital de Olhos no Vila da Serra existia apenas o Biocor aqui. Depois de nós e do Biocor, veio o Hospital Vila da Serra e algumas clínicas. Agora, a região está consagrada como um dos maiores complexos de saúde do país."
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A ampliação dos serviços permitiu que o próprio HOlhos fosse além da oftalmologia. "Hoje, nós estamos nos preparando para integrarmos outros serviços, como neurocirurgia funcional, para complementar os serviços prestados pelos outros hospitais da região, como a Rede D'Or", diz Ricardo. Um dos grandes diferenciais do HOlhos é a sua estrutura de pesquisa e equipe de profissionais capacitados na área de Neurociências da Visão.
Recentemente, o hospital, em parceria com uma instituição americana, iniciou um protocolo que possibilita demonstrar a presença de biomarcadores nos olhos e na visão, indicadores de doenças neurológicas e psiquiátricas. "A retina é a janela do corpo. O exame da retina nos permite ver vasos sanguíneos, nervos e até mesmo as hemácias do sangue. O que vemos na retina é o mesmo que veríamos no cérebro", explica Ricardo. "Combinando essa informação com vários exames, podemos, hoje, identificar precocemente um portador de doenças neurológicas e mentais antes de suas manifestações clínicas, permitindo, com isso, até mesmo a prevenção da doença." Além disso, a instituição possui um laboratório que conta com a participação de pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (Lapan), da UFMG, que oferece orientação à pós-graduação, mestrado e doutorado em parceria com várias universidades.
O médico oftalmologista Ricardo Guimarães, diretor-presidente do HOlhos (na foto, ao lado da diretora-clínica, Márcia Guimarães) acompanhou de perto o crescimento da região: "O Vila da Serra está consagrado como um dos maiores complexos de saúde do país" - Foto: Arquivo pessoalPara Ricardo Guimarães, a maior vantagem de fazer parte de um polo de saúde, como está se tornando o Vila da Serra, é poder participar desta rede de serviços que possibilita um atendimento mais complexo e multidisciplinar. "A medicina hoje tem que ser pensada como um ecossistema. Nele vemos incluídos, além do hospital, instituições de pesquisa e de ensino." O médico oftalmologista explica que hospitais consomem insumos que são terceirizados e dependem não só de uma indústria eletrônica para aquisição e manutenção rápida de seus equipamentos, mas também de hotelaria, transporte… "Você perde competitividade construindo um hospital isolado."
Exigências de agências de qualidade como a Organização Nacional de Acreditação (ONA) e da Vigilância Sanitária, por exemplo, podem ser cumpridas mais facilmente se você está instalado em um complexo hospitalar e pode terceirizar parte de alguns serviços complementares. "Temos um processo de descarte específico do lixo hospitalar feito de modo especial. Estar em um polo facilita e unifica esse tratamento", afirma Ricardo, que enumera também vantagens aos pacientes. "Imagina que um paciente vai a um hospital e o médico pede para fazer um exame em outro lugar.
Aí, por causa da proximidade, consegue fazer o exame e voltar ao hospital a tempo de realizar a cirurgia." Segundo ele, isso só é possível se você cria uma centralidade e conectividade de serviços. "Hoje o ônus maior de todo cidadão se chama tempo e mobilidade."
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O Hospital Vila da Serra tem 200 leitos, sendo 20 de UTI, e foi comprado em dezembro de 2020 pelo grupo Oncoclínicas: em setembro de 2021, a Unimed anunciou a aquisição de 15% do hospital - Foto: Glaucia Rodrigues/EncontroOutro complexo importante para a região é o Hospital Vila da Serra. Com 20 mil metros quadrados de área construída e 200 leitos, sendo 20 de UTI, foi comprado em dezembro de 2020 pelo grupo Oncoclínicas - já presente em Nova Lima com o Oncobio, um centro integrado dedicado ao atendimento oncológico, fruto de uma parceria com o Biocor Instituto. O grupo, que tem como presidente do conselho de administração o oncologista mineiro Bruno Ferrari, é especializado em oncologia, hematologia e radioterapia. Parceiro exclusivo no país do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard Medical School, o grupo tem como sócio o banco Goldman Sachs, com sede na cidade de Nova York, está presente em 12 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Em setembro de 2021 a Unimed anunciou a aquisição de 15% do hospital.
Atraída pelo crescimento da região, a Rede Mater Dei anunciou a inauguração de uma nova unidade no Vila da Serra em 2023, com cerca de 120 leitos, onde funcionava o campus 2 da Faculdade Milton Campos, na esquina da Alameda da Serra com a Rua da Paisagem. A ideia é integrar a unidade aos hospitais da rede na região Centro-Sul e de Betim-Contagem. No primeiro semestre de 2021, a Rede Mater Dei abriu seu capital na B3, a bolsa de valores brasileira, e levantou 1,2 bilhão de reais com a venda de 23% da empresa. "Observamos que havia uma excelente oportunidade de expansão em Nova Lima, já que parte do público que desejamos alcançar mora nessa área", afirma o médico mastologista e ginecologista Henrique Salvador, presidente da rede. "A região das Seis Pistas tem se constituído uma área hospitalar relevante na Grande BH e ter um hospital Mater Dei ali é um diferencial", diz. "Além de integrar serviços, vamos gerar maior interação com a comunidade, permitindo maior comodidade e acesso aos serviços com o padrão de qualidade que a rede sempre apresentou."
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