Por ele
Ele, no caso, é Marcelo Saliba, pai do chef Yves Saliba (à esq.), que acaba de abrir o Per Lui, no bairro Serra. Marcelo foi uma das vítimas da Covid-19. Yves também foi infectado e passou 11 dias entubado. E foi nesse cenário devastador que surgiu uma luz inesperada. O médico Victor Hugo Magalhães, um apaixonado por gastronomia e já fã do trabalho de Yves no A Casa Cozinha Criativa, que ele comandava na época, propôs uma sociedade. "Tem tanta gente e emoção envolvidas nesse projeto, que ele já nasceu dando certo", diz Yves. Apesar do nome em italiano e de o chef ter vivido no país em 2017, o cardápio é contemporâneo e dialoga com várias culinárias como brasileira e oriental. O restaurante trabalha com menu degustação de oito tempos (R$ 190). O primeiro foi batizado de Ciclos. "É a vida, né? Depois do renascimento que experimentei no hospital, é hora de transformar e celebrar os ciclos da natureza", diz Yves. Abrindo o jantar, a primeira entrada leva o nome de Cinzas: mandioca, manteiga de garrafa, nero di seppia e gel de mexerica. "A mandioca vem envolvida na tinta de lula e parece muito um carvão. Ela é acesa na mesa do cliente e é surpreendente." O Per Lui, funciona de quarta a sábado, das 19h às 0h.
Mãos na massa
Antônio Eustáquio Villani Mesquita, chamado pelos amigos por Taquinho, que durante anos comandou a marca de perfumes L’acqua Di Fiori, resolveu ir atrás de novos cheiros e sabores. Há seis meses ele vem colocando a mão na massa - literalmente - na sua Artigianale, marca que produz artesanalmente massas secas. "Sempre fui de produção, gosto de ver um produto nascendo", explica ele, que faz questão de reproduzir a receita italiana da família Villani. "No início, fiquei com um pouco de ciúmes de vender algo tão nosso", diz. E tem chef por aí aprovando o resultado, como Flávio Trombino e Ivo Faria, que têm usado as pastas em suas receitas. Por enquanto, Taquinho faz tagliatelle e espaguete, que aparecem na versão tradicional, verde, com espinafre, e o negro, com tinta de lula. Os valores variam de R$ 30 a R$ 40 e podem ser encomendados pelo @artigianale.massas.
Consulado indiano
O Curry Up!, no bairro Serra, é quase um consulado de gastronomia. Rishav Ghosh, Gagan Manocha e Diego Cifuentes Dutra resolveram juntar as experiências para montar um restaurante com a autêntica comida indiana. "No ano passado, queria mudar para um espaço maior. Conversamos e resolvemos juntar as forças", diz Rishav, que era dono do Bistrô Indiano. Gagan acentuou ainda mais o lado vegetariano no cardápio. Ele fez sucesso durante a pandemia trabalhando com delivery. Já Diego, o único brasileiro entre os três, foi dono do Tchalo, especializado em comida de rua. A cozinha fica dividida entre os chefs Cristiano Correia (ex. Maharaj) e o recém-chegado Trilok Singh Bhandari. O cardápio é extenso, com várias opções para vegetarianos e não-vegetarianos - incluindo pratos com carneiro. O mais pedido da casa é murg tikka masala, sobrecoxas desossadas de frango, assadas no tandoor, servidas ao molho masala (R$ 46).
Bons drinques
Donos do À Granel, restaurante que ocupa várias praças de alimentação em shoppings de BH, com mais de 30 anos de mercado, os sócios Julio César Castro, Cecília Ramirez e Marcelo Gonzalez acabam de abrir o Berilo, na Savassi. Na hora do almoço, a casa funciona no sistema de bufê (de R$ 79,90 a R$ 135,90). Mas quando o sol se põe, o clima muda. O ambiente descontraído atrai a moçada com seus drinques. Com carta assinada pelo mixologista Victor Quaranta, os frequentadores encontram sete receitas autorais, além de drinques revisitados e os grandes clássicos da coquetelaria. "Eles são muito instagramáveis", explica Cecília. É o caso do Smoked Negroni (R$ 29,90), que vem dentro de uma caixa, que só é aberta na frente do cliente. "Aí a fumaça sobe, é bem bonito", completa. O que leva o nome da casa é preparado com vodca, limão, vinho tinto e espuma de gengibre (R$ 29,90). Durante a noite, há apresentação de DJs, às vezes acompanhado de violino ou sax. O couvert artístico custa 5 reais por pessoa.
Comer, beber e cantar
O Bolota’s Bar, no Serra, ganhou o coração dos botequeiros de plantão desde a sua inauguração, em 2018. Agora, o Bolota, ou melhor, Leonardo Ribeiro, se juntou aos sócios Rafael Alves e Isadora Bellato para criar o Fátima Botequim Musical, na Savassi. O bar está localizado onde funcionava o Dalva, reduto dos apaixonados por samba na capital. "A ideia é resgatar até os antigos músicos que tocaram ali um dia", explica Bolota. Todo dia, de segunda a segunda, tem música. Aos finais de semana, rola roda de samba. Já de segunda a sexta, a programação é diversificada com chorinho e jazz. Diferente do Bolota’s, que é um bar raiz, o Fátima tem uma pegada mais "gastrobar", como define o dono. Mas mantém um certo charme das antigas com uma estufa de frios, com clássicos como batata bolinha em conserva, salada de bacalhau, azeitonas temperadas e picanha suína defumada (R$ 85,90, o quilo).