
Perfil:
- Ana Elisa Ribeiro, 47 anos
- Mãe de 1 filho
- Nascida em Belo Horizonte, MG
- Licenciada e bacharel em Letras pela UFMG, é mestre e doutora em estudos linguísticos. Professora titular e pesquisadora do CEFET-MG, editora, autora de mais de 20 livros literários, entre crônicas, contos, poesias e infantojuvenis. Ganhadora do Prêmio Jabuti de Livro Juvenil de 2022
A escritora parece ter encontrado uma forma divertida, gostosa e inteligente de atrair essa galera. Ela, que é mestre e doutora em estudos linguísticos e que pesquisa linguagem e tecnologia, usou essa pegada para unir o universo atual com textos clássicos. Sete anos antes de Romieta e Julieu, tinha lançado outra obra com esse estilo: O e-mail de Caminha, uma adaptação da carta de Pero Vaz de Caminha para o mundo digital. No caso da história de amor mais famosa da literatura, ela aprofundou essa questão. "O problema de Romeu e Julieta é um problema de comunicação, não de famílias que se odeiam", diz. De fato, um bilhete que não chega atrapalha o plano do casal e, por isso, a história acaba como acaba. Hoje, com wi-fi, redes sociais e smartphones, muito mais coisas teriam que dar errado para que a tragédia ocorresse, e esse foi um desafio que Ana Elisa superou de maneira super criativa.
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O prêmio foi uma surpresa e ela diz que se concentrou em não deixá-lo cair, porque estava até tremendo. "O Jabuti é o maior prêmio nacional, o mais antigo. É um dos maiores reconhecimentos que se pode ter para um livro", afirma. "Mas não podemos parar ali: temos que continuar tendo ideias e encontrando editoras capazes de realizá-las", diz ela, que já tinha sido indicada outra vez, na categoria Poesia. Ana Elisa ressalta que a vida de quem escreve, no Brasil, não é nada fácil. "Minha rotina é uma decepção para quem acha que vida de escritor é acordar, pegar um café, sentar e escrever por horas a fio…" Na verdade, sua rotina é a de professora, pesquisadora, orientadora. Para a escrita literária, ela precisa criar espaço. "Eu não deixo de escrever, mas por teimosia", afirma.
Essa insistência tem a ver com o amor completo pela leitura e pela escrita, parte de sua vida desde a infância. Rata de biblioteca, ela não lia só pelo prazer de conhecer as histórias, mesmo ainda menina. "Eu ficava imitando, queria aprender a fazer", conta. Aos 9 anos, já escrevia versinhos no caderno. Na adolescência, ganhou um concurso de poesia no rádio e, no vestibular, claro, decidiu fazer Letras. Além do Jabuti, outro fato marcante de 2022 foi o lançamento de Menos Ainda, nono livro de poesia, comemorando os 25 anos de sua carreira (oficial) como escritora. Pelo visto, não faltam motivos para ela seguir escrevendo e para publicar "mil vezes mais".