"A sensação foi de um sonho realizado." É assim que o CEO do Inter, João Vitor Menin, descreve como se sentiu ao ver funcionários da empresa tomarem a Times Square, em Nova York, por ocasião da migração das ações da companhia da B3, a bolsa de valores brasileira, para a Nasdaq, bolsa americana focada no mercado de tecnologia. A empresa foi a primeira do Brasil a migrar 100% de sua base acionária para os Estados Unidos, em junho do ano passado. "Esse movimento veio para fortalecer o Inter como uma companhia global de tecnologia, com acesso ao mercado de capitais mais maduro do mundo", diz João Vitor. No Brasil, a festa foi na esplanada da sede em Belo Horizonte, no Santo Agostinho.
Perfil:
- João Vitor Menin, 40 anos
- Nasceu em Belo Horizonte
- Casado, 3 filhos
- Graduado em engenharia civil pela Fumec, tem MBA em finanças pelo Ibmec. CEO do Inter
Formado em engenharia, o filho do empresário Rubens Menin até chegou a trabalhar na construtora do pai, a MRV, no início dos anos 2000, mas logo se interessou por outro negócio da família: a financeira Intermedium, onde ingressou como estagiário. Em 2008, a financeira virou banco. Anos depois, já com João Vitor na presidência, se tornou um dos primeiros bancos digitais do Brasil, numa época em que muitos ainda olhavam com desconfiança para a novidade. O Inter atingiu o primeiro milhão de clientes em 2018. Fechou 2022 com 24 milhões. No final do ano passado, a holding Inter&Co estava avaliada em mais de 786 milhões de dólares.
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João Vitor explica que a migração para os EUA tem como objetivo não só diversificar a base de investidores como ampliar as possibilidades de negócios no exterior, como aquisição de ativos estratégicos. Em 2022, o Inter concluiu a aquisição da fintech americana Usend, com foco em remessas internacionais. "Como a Usend já tinha todas as licenças para operar nos Estados Unidos, isso trouxe mais facilidades para nossa chegada." Com a compra, o Inter passou a oferecer, em seu app, uma conta em dólar com cartão de débito virtual para quem viaja para fora do país e para pessoas que precisam receber valores ou fazer pagamentos nos Estados Unidos. Desde então, já foram abertas mais de 500 mil "Global Accounts". O próximo passo é levar produtos e serviços para residentes nos Estados Unidos, começando pelas comunidades de imigrantes brasileiros e latinos.
Diversificação é a palavra de ordem no Inter. Aliás, há muito que a empresa deixou de se auto denominar um banco. Ou melhor, "apenas um banco". O "Super App" tem serviços como venda de passagens aéreas, operadora móvel virtual, shopping com lojas diversas e, claro, conta digital gratuita. "Nós gostamos de dizer que somos movidos por pensar o que ninguém parou para pensar e por utilizar tecnologia para simplificar a vida das pessoas", diz João Vitor. Segundo João Vitor, para 2023, a ideia é investir em duas frentes: levar mais produtos e serviços para os EUA e consolidar a parte não financeira do app por aqui. "Queremos manter o posto de única companhia a combinar tudo para a vida financeira e não financeira dos clientes", diz. Mas que ninguém duvide que nos próximos meses esse belo-horizontino de 40 anos anos surpreenda com algum passo ainda mais ousado. Não se pode impor limites a quem pintou de laranja a Times Square.