
Gustavo é o nome mais conhecido da arquitetura contemporânea mineira. Saíram das pranchetas de seu escritório, o Gustavo Penna Arquitetos & Associados (GPA&A), algumas obras que ajudaram a mudar para melhor a paisagem do estado, como o Novo Mineirão, o Museu de Congonhas, o Museu de Sant’Ana, o edifício anexo à Academia Mineira de Letras, o Expominas, a Escola Guignard, o Parque Ecológico da Pampulha e o Memorial da Imigração Japonesa. Ele se orgulha em lembrar que tem obras erguidas em quatro patrimônios culturais da humanidade: Pampulha, Congonhas, Ouro Preto e Brasília. Na capital federal, foi concluído no final de 2022 o SesiLab, implantando no edifício do Touring Club do Brasil, de Oscar Niemeyer. Localizado no Setor Cultural Sul de Brasília, ao lado da Plataforma Rodoviária do Plano Piloto, o museu interativo mantém as características externas do prédio. Dentro, ganhou um complexo multiuso inspirado no californiano Exploratorium, museu de ciência, tecnologia e artes idealizado há 40 anos pelo físico Frank Oppenheimer. "Em menos de um ano passaram por ali mais de 250 mil visitantes", diz Gustavo. "É como dizem Fernando Brant e Milton Nascimento, 'o artista tem de ir aonde o povo está'."



Casado há 50 anos com a psicóloga e artista plástica Maria Cristina Resende Penna, Gustavo é pai de Laura, Gabriel e Diana. Tem seis netos. Mora em Lourdes há 25 anos, em um edifício projetado por ele mesmo, mas curte mesmo os momentos em seu sítio em Lagoa Santa. Lá, o conhecido falador diz perder a noção do tempo em silêncio, observando as montanhas e ouvindo chapinhas e pássaros-pretos de quem imita o piado. É bastante crítico das metrópoles, com seus "viadutos horrendos, passarelas horripilantes, túneis tenebrosos". Para ele, os administradores parecem ter raiva da beleza, apesar de a beleza ser fundamental para o processo civilizatório. Ele costuma dizer que o que mais se vê nas cidades são "prédios mudos", que não conversam com o que está em seu entorno. E bastaria considerar algumas coisas da rua em que o novo edifício estará, o bairro e os imóveis vizinhos, que já haveria um diálogo. E se esse diálogo for de beleza, a cidade se torna menos "brutal". "Onde a cidade é gentil, as pessoas são mais felizes", afirma. "Muitas vezes, o arquiteto é visto como um artigo meio que de luxo, mas arquitetura é ferramenta de viver. Quanto melhor a ferramenta, melhor a vida."

Seu escritório começou a ganhar maior visibilidade a partir da década de 1980, em especial quando venceu um concurso para a Sede da Casa do Jornalista de Belo Horizonte – apesar de o projeto nunca ter saído do papel. De lá para cá, foram diversos prêmios, como o World Architecture Festival de 2014, com o Monumento à Liberdade de Imprensa; o Architizer A+Awards de 2015, com as estações do Move; o Prix Versailles de 2018, com o Ateliê Wälls; e o IF Design de 2020, com o Memorial da Imigração Japonesa. O mais recente foi o Architizer A+Awards de 2022, com a sede da Carmo Coffees, à beira da Rodovia BR-381, na cidade de Três Corações. "O Gustavo é uma referência não só da arquitetura mineira como brasileira. É reconhecido nacional e internacionalmente", diz o arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, que tem 17 anos a menos que Gustavo Penna e é autor, entre outros, do projeto da Arena MRV. "Seus trabalhos têm uma característica em comum: muita poesia." A arquiteta e urbanista Jô Vasconcellos conhece Gustavo Penna há cinco décadas, desde os tempos em que se encontravam nas salas e corredores da Escola de Arquitetura da UFMG. "Além de uma potência, ele é um amigo amoroso, engraçado, alegre e alto astral", diz. "Tem um traço bonito e elegante. Cada projeto seu é uma surpresa."


Voltando à escada, metáfora da vida, em que parte dela Gustavo Penna está? Na que oferece mais desafios ou na que dá segurança? "Gosto de pensar que eu já estou na segunda metade", afirma. "Mas sei que às vezes me pego na primeira parte. Isso acontece quando começo um novo projeto, por exemplo." Mesmo com 50 anos de carreira, obras no Brasil e no exterior, reconhecimento de seus pares, fazer o primeiro risco no papel em branco ainda é desafiador.