Estado de Minas GASTRONOMIA

Estabelecimentos de BH capricham nas receitas de drinques sem álcool

Traduzindo para o português, mockdrinks ou mocktails são drinques ou coquetéis de mentira. É assim que as bebidas não alcoólicas são conhecidas


postado em 25/01/2024 00:58

(foto: Divulgação)
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O final de ano parece uma confraternização sem fim. Toda hora tem um encontro, uma comemoração entre amigos, família ou com a turma do trabalho. E para quem não gosta de beber, o negócio era ficar só na água, suco ou refrigerante. Mas isso vem mudando. Tudo começou quando pipocaram pela internet movimentos que defendem uma pausa do consumo alcoólico, como o Dry January ou Sober October. A ideia de um detox fez com que o mercado entendesse que o consumidor estava atrás de uma experiência diferente, que valesse mais o brinde do que a onda. "Não são só os que estão dirigindo ou em horário de trabalho. Existe aquele cliente que está em busca de hábitos mais saudáveis e evita ingerir álcool em todos os momentos de descontração", explica Pablo Maio, sócio do Carimbó, casa especializada em sucos, drinques e cremes com frutas brasileiras, principalmente amazônicas, localizada no Mercado Novo.

Entraram em cena então os mockdrinks ou mocktails, que significam drinques e coquetéis "de mentira". A dona do Madame Geneva, Bel Leite, diz que eles são uma boa solução para algumas cobranças que acabam acontecendo durante uma confraternização. "Um fator que deve ser levado em conta é que o drinque sem álcool é uma também uma forma de se evitar certas pressões sociais sobre as pessoas que optam em não beber. Isso cria uma atmosfera mais acolhedora para todos", pondera.

Bruce Moreira, diretor criativo do Ofélia, diz que de terça a quinta o consumo de coquetéis não etílicos aumenta. "Talvez seja porque algumas pessoas preferem não beber durante a semana", diz. "Apesar de vendermos muitos drinques alcoólicos, percebemos que, aos poucos, tem crescido essa demanda", completa ele, que tem em seu cardápio doze diferentes opções de mocktails.

Para criar um bom drinque não basta só retirar o álcool do preparo, é preciso encontrar um equilíbrio de sabores, como explica Caio Corradi, sócio do The House Food & Fun. "É necessário que se mantenha a complexidade, com fidelidade à versão original, fazendo substituições inteligentes dos elementos alcoólicos", afirma.

A seguir, listamos sete estabelecimentos em Belo Horizonte que oferecem uma coquetelaria pensada exatamente em você, que não abre a mão de brindar, mas dispensa a ressaca.

Ofélia

(foto: Divulgação)
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Faz tempo que o Ofélia é endereço certo para quem quer experimentar uma coquetelaria com personalidade. Só para se ter uma ideia, na categoria de mocktails existem doze opções - e isso significa apenas 15% de todo cardápio. "Drinque sem álcool traz uma leveza para os encontros e as pessoas que não bebem se sentem mais à vontade em um happy hour", explica o diretor criativo da casa, Bruce Moreira. Com dois anos de funcionamento, o Ofélia tem como inspiração para os drinques as cartas de tarô, desenvolvidos por Jocassia Coelho. Atualmente, quem comanda o bar é a mixologista Jess Garcez. O coquetel mais vendido é o Venus’ Secret, combinação de hibisco, frutas vermelhas, hortelã e finalizado com agua com gás (R$ 17,90). Para harmonizar, Bruce sugere o X Baozi que aparece também na versão vegana e leva burguer de cogumelos, caponata de berinjela, guacanese, sunomo de laranja Bahia e nori no pãozinho oriental no estilo bao bun. O Mago, que é um clássico preparado com vodca, purê de manga, espuma de gengibre, erva doce e anis, também pode ser preparado sem álcool As sodas italianas (R$ 14,90) aparecem em sete diferentes sabores: manga, morango, baunilha, amora, romã, violeta e amêndoas.

Carimbó

(foto: @luzita_/Divulgação)
(foto: @luzita_/Divulgação)
Cerca de 25% dos coquetéis da carta são preparados sem álcool. Localizado no Mercado Novo, no Centro, o Carimbó traz os sabores do Brasil - principalmente os amazônicos - para o copo (ou tigela). Especializada em drinques, sucos e cremes, a casa investe em combinações surpreendentes, que fogem do óbvio. "Buscamos por meio das frutas nativas oferecer sabores inusitados, para não cair no lugar comum dos sucos tradicionais", explica Pablo Maia, que toca o negócio com a mulher, Linda Clara. Mestre e professor em Geografia, Pablo é um entusiasta dos biomas brasileiros e suas culturas. Das cinco opções não alcoólicas, o mais vendido é o Ginger Ale com limão e espuma de taperebá. As sodas de cupuaçu com hortelã; taperebá com laranja e limão; e de graviola com limão siciliano e gengibre também fazem muito sucesso. Qualquer uma das bebidas custa R$ 10 e R$ 20, com 380 ml e 580 ml, respectivamente. O segredo para preparar esses coquetéis é, segundo Pablo, "trabalhar com bastante frescor, de forma a oferecer um prazer sensorial para o cliente enquanto bebe, não sentindo a falta do álcool".

Garagem do Cab

(foto: Divulgação)
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O motorista da rodada tem vez no Garagem do Cab. "Existem pessoas que não consomem álcool ou simplesmente não querem beber naquele dia, mas que desejam ter uma experiencia gastronômica e compartilhar aquele momento com os amigos e a família", explica o mixologista Xandão Loureiro, que chefia o bar. Para ele, nem sempre dá certo retirar o álcool da receita para criar um coquetel. "Muitas vezes temos que equilibrar ou adaptar os ingredientes", completa. Das 40 opções de drinques, seis são mocktails e o que mais sai é o Boca de Groselha, morango, framboesa, limão siciliano, soda de hibisco e espuma de baunilha (R$ 18). Para harmonizar, a dica é o dadinho de queijo com barbecue de goiabada. Para o verão, Xandão vai trazer a soda de cajuína com limão capeta. "Refrescante, leve e saborosa. Combina o doce natural do suco de caju clarificado e o cítrico perfumado do limão", diz.

Moema

(foto: Divulgação)
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Saem o Aperol e a cachaça de cena. Os drinques mais vendidos do Moema, Augusta e Ibira (R$ 15, cada um), também são preparados na versão sem álcool. O primeiro é feito com morango, notas de framboesa, suco de laranja e espuma de tangerina. Já o Ibira mistura maracujá, notas de banana e suco de laranja. O mixologista Tiago Santos acredita que é essencial ter conhecimento de cada ingrediente para se chegar a uma receita bem elaborada. Ele dá como exemplo, o uso dos limões: "O taiti, siciliano e capeta trazem resultados distintos. O taiti é mais azedo e pouco aromático; o siciliano tem uma acidez média e muito aroma; já o capeta a acidez é mais baixa." Outro que faz sucesso entre os não etílicos é o Espresso Tônica (R$ 15), café expresso, tônica e limão. Para acompanhar, vale pedir uma porção de coxinha de pastrame. "Todas as idades e públicos adoram coquetéis sem álcool. E temos uma venda expressiva, principalmente na hora do almoço ou em tardes de sol", diz Tiago.

El Mai

(foto: Victor Schwaner/Divulgação)
(foto: Victor Schwaner/Divulgação)
O El Mai é um restaurante dois em um. Literalmente. São duas cozinhas totalmente separadas, a japonesa e a contemporânea - esta, com cardápio assinado pelo chef Felipe Rameh. Mas se olharmos bem, podemos dizer que o El Mai é também um dos melhores lugares para tomar um bom drinque na cidade. A carta, assinada pelo mixologista Daniel Goursand, conta com coquetéis não alcoólicos e alguns tradicionais também podem ser adaptados para não etílico. "É uma ótima solução para quem quer interagir com os amigos sem precisar ficar apenas no suco e refrigerante", explica a sócia Carolina Caram. O queridinho da clientela é o Mandarin pool, uma combinação de gin, tangerina com suco de maçã, limão e espuma de tangerina. Equilibrado entre o doce e o ácido, o Mai punch é preparado com tangerina, hibisco e finalizado com espuma de tangerina. Já para quem prefere as frutas vermelhas, o melhor pedido é o Red berry, purê artesanal de morango, maracujá, soda de greap fruit e espuma de gengibre. Qualquer um deles custa R$ 24.

Madame Geneva

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Bel Leite, proprietária do badalado Madame Geneva, diz que nos últimos seis meses tem sentido um aumento da procura por drinques sem álcool. "Nosso público é 40+ e tenho percebido que existe uma demanda de pessoas em busca de uma vida mais saudável, mas que gostam de drinques", explica. Para ela, um coquetel não alcóolico precisa ser pensando com cuidado abusando do uso de ingredientes frescos e sucos recém espremidos para se obter sabores mais intensos. "Evitar adoçantes artificiais, dando preferência para o uso de mel ou xaropes simples para adoçar da forma mais natural possível. Além de levar em consideração a textura, adicionando gelo, água com gás ou até mesmo elementos frutados para criar uma sensação agradável na boca", diz. A carta é assinada pela mixologista Jezebel, que criou quatro mocktail e prepara mais quatro para a temporada de verão. O mais pedido, Burlesca, é uma adaptação de sua versão alcoólica e traz a clássica combinação de abacaxi com coco (R$ 23). Para acompanhar, pastel de moquequinha de camarão é perfeito.

The House Food & Fun

(foto: Gustavo Duarte/Divulgação)
(foto: Gustavo Duarte/Divulgação)
Por ali, os drinques sem álcool vendem mais que refrigerantes. Com capacidade para 250 pessoas divididos em dois andares, o The House Food & Fun, no Funcionários, tem decoração inspirada em filmes e séries, o que torna o ambiente muito, muito Instagramável. Uma turma jovem e descolada se reúne para comer e beber tendo como pano de fundo o sofá laranja de Friends ou ainda, jogando em um dos videogames que ocupam algumas mesas. A carta de drinques é assinada pela sócia Clarissa Emediato e conta com dez opções de mocktails. Entre os mais pedidos estão o Icy lemon twist, sucos de limão siciliano, taiti e capeta, hortelã e um toque de água de coco. Para completar, picolé de coco traz ainda mais frescor (R$ 26). Já o Wizbeer é composto por xarope secreto de especiarias, refrigerante de limão artesanal e espuma cremosa de baunilha (R$ 32). "É uma adaptação à nossa cerveja de bruxo", explica o sócio Caio Corradi, referindo-se a Butterbeer, a bebida do filme Harry Potter.

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