Brasil ocupa a segunda posição no ranking internacional de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos: em 2021, foram mais de 1,6 milhão de intervenções, o que representa um aumento de 25% em relação ao ano anterior - Foto: PixabayAs cirurgias plásticas são procedimentos que já fazem parte do linguajar comum do brasileiro. Com o avanço da internet e a imposição de padrões de beleza, em muito devido à influência das redes sociais, cada vez mais pessoas têm se submetido a intervenções estéticas. Segundo levantamento divulgado em 2022 pela Sociedade Internacional da Cirurgia Plástica (Isaps), o Brasil ocupa a segunda posição no ranking internacional de realizações desse tipo de intervenção, perdendo apenas para os Estados Unidos. Em 2020 foram realizadas 1,3 milhão de cirurgias plásticas por aqui. Já em 2021, foram mais de 1,6 milhão de intervenções, o que representa um aumento de 25%. Dessas, cerca de 260 mil foram lipoaspirações. A morte da influencer Luana Andrade, de 29 anos, no início de novembro, durante um procedimento de lipoaspiração, trouxe mais uma vez às manchetes os riscos inerentes a esses procedimentos, assim como de qualquer cirurgia, frise-se.
Cíntia Mundin ressalta o cuidado na preparação para a operação, afinal, é uma intervenção eletiva e não uma cirurgia de urgência: "Ela só deve ser agendada após a submissão do paciente a exames prévios e a confirmação de que todos esses exames estejam normais" - Foto: Paulo Márcio/Encontro/ArquivoProfissionais da área destacam que as cirurgias plásticas não podem ser rotuladas como vilãs. Em muitos casos, elas cumprem um importante papel para a autoestima dos pacientes.
É essencial, no entanto, que os riscos sejam minimizados. Para a cirurgiã plástica Cintia Mundin, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, é importante o cuidado na preparação para a operação, afinal, é uma intervenção eletiva e não uma cirurgia de urgência. "Ela só deve ser agendada após a submissão do paciente a exames prévios e a confirmação de que todos esses exames estejam normais." O cirurgião plástico Alexandre Meira, que presidiu a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) nos anos de 2018 e 2019, diz que deve-se, entre outras medidas, analisar os riscos e benefícios dos procedimentos, suas consequências positivas e negativas a longo prazo e avaliar e alinhar espectativas de resultados (veja esta e outras recomendações ao final do texto). "E é importante sempre discutir com o médico a real necessidade ou indicação da intervenção cirúrgica", afirma.
Alexandre Meira fala sobre a importância da escolha de quem irá realizar o procedimento estético: "Vários profissionais da saúde não médicos têm se aventurado nesta área com interesse econômico, financeiro, sem formação adequada para isto" - Foto: DivulgaçãoInformação e saúde andam de mãos dadas. Por isso, antes de se decidir por uma cirurgia plástica, deve-se pesquisar bastante sobre o assunto, assim como a respeito do profissional escolhido. "Vários profissionais da saúde não médicos têm se aventurado nesta área com interesse econômico, financeiro, sem formação adequada para isto", diz Alexandre. "Todo e qualquer procedimento estético tem risco, por isso deve-se perguntar ao médico sobre quais são esses riscos, além de indicações e limitações dos resultados."
Cíntia reforça o quão importante é conhecer a certificação do profissional que realizará a cirurgia plástica, além de conhecer seu próprio histórico médico e se preparar para a cirurgia sem pular etapas. "Primeiro, é importante se certificar de que o cirurgião plástico escolhido seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e que tenha a sua especialidade registrada no CRM", diz. "Segundo, a pessoa deve fazer todos os exames pré-operatórios, de risco cirúrgico e risco anestésico solicitados pelo cirurgião. É imprescindível que o paciente esteja com a saúde perfeita para se submeter a uma cirurgia plástica estética." Também é importante analisar a real necessidade dos procedimentos. "A procura pela cirurgia plástica se dá cada vez mais precocemente, muitas vezes por influência de mídias sociais, amigos e parentes", afirma Alexandre. Ele ressalta também que os resultados devem ser avaliados individualmente "Não se pode esperar resultados idênticos ao que percebemos nas mídias e em outras pessoas."
Recomendações principais para a hora de realizar uma cirurgia plástica
- Procurar um profissional adequado, cirurgião plástico ou dermatologista (em casos de procedimentos estéticos não cirúrgicos), e conferir seus registros de especialidade (RQE) no site do CFM, seja por meio do nome ou do CRM do médico.
- Analisar os riscos e benefícios dos procedimentos, além de discutir com o médico a real necessidade ou indicação da intervenção cirúrgica.
- Analisar as consequências positivas e negativas a longo prazo, sejam 10, 15 ou até 20 anos. Vale ressaltar que é muito diferente se iniciar estes tratamentos e procedimentos aos 20, 30 ou 50 anos, por isso é importante ser uma decisão bem ponderada.
- Avaliar e alinhar expectativas de resultados com a cirurgia plástica.
- Certificar as condições do local onde a cirurgia será realizada. Em caso de intervenções estéticas simples, como procedimentos dermatológicos, estes devem ser realizados em ambientes adequados e minimamente invasivos, ou seja, em consultórios preparados e licenciados para estes fins. No entanto, intervenções cirúrgicas devem sempre ser realizadas em ambientes hospitalares capacitados para a operação.
- Apresentar condições de saúde adequadas, com controle rigoroso de eventuais doenças associadas, como diabetes ou hipertensão arterial. A realização de exames complementares pode ser necessária para procedimentos cirúrgicos, por isso deve-se passar para o médico todas as informações possíveis (alergias, uso de medicamentos ou de substâncias ilícitas, passados médicos de importância, internações e procedimentos anteriores, etc).
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