Carla Madeira, que já vendei 500 mil exemplares de seus três romances: "Nunca escrevi pensando se eu venderia muito ou não, mas é legal para qualquer artista quando isso acontece, porque é um sinal de que ele está tendo ressonância nas pessoas" - Foto: Violeta Andrada/EncontroCarla Madeira chegou como um furacão às prateleiras dos leitores brasileiros. Desde o lançamento de Tudo é Rio, publicado de forma independente em 2014 e relançado em 2021 pela Editora Record, a jornalista e publicitária mineira, de 59 anos, conquistou um sucesso raro para quem estreia no ramo. O alto padrão foi mantido nos lançamentos seguintes, Véspera e A Natureza da Mordida. Em 2023, a mineira superou a marca de 155 mil livros vendidos, compondo um total de 500 mil durante toda a carreira. "Nunca escrevi pensando se eu venderia muito ou não, mas é legal para qualquer artista quando isso acontece, porque é um sinal de que ele está tendo ressonância nas pessoas", diz Carla.

Esperados ou não, os números colocaram Madeira entre os dez autores de ficção mais vendidos no mundo no ano passado - sendo a única brasileira a figurar no ranking geral da categoria -, conforme dados apresentados pela Nielsen, empresa global especializada em percepções, dados e análises de audiência. No Brasil, Carla foi a escritora que mais vendeu livros em 2023, ficando a frente de nomes como Clarice Lispector (segunda colocada) e Paulo Coelho. A escritora também ganhou destaque no ranking elaborado pela revista Veja, que elencou os livros mais vendidos de 2023. O best-seller Tudo é Rio conquistou o quarto lugar na categoria de ficção e colocou a autora mineira na mesma lista de escritores como Colleen Hoover e George Orwell.

Se hoje Carla se tornou uma escritora consagrada, nos bastidores da comunicação ela já era reconhecida pelo trabalho que desenvolve como jornalista, publicitária, diretora de criação e sócia da agência de comunicação Lápis Raro. O trajeto que levou à produção dos livros foi natural e começou com o amor pela criação. "Eu dei aula na UFMG de Redação Publicitária, então eu já tinha uma vivência grande com a escrita. Desde nova, eu tocava violão, compunha, pintava. Sempre trabalhei muito com essas linguagens artísticas", afirma. "A uma certa altura da minha vida profissional, eu comecei a escrever algo mais autoral. Não tinha pretensão que fosse um livro, mas fui gostando daquilo que eu estava fazendo e continuei escrevendo."

A inspiração veio da própria vida e dos acontecimentos cotidianos. "É uma situação que eu vejo, uma conversa que eu tenho. A inspiração vem de muitos lugares", diz. "Eu tenho uma convicção de que escrever é se colocar em processo de escuta. É alguma coisa que vem e em vez de desprezar você passa a ouvir, considerar, se envolver com aquela pergunta. E dá vontade de escrever sobre isso." Sobre a identificação do público com seus livros, Madeira acredita que se dê ao fato de as obras trazerem questões sobre as quais os leitores já estavam pensando, como violência de gênero, perdão, crenças e a família como um núcleo central para o desenvolvimento das potências de bem e de mal. "O que me abre para o novo anda comigo há muito tempo. Eu acho que essas histórias interessam porque, de alguma maneira, isso ilumina ou sintetiza alguma coisa que já está dentro das pessoas."

Para os fãs das obras de Carla Madeira, uma boa notícia: o quarto livro já está no forno, mas será concebido com a calma que o processo exige. "Já tem um tempo que eu estou trabalhando nele, mas eu acho que ainda tem muita coisa a ser feita", diz a autora. "O importante é a minha imersão e vai levar o tempo que ele tiver que levar. Não tenho uma previsão exata." Enquanto aguarda, o público também pode se envolver com os bastidores do que vem por aí. Os três livros de Carla Madeira foram vendidos para a produção de filmes e séries e devem ganhar, em breve, suas versões nas telas. "Véspera já está sendo roteirizado; Tudo é Rio ainda está em fase de pré-produção; e A Natureza da Mordida está com a negociação encaminhada. As três obras devem ganhar uma história no audiovisual."

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Alberto Pinto Coelho