
O design com linhas fluídas e com marcante charme francês é, sem dúvida, um dos pontos fortes do Megane E-Tech. Em um concurso de design entre os elétricos de sua categoria o E-Tech leva com facilidade o título de mais atraente. Ao primeiro contato, chama a atenção as maçanetas ocultas nas portas dianteira. Ao se aproximar com a chave no bolso a presença é detectada e os puxadores das portas dianteiras se manifestam, saindo do orifício onde se escondem.
O Megane E-Tech se enquadra no segmento dos crossovers (uma mistura de hatch com SUV, como o Nivus da Volkswagen). O primeiro lote de 320 unidades chegou nos últimos meses de 2023 com preço de lançamento de R$ 279.900. Hoje, as concessionárias da marca praticam o preço promocional de R$ 253.310 (com nota fiscal de fábrica) e entrega em 20 dias, apurou nossa reportagem na concessionária Minas France de Belo Horizonte.
Para quem procura um SUV (ou Crossover) médio compacto 100% elétrico, o Megane E-Tech é hoje uma das poucas opções disponíveis. Na BYD, o concorrente direto é o Yuan Plus, que é um pouco maior em comprimento (4,45 m), largura (1,87 m) e altura (1,61 M) e está sendo vendido por cerca de R$ 230 mil. Produzido na França na plataforma modular CMF-EV, o Megane E-Tech tem 4,20 metros de comprimento – o mesmo tamanho do VW T-Cross. Já a distância entre eixos do hatch francês elétrico, com 2,69 metros, é maior. A do T-Cross é de 2,65 metros. O porta-malas, com capacidade de 440 litros, é mais amplo do que a média da categoria dos SUVs compactos com que concorre. A boa distância entre eixos e a ausência do túnel central (que toma espaço em veículos com motores térmicos) garante um bom espaço para acomodar com conforto quatro adultos.

A tecnologia e conectividade presente no Megane E-tech é completa e de última geração. Um diferencial, já visto em alguns modelos da BMW e da Mercedes Benz, assim como no recém-chegado Hyundai Ioniq 5, é a junção de duas telas no painel – o painel de instrumentos com 12,3” e a central multimídia de 9” em uma mesma peça. Na Europa, a Renault oferece uma versão do Megane E-Tech com tela central maior.
Para o mercado brasileiro, a Renault optou por trazer apenas a versão topo de linha. O motor elétrico dianteiro desenvolve potência de 220 cv com torque máximo de 30,6 kgfm. A aceleração de 0 a 100 é obtida em 7,4 segundos e a velocidade máxima é de 160 km/h, limitada eletronicamente. A autonomia divulgada é de 337 quilômetros – de acordo com o parâmetro brasileiro PBEV, aferido pelo Inmetro. A bateria, de 60 kWh, pode levar de 36 minutos a seis horas para ser carregada de 15% a 80%. Vai depender do tipo de carregador utilizado.

Dirigir o Megane E-Tech é muito prazeroso. Desde o conforto interno e a ergonomia até o comportamento e desempenho do motor. A reação imediata do torque é sensacional. O carro é ágil e silencioso, como todo elétrico. O isolamento acústico merece aplausos. A área envidraçada, apesar de limitada em decorrência da linha descendente do teto, não atrapalha a visibilidade, graças principalmente à tecnologia embarcada. O retrovisor interno pode ser substituído por imagens no monitor de uma câmera posicionada na tampa do porta-malas.
A suspensão é bem calibrada, privilegia o conforto na medida certa. Foi ajustada para as condições do piso brasileiro e na altura o carro ficou dois centímetros mais elevada em relação ao modelo europeu. Nas pistas e curvas, o Megane E-tech foi aprovado com louvor. É de tal forma colado ao chão que até esquecemos estar ao volante de um SUV (ou crossover). Isso porque o centro de gravidade é baixo auxiliado pelas baterias posicionadas no assoalho. A direção é elétrica: sinônimo de facilidade e agilidade nas de manobras. O Megane E-Tech oferece, por meio de uma tecla perto do volante, quatro modos de condução, para maior economia ou esportividade. Durante nossas impressões com o modelo, a fim de verificar a autonomia, utilizamos apenas o modo econômico.

Sentimos falta de regulagens elétricas para os bancos dianteiros e do teto solar panorâmico, que foi considerado item dispensável para o mercado brasileiro. O desafio agora é convencer o consumidor que o Megane E-Tech vale a pena. Sua garantia é a normal de todos os veículos Renault (três anos), informou representante de vendas da concessionária Minas France. Já a bateria tem garantia de oito anos, como a concorrência. Aqui é bom lembrar que os chineses BYD e GWM oferecem garantia de cinco anos para seus veículos e oito para a bateria. Os chineses, além de preços mais competitivos, oferecem o carregador Wall Box para instalação na garagem dos clientes. A Renault apenas indica onde comprar. Esse é um diferencial importante que merece maior atenção da montadora francesa.
Por último, mas não menos importante, o preço, mesmo o promocional de R$ 253 mil, pode não ser o mais convidativo. Lembrando aqui que o Yuan Plus da BYD, o concorrente mais próximo do E-Tech, já custou R$ 269 mil e hoje pode ser comprado por R$ 230 mil. Nossa reportagem pesquisou os relatórios da Fenabrave (associação dos revendedores), da Anfavea (Associação dos fabricantes) e da ABVE (associações das marcas de carro elétricos), mas não encontrou registros de emplacamentos do Megane E-Tech. A assessoria de imprensa da Renault, no entanto, esclareceu que até o final de fevereiro último, 102 unidades do Megane E-Tech foram emplacadas no Brasil.
Ficha técnica do Megane E-Tech
- Motor: Elétrico, eixo dianteiro, tração dianteira
- Potência: 220 cv
- Torque: 30,6 mkgf
- Baterias: Íons de lítio, 60 kWh
- Autonomia: 337 km
- Aceleração entre 0 e 100 km/h: 7,4 segundos
- Velocidade máxima: 160 km/h (limitada eletronicamente)
- Comprimento: 4,20 m
- Largura: 1,77 m
- Altura: 1,52 m
- Distância entre eixos: 2,69 m
- Capacidade do porta-malas: 440 litros
- Peso: 1.680 kg
- Preço sugerido: R$ 279.900
- Preço promocional no momento: R$ 253.310