Passar por experiências como essas é uma novidade na vida desse servidor público que ingressou como funcionário do Banco Central ainda jovem, na década de 1970. Depois, trabalhou no Tesouro Nacional, foi secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República, diretor do Banco do Brasil e presidente da BrasilPrev, além de consultor do Fundo Monetário Internacional para o governo de Cabo Verde. No governo de Minas, foi secretário da Fazenda, de Transporte e de Obras Públicas, além de presidente da Gasmig, entre outras funções. Foi chamado para ser candidato a vice-prefeito na campanha de reeleição de Alexandre Kalil e assumiu a administração de BH em março de 2022, quando o ex-presidente do Atlético renunciou para se aventurar na campanha para o governo do Estado daquele ano (ele foi derrotado no primeiro turno por Romeu Zema). Agora, Fuad enfrenta sua primeira campanha. E a tarefa para se reeleger não é nada fácil. Sem nunca ter participado de eleições para cargos majoritários no topo da chapa, ele ainda é pouco conhecido, mesmo entre os belo-horizontinos. "Belo Horizonte é a cidade mais difícil de se fazer qualquer prognóstico para as próximas eleições. Se existe uma cidade brasileira com muita competição, é BH", disse, em entrevista ao Encontro, o analista político Felipe Nunes, dono da empresa de pesquisa e consultoria Quaest.
. Batizada de "Centro de Todo Mundo", uma série de intervenções prometem revitalizar a região central de BH, com obras como a inauguração do Espaço Multiuso do Parque Municipal, parado há 10 anos; requalificação das praças da Estação, Rio Branco, do Papa e da Independência; revitalização da Avenida Bernardo Monteiro; e requalificação da rua Sapucaí, entre as avenidas Assis Chateaubriand e Contorno. Só essas ações irão custar aproximadamente 100 milhões de reais. "Quando eu era criança, minha mãe me trazia para passear na cidade. Eu saía de bonde do Padre Eustáquio e vinha para o que chamamos de Belo Horizonte. Hoje, as pessoas se afastam do centro, porque ficou perigoso, não tem atrativos… Quero mudar isso", diz Fuad. "Vamos, por exemplo, demolir aquele monstrengo anexo ao Conjunto Sulacap-Sulamérica, que não estava no projeto original, e devolver a vista para o viaduto Santa Tereza; trazer moradores para prédios vazios; beneficiar quem fizer o retrofit de edifícios abandonados. As pessoas poderão voltar a morar aqui." Para aumentar a segurança e a sensação de segurança, foram instaladas 4 mil câmeras, com monitoramento 24 horas pela Guarda Municipal. Ainda dentro do projeto Centro de Todo Mundo, a prefeitura irá revitalizar a Avenida Afonso Pena, com implantação de faixa exclusiva para ônibus, ciclovia e mudança na sinalização, além de fresagem e recapeamento do asfalto.
. Uma polêmica de seu governo foi o corte de árvores no entorno do Mineirão, para que a cidade possa receber pela primeira vez uma etapa do campeonato de stock car, entre os dias 15 e 18 de agosto. "Foi uma polêmica puramente eleitoral", defende-se Fuad, sem alterar o tom de voz. "Nós cortamos 63 árvores e plantamos a mesma quantidade, das mesmas espécies, do mesmo tamanho, no mesmo microclima, na mesma semana." Segundo o prefeito, a terceira cidade mais arborizada do Brasil." Estima-se que, com a vinda da stock car, serão injetados 200 milhões de reais por ano na cidade, até 2028. São esperados mais de 30 mil turistas e a prova principal será exibida para 153 países. Por ser uma cidade cuja vocação econômica é de serviços e comércio, a atração de eventos é comemorada. Este ano, o carnaval bateu recorde de recursos movimentados, com quase 1 bilhão de reais injetados na economia durante os dias de folia, segundo dados da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). Em 2022, BH foi escolhida a melhor capital do sudeste para empreender, de acordo com o Índice de Concorrência dos Municípios (ICM), do Ministério da Economia.
. Apesar de ter apoiado a eleição de Lula à presidência em 2022, Fuad garante que não há nenhum compromisso para que o atual ocupante do Palácio do Planalto trabalhe por sua reeleição. "Meu apoio foi condicionado a trazer benefícios para BH. E isso tem acontecido." Segundo ele, Bolsonaro não ligava para a capital mineira e no mapa do Brasil da sala da presidência "tinha um buraco negro no lugar de Belo Horizonte". Agora, ele comemora que ao passar por Brasília é bem recebido pelos ministros. "Nós estamos sendo atendidos com cuidado e isso faz diferença, mas em momento algum nos comprometemos eleitoralmente. Estando no segundo turno – e eu tenho confiança de que estarei – quero todo mundo que tem o desejo de ajudar nossa capital do meu lado." O ex-prefeito Alexandre Kalil é outro político que tem seu apoio cobiçado, não apenas por Fuad, mas por outros pré-candidatos. Até o fechamento desta edição, no entanto, ele não havia declarado em que palanque estará.
. Formado em ciências econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) e pós-graduado em programação econômica e execução orçamentária, Fuad é doutor honoris causa pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Mas não são apenas os números que o atraem. Ele é autor de três romances: O Amargo e o Doce (2017), Cobiça (2020) e Marcas do Passado (2022). Casado há 51 anos com Mônica Drummond, é pai de Paulo Henrique e Gustavo. Tem quatro netos. Em seu "Canto do Cisne", como costuma dizer, o prefeito recorre a uma lembrança de seu passado para reforçar o desejo de continuar a frequentar o prédio em estilo art déco projetado pelo arquiteto Luiz Signorelli, na Avenida Afonso Pena, em frente ao Parque Municipal. "Quando eu nasci, meu pai era garçom. Eu também fui garçom. Servir está no meu sangue." Resta saber se os eleitores mineiros vão pedir: "Mais uma rodada, Fuad".
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