
Desde 2022, é ela quem comanda a ABCCMM em um mandato de quatro anos, que termina em 2025 e não tem reeleição - uma mudança feita no estatuto na gestão atual, "para haver alternância", como ela diz. A associação nacional tem mais de 24 mil filiados que, juntos, têm um plantel de mais de 745 mil animais. À frente da ABCCMM, Cristiana contabiliza algumas conquistas importantes e dissocia o fato de ser uma mulher de sua eleição para o posto: "Na verdade, não acho que este seja um desafio ligado à questão de gênero. O ambiente ainda é predominantemente masculino, mas observamos que, embora apenas 18% do nosso quadro de associados sejam mulheres [proprietárias], existe um universo feminino enorme se movimentando no entorno", diz. Ela argumenta que há uma mudança visível acontecendo, com mais mulheres assumindo a sucessão de famílias nos haras. "Isso é crescente. Quando eu comecei, há 35 anos, eram poucas as mulheres com grande atuação nesse meio. Quem está mandando agora somos nós!", comemora, ao lado da empresária paulista Ana Carolina Megale (Haras Zel, localizado em Ouro Fino, MG), vice-presidente do Marchadores para a Vida. O instituto, que integra a associação, atua na área social, atendendo várias instituições pelo país com as doações recebidas.



Para a empresária, "o mangalarga marchador não é um hobby e a equinocultura, ao contrário do que se imagina, é uma parte expressiva do agronegócio brasileiro. O setor movimenta R$ 30 bilhões por ano no Brasil e 31% são devidos ao mangalarga marchador, raça que tem a maior fatia (R$ 9,3 bilhões) desse total", diz a diretora-presidente da ABCCMM, citando o trabalho do professor Roberto Arruda, da Esal/USP, para falar desses números da economia. "Ele [Arruda] fez um amplo estudo sobre o tema que acompanha em qual contexto a raça está contida". Segundo Cristiana, o impacto econômico envolve "toda a cadeia produtiva (ração, vestuário, serviços, reprodução e comercialização de animais, etc.), que gera em torno de 3 milhões de empregos no Brasil, o que também é bastante relevante comparado com outros setores da economia".

Daniel Borja, dono do Haras Siriema e ex-presidente da ABCCMM, participou da 41ª Exposição Nacional e levou para casa alguns troféus, como o primeiro prêmio Marcha e Categoria, com a égua Havana Siriema Borovica. Ele conta que mais dois cavalos seus também foram premiados: o Quebruto de Alcateia (Reservado Campeão de Marcha e Categoria) e o Okane da Muralha de Pedra (Reservado Campeão de Marcha). Borja elogia o evento, dizendo que "foi excelente, com uma estrutura cada ano melhor (arquibancadas, gastronomia) e, o mais relevante, uma tropa de muita qualidade". Para Manoel Campos, do Haras Picadão, que fica em Teodoro Sampaio - a 100 quilômetros de Salvador -, a exposição deste ano foi muito especial. O criador baiano e diretor da associação, que há 11 anos trabalha com mangalarga marchador, é participante ativo e pela primeira vez trouxe apenas um animal, o Hacker do Picadão. Pois não é que ele se sagrou Campeão Cavalo Júnior de Marcha Picada e Reservado Campeão de Marcha Cavalo Júnior? Manoel diz ainda que "tem sido um prazer conviver e participar da gestão da Cristiana Gutierrez à frente da ABCCMM ao longo desses últimos anos". De acordo com o empresário, a experiência de vida e empresarial de Cristiana "tem ajudado muito a redefinir processos e dedicar a atenção a pautas tão importantes da nossa associação". E completa: "Sua liderança participativa, estimulando sempre o consenso da diretoria nas principais decisões, é uma das suas características mais marcantes e com certeza o olhar feminino, mais atento a detalhes, multitarefas e sensibilidade, faz toda a diferença".


