Clima seco, vento e exposição prolongada ao ar-condicionado podem ressecar o ambiente e acelerar a evaporação das lágrimas, resultando na chamada "síndrome do olho seco". Essa condição se agrava ainda mais com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, que reduzem a frequência de piscar, levando ao ressecamento dos olhos. Outro fator determinante é o envelhecimento do organismo que, com o passar dos anos, tende a reduzir a produção de lágrimas. Para prevenir tantos danos à visão, é preciso superar os maus hábitos e modificar alguns comportamentos. "Classicamente, o olho seco sempre foi uma doença da longevidade, mas com o advento das telas, a ausência de piscar adequado e a maior exposição à poluição e ao ar condicionado, temos observado a presença de ressecamento ocular também em jovens e crianças", diz o oftalmologista Marcus Vinicius Cardoso de Souza, diretor clínico do Hospital de Olhos Rui Marinho.
Alguns pacientes, diz o médico, naturalmente produzem menos lágrimas, o que pode ser decorrente de outras alterações, muitas vezes inflamatórias ou imunológicas, relacionadas com medicamentos, nutrição, doenças endocrinológicas ou reumatológicas. Mas, também, existem aqueles que possuem o chamado "olho seco evaporativo", que ocorre quando a lágrima evapora muito rápido, sem se fixar sobre a superfície do olho. "Esse tipo está mais relacionado a alterações oculares e à redução da oleosidade lacrimal", explica Marcus Vinicius. Seja qual for a origem do problema, a prevenção é sempre o melhor caminho. Quem passa muitas horas diante do computador, por exemplo, pode adotar medidas simples como manter a tela ao nível dos olhos, com uma distância de conforto de cinquenta centímetros e dar pausas de 20 segundos a cada 20 minutos de exposição.
Uma piscadela dura cerca de 150 milissegundos, o que significa que o olho humano pisca em torno de 5 vezes em apenas 1 segundo e de 15 a 20 vezes por minuto. Considerando que piscamos apenas de 6 a 8 vezes por minuto quando estamos diante de um aparelho eletrônico, os cuidados preventivos se justificam. Nas mulheres, a síndrome do olho seco surge especialmente após os 50 anos, quando fatores hormonais como a menopausa intensificam os riscos. "Além disso, certos medicamentos, como anti-histamínicos, antidepressivos e medicamentos para pressão alta, podem ter efeitos colaterais que reduzem a produção de lágrimas", afirma a médica Daniella Nazih Danif, da Clínica de Oftalmologia do Hospital Felício Rocho. Condições médicas, diz ela, como doenças autoimunes, diabetes e problemas na tireoide também estão associadas à doença.
A especialista alerta que, quando não tratada corretamente, a síndrome do olho seco pode evoluir e gerar complicações. As consequências incluem inflamação e danos à superfície ocular, infecções oculares recorrentes, desconforto constante, visão borrada e úlceras na córnea que podem resultar em perda de visão. O tratamento de condições como o olho seco evaporativo e a Disfunção das Glândulas de Meibomius (DGM) inclui o uso de lubrificantes tópicos, suplementação oral de ácidos graxos essenciais, antibióticos tópicos e sistêmicos, corticosteroides e imunomoduladores tópicos. "Uma inovação promissora no tratamento da síndrome do olho seco é a tecnologia de luz intensa pulsada (IPL) que age reduzindo a vasodilatação e os efeitos das alterações vasculares", diz Daniella.
Hábitos para proteger a saúde dos olhos
- Manter a tela do computador ao nível dos olhos, com uma distância de conforto de cinquenta centímetros e dar pausas de 20 segundos a cada 20 minutos de exposição;
- Usar lubrificante ocular a cada três horas;
- Não ler em ambientes com pouca luz ou quando se está em movimento;
- Evitar esfregar os olhos para que não ocorra o rompimento de pequenas veias;
- Utilizar somente óculos de sol capazes de bloquear de 99% a 100% dos raios UVA e UVB;
- Ter uma dieta rica em vitaminas, antioxidantes e ômega 3;
- Ingerir bastante água;
- Fazer consultas regulares ao oftalmologista.