Revista Encontro

ARTES PLÁSTICAS

Natureza e lirismo se entrelaçam nas obras de Sofia Ferreira Gonçalves

A artista plástica tem o Monet, o mestre do impressionismo, como sua maior inspiração

Daniela Costa
Distante das normas rígidas da arte acadêmica, Sofia Ferreira Gonçalves prefere trilhar os caminhos da intuição e do lirismo: "O que o outro vê nem sempre é o que pretendemos mostrar, e é nessa incerteza que reside a beleza", diz - Foto: Pádua de Carvalho/Encontro
O primeiro encontro de Sofia Ferreira Gonçalves, de 33 anos, com sua veia criativa, deu-se através dos desenhos e das atividades manuais da infância. O afeto pela arte, nutrido desde cedo, conduziu esta artista plástica por caminhos que abraçaram a maquiagem, a moda e, anos depois, a pintura. "Esse despertar profundo ocorreu em 2010, quando morei na Europa e pude me perder entre museus e galerias", diz. Nascida e criada em Cláudio, cidade mineira do Centro-Oeste, a 140 quilômetros da capital, sua infância foi moldada pela natureza – cercada de jardins, hortas e animais que preenchiam suas brincadeiras no sítio da família. "Sou apaixonada pela natureza. É nela que encontro meus devaneios criativos e sinto a presença divina", afirma.
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Arte expressionista: paisagens lúdicas e líricas carregam as marcas das experiências vividas pela própria artista - Foto: Pádua de Carvalho/EncontroDefinindo sua obra como um figurativo expressionista contemporâneo, Sofia tem em Oscar-Claude Monet, mestre do impressionismo, sua maior inspiração. As pinceladas soltas e luminosas do pintor encontram eco na busca de Sofia por liberdade e expressão. "Sinto-me verdadeiramente livre ao pintar", diz. Para ela, a arte é a voz da alma, uma conexão profunda que transcende a intenção do artista: "O que o outro vê nem sempre é o que pretendemos mostrar, e é nessa incerteza que reside a beleza. Cada ser carrega um universo dentro de si e a arte tem o poder de tocar em lugares desconhecidos", completa. Distante das normas rígidas da arte acadêmica, ela prefere trilhar os caminhos da intuição e do lirismo.
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As criações de Sofia carregam um abstracionismo expressivo, onde a emoção é a bússola. Não à toa, suas primeiras pinturas nasceram do lápis de cor, em traços que brincavam com o lúdico. "Atualmente, estou desenvolvendo a série Surrealismo da Paisagem. Serão 12 obras que integrarão uma exposição solo", compartilha. Recentemente, suas pinturas também foram exibidas em uma exposição coletiva do grupo EVA. Para o curador e crítico Klaus Aranha, a artista enxerga o cotidiano através de um véu colorido, denotando uma ingenuidade que não dispensa a profundidade, mesclando a leveza do passado com a maturidade do presente.
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