O movimento de motoqueiros é intenso. Um vai e vem recorrente que vai trançando a cidade de uma ponta a outra. Nos baús, seguem pizzas, sanduíches, saladas, sorvetes, comida de tudo quanto é jeito para matar a fome de quem não abre mão do conforto de casa. Há também aqueles que preferem almoçar no trabalho, entre uma reunião e outra. Os motivos para pedir uma refeição são muitos, mas a conclusão é uma só: o delivery entrou definitivamente na vida do brasileiro. Para Rodrigo Cataldi, sócio do Varanda 1389, o mercado já tinha uma tendência de mudança, mas a chegada do Covid-19 e o isolamento forçado fez com que isso acelerasse. "Hoje, não consigo enxergar um restaurante funcionar sem delivery. É uma questão cultural, o cliente aprendeu a pedir. E é bom para os dois lados – conforto e comodidade para quem recebe e mais uma ferramenta de venda para o restaurante", diz Rodrigo.
Ari Balabram, da Fany Bombons, concorda. "Acredito que nenhuma empresa sobreviva sem o delivery. Ele se tornou uma nova forma de se conectar aos clientes e de estar ativo no mercado", afirma o empresário, para quem não vale tudo na entrega. Para ele, é preciso cultivar ao máximo a mesma qualidade da loja física. Tanto que, na Fany Bombons, apenas os produtos que podem ser congelados vão ao consumidor em casa. Até mesmo o destacado chocolate quente da doceria.No Brasil, o iFood tem 310 mil entregadores e movimenta 100 milhões de pedidos por mês
Essa ideia de não precisar sair para comer algo diferente ganhou um fôlego extra em 2011, com o nascimento do iFood, líder de delivery na América Latina, com mais de 40 milhões de clientes. Não é raro ver uma criança de pouca idade pedir aos pais para "pedir um iFood" e não só em memes engraçadinhos na internet, mas também na vida real. A empresa brasileira foi criada com um conceito simples: por meio da tecnologia aproximar clientes, parceiros e entregadores de forma prática. Deu certo, ou melhor, certíssimo. No Brasil, movimenta 100 milhões de pedidos por mês, por meio de um ecossistema formado por 310 mil entregadores, 350 mil estabelecimentos parceiros e presente em mais de 1.500 cidades. O impacto financeiro do negócio no mercado também aumenta a cada ano. Em 2023, as atividades do iFood movimentaram R$ 110,7 bilhões em diversos setores da cadeia produtiva nacional, o que corresponde a 0,55% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo pesquisa realizada pela Fipe, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Isso sem contar o volume de outros aplicativos como Rappi, Uber Eats e próprios dos estabelecimentos.
Ao voltar o olhar para Minas Gerais, Belo Horizonte é a cidade com o maior número de pedidos no estado. Entre as preferências de consumo dos moradores da capital aparecem os hambúrgueres, com 4,5 milhões de pedidos entre janeiro e setembro de 2024, seguidos por pizzas, com 1,9 milhão. Pratos com cortes de aves aparecem em terceiro e açaí em quarto, com cerca de 1,2 milhão e 1,1 milhão de pedidos, respectivamente. Já em relação a horários de consumo, à noite o consumidor utiliza mais o serviço, especialmente aos finais de semana. No horário do almoço, a tendência durante a semana é escolher pratos à base de frango, enquanto os cortes bovinos dominam aos sábados e domingos."O delivery se tornou uma nova forma de se conectar aos clientes e de estar ativo no mercado"
Ari Balabram - Fany Bombons
Diante deste cenário, Encontro fez uma pesquisa em suas redes para que os belo-horizontinos escolhessem os seus estabelecimentos preferidos no sistema de delivery. Ao longo de duas semanas, o leitor pôde votar por meio do site oficial da revista, marcando seus favoritos ou indicando outros nomes. Os vencedores podem ser conferidos nas páginas a seguir. Foram 17 categorias, contemplando a diversidade gastronômica da capital mineira. A lista sugerida teve como critério casas já reconhecidas pelos clientes por sua qualidade e que não são exclusivamente delivery. Nossas sugestões foram baseadas, ainda, em estabelecimentos que foram reconhecidos nas três últimas edições de Encontro Gastrô, com curadoria de nossa equipe de gastronomia.
O restaurante mais votado foi o Varanda 1389 e reflete o empenho e a cultura da casa. Foi exatamente pensando em atender a paladares diversos que Rodrigo Cataldi fez do seu estabelecimento um lugar onde todos os gostos são atendidos em um só clique. Tendo como base de cardápio da culinária brasileira, abriu outras frentes criando as categorias Massa e Forneria, com receitas italianas; Bar e Parrilla, voltado para carnes; Fresh, com comidas naturais; e Confeitaria, dedicada a sobremesas. "Um dos nossos diferenciais é que atendemos toda a família em um só lugar. Dá para o pai pedir feijoada, a mãe salada e o filho, picanha", afirma Rodrigo.
Com mais de 10 mil pedidos por semana, o prato mais pedido da casa é o tropeiro. O mineiro pode até usar e abusar da tecnologia, mas quando se fala de comida é a tradição que faz o coração bater mais forte.