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Cresce procura por veículos eletrificados no Brasil; híbridos lideram

Com a infraestrutura de postos de recarga ainda precária no país, o consumidor brasileiro, em grande parte, teve o cuidado de optar pela tecnologia mista


postado em 21/02/2025 00:23

Entre as vendas da BYD, o campeão é a linha SUV Song, híbrido: representou 36,10% sobre o total(foto: Divulgação)
Entre as vendas da BYD, o campeão é a linha SUV Song, híbrido: representou 36,10% sobre o total (foto: Divulgação)
A procura por veículos eletrificados no Brasil está em franco crescimento. Em 2024, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram comercializados 177.362 elétricos ou híbridos, o que representa 7,14% de todo o mercado de autos e comerciais leves. No ano anterior, essa participação foi de 4,31%. Um crescimento de impressionantes mais de 65% de um ano para o outro. Os híbridos estão à frente na corrida, principalmente por causa da incipiente infraestrutura de postos de recarga no país.

Os modelos responsáveis por esse boom são chineses. Mais propriamente de uma montadora que chegou no país há apenas três anos: a BYD. Em dezembro, a companhia quebrou seu próprio recorde de vendas num único mês e emplacou 10.091 carros, segundo dados da Fenabrave, a associação de revendedores. O resultado garantiu a oitava posição no ranking geral de vendas no último mês do ano, o que a coloca à frente de montadoras que possuem décadas de atuação no país. Considerando apenas as vendas de varejo, a montadora sobe para a quinta posição geral, ainda de acordo com a Fenabrave. Um feito e tanto. Ao longo de 2024 foram emplacados 76.811 veículos, o que representa um crescimento de quase 330% em relação aos 17.937 emplacamentos acumulados em 2023. Para se ter uma ideia comparativa, a Fiat fechou 2024 mais uma vez na liderança do mercado, com vendas de 521.289 unidades, o que representa 20,9% do total de veículos comercializados no país no ano passado. Ou seja, ainda sem produção local, o resultado da BYD equivale a 14,72% do volume de vendas da Fiat. O resultado é ainda mais significativo quando lembramos que a BYD atua exclusivamente com veículos eletrificados (híbridos e 100% elétricos). A também chinesa GWM, de forma mais moderada em relação à BYD, tem também sua participação na "revolução" ocorrida no mercado de veículos no Brasil.

A linha Dolphin sai na frente quando o assunto é 100% elétrico: preços de lançamento bastante competitivos(foto: Divulgação)
A linha Dolphin sai na frente quando o assunto é 100% elétrico: preços de lançamento bastante competitivos (foto: Divulgação)
Seus veículos (todos eletrificados) totalizaram 29.218 unidades vendidas em 2024, representando crescimento de 154% em relação a 2023 – ela começou a entregar seus modelos em maio, primeiramente o Haval (híbrido) e em seguida o compacto Ora (100% elétrico).

A revolução causada pela BYD no mercado de veículos no Brasil deve-se principalmente à capacidade (e ousadia) da marca chinesa em chegar ao país com o lançamento do Dolphin (100% elétrico) a um preço muito competitivo e oferecendo qualidade de acabamento premium. Foi esse o "choque" inicial. Na mesma ocasião, a marca anunciou a compra da fábrica baiana onde antes operava a Ford. Na sequência foram vários os lançamentos, entre híbridos e 100% elétricos, com destaque para o SUV Song híbrido e o mini Dolphin, subcompacto elétrico, com preço ainda mais competitivo e que foi o maior responsável pelo exponencial crescimento em vendas da marca.

Entre as vendas da BYD, a campeã é a linha SUV Song, que representou 36,10% sobre o total. O King (também híbrido) participou com apenas 6,43%, mas isso explica-se pelas vendas iniciadas há apenas cinco meses. Já o Dolphin mini, o veículo de entrada da marca, participou com 28,6%, enquanto o Dolphin teve 14,98% do bolo, de acordo com as informações da montadora. No caso da GWM, a participação do SUV híbrido Haval nas vendas da marca em 2024 foi de 78,35%, enquanto o Ora (100% elétrico) participou com 21,65%.

Na GWM, o sucesso é o SUV híbrido Haval: participação nas vendas da marca em 2024 foi de 78,35%(foto: Divulgação)
Na GWM, o sucesso é o SUV híbrido Haval: participação nas vendas da marca em 2024 foi de 78,35% (foto: Divulgação)
Ao que tudo indica, a ousada estratégia da BYD, a despeito das forças contrárias, está dando certo. O ano de 2025, quando os carros entregues estarão mais rodados e precisarão da assistência técnica, será a prova dos nove no teste de qualidade e agilidade da rede de concessionárias da marca. Outro ponto que pode afetar de forma negativa a marca é a questão recente de denúncias de contratação de mão de obra de chineses trabalhando em condições degradantes e desumanas, na construção da unidade industrial de Camaçari na Bahia. Sobre isso Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD Brasil, garantiu que a empresa chinesa de construção que cometeu esse abuso já está fora do jogo e a atenção para evitar esse tipo de contravenção será redobrada.

Ano positivo

O ano de 2024 terminou de forma positiva para o setor automotivo, com volume total de emplacamentos de 2,63 milhões de unidades (somando autos, comerciais leves, caminhões e ônibus). O resultado marca um crescimento de 14,15% sobre o ano de 2023. Considerando apenas autos e comerciais leves, o total é de 2.484.740 unidades, representando 14,02% de crescimento sobre 2023. A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, otimista, projeta que este ano de 2025 será também positivo com emplacamentos de 2,8 milhões de unidades. O melhor ano em venda de veículos no Brasil foi o de 2014, com comercialização de 3,5 milhões de unidades.

As marcas de eletrificados mais vendidas de 2024 (em participação de mercado):


Híbridos

  • BYD: 28,45%
  • GWM: 19,77%
  • TOYOTA: 17,58%
  • CAOA CHERY: 6,27%
  • M. BENZ: 5,35%
  • VOLVO: 3,71%
  • FIAT: 3,31%
  • Outras: 15,56%

Elétricos

  • BYD: 71,24%
  • GWM: 10,27%
  • VOLVO: 7%
  • JAC: 3,23%
  • RENAULT: 2,30%
  • BMW: 1,66%
  • FORD: 0,81%
  • Outras: 3,49%

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