- Foto: Pádua de Carvalho/EncontroDe perfil calmo e conciliador, o prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez (Cidadania), 32 anos, só abre mão da compostura se for para assistir a uma partida do seu time favorito: o Clube Atlético Mineiro. E é com a mesma paixão dedicada ao futebol que ele tem marcado vários gols fora do campo ao longo de sua gestão. A idade e a mentalidade jovem não o impediram de ser reeleito com 85,6% dos votos válidos e de fechar mais um ano com números muito positivos. Para além da mineração, em 2023 e 2024 a prefeitura teve um crescimento considerável em suas principais fontes de receitas: o ISS, o ITBI e o IPTU. No último ano, os impostos advindos do setor de serviços e do mercado imobiliário chegaram à cifra de aproximados R$ 584 milhões dos R$ 1,480 bilhão totais arrecadados no município.

No que depender de João Marcelo, os ovos da galinha de ouro vão se multiplicar ainda mais em 2025. Ter independência econômica da exploração do minério e causar menos impacto ao meio ambiente são metas prioritárias em seu governo. A estratégia é impulsionar o comércio, a indústria, o setor tecnológico e o mercado imobiliário para que, cada vez mais, possam gerar emprego e renda.

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Outra jogada de mestre do político foi um maior controle dos gastos. A gestão de João Marcelo é conhecida por rigorosas reformas administrativas para baixar o custo com pessoal. “São medidas que nos levaram a reduzir o gasto desta área de 69% para os atuais 31%”. O corte, diz o prefeito, viabilizou o crescimento na arrecadação e ampliou as perspectivas de carreira dos servidores. Outro avanço apontado seria a otimização dos processos e a modernização do parque tecnológico para viabilizar um governo mais eficiente. “Precisamos de todos os meios disponíveis para garantir que os recursos arrecadados retornem à população em forma de investimentos no município”.

Nascido em Belo Horizonte, mas criado em Nova Lima, a trajetória do político teve início em 2012, quando, aos 20 anos, candidatou-se a vereador pelo PPS, sendo o décimo candidato mais votado da cidade. Sua ascensão começou em 2017, quando assumiu o cargo de vice-prefeito. Antes disso, na adolescência, já era conhecido na cidade por seu trabalho social  realizado através do projeto Papai Noel Mirim, ao qual idealizou e transformou em uma Organização Não Governamental que realiza campanhas solidárias.

Formado em administração pública com foco em planejamento, gestão e finanças, trabalhou no Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, na Assessoria de Planejamento e Gestão, e, posteriormente, na Vale, na Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos. Casado, sem filhos, o político não abre mão do lazer e é personagem assíduo nos jogos não só do Galo, mas também do Villa Nova, time da cidade. Sempre que possível, também gosta de curtir a praia com a família.

O atual chefe do executivo de Nova Lima não tem medo de críticas e fala abertamente sobre sua  relação com o governo estadual e federal: “Não me envolvo em polarizações. Não será a ideologia política que nos trará a solução para as inundações, por exemplo”. Sobre o futuro, revela: “Minha missão agora é com a população da cidade onde cresci. O amanhã só Deus sabe”.

O município onde o político, que é bacharel em administração e pós-graduado em administração pública, foi criado tem hoje 111 mil habitantes, localização privilegiada, rico patrimônio histórico cultural e expressivos recursos naturais. Nova Lima é uma imensa pepita de ouro que vem sendo lapidada há 323 anos, tornando-se um dos principais arrecadadores de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) de Minas e do Brasil.

Não por acaso, em seu amplo território – 429 quilômetros quadrados que superam a capital mineira com seus 331,354 km – encontra-se uma das maiores concentrações de ricos no país, segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Contudo, apesar de possuir o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, o prefeito é realista e lembra que quando se considera a arrecadação per capita em Minas, Nova Lima está na posição 59 ou 60 no país.

A dicotomia entre a pobreza e a riqueza, ressalta João Marcelo, também está presente no município. “Temos bairros muito carentes e ainda há muito trabalho a ser feito.” Para o político, a diversificação econômica, para além da atividade mineradora, a habitação social e a mobilidade urbana seguem sendo pautas urgentes e desafiadoras. “O desenvolvimento dos grandes condomínios é bem-vindo, mas aumenta o preço da terra, levando inúmeras pessoas de baixa renda a construir de forma irregular.”

A mobilidade urbana também é um grande desafio, principalmente o desafogamento da MG-030. Entre as obras previstas, a avenida Dr. Flávio Guimarães, na divisa com Belo Horizonte, será uma via com passagem exclusiva por Nova Lima. Polêmico, o projeto com término previsto para 2026 terá dupla funcionalidade, transformando-se em uma via de trânsito integrada a um parque linear que conectam o Vila da Serra ao Belvedere.