
- Pedro Lourenço de Oliveira, 68 anos
- Nascido em Paineiras (MG)
- Casado com Val Fernandes e pai de Pedro Junio, Bruno e João Pedro
- Empresário, dono dos Supermercados BH e da SAF do Cruzeiro. Estudou até o 8º ano do ensino fundamental. Abriu seu próprio negócio e fundou, em 1996, a mercearia BH. Empreendimento cresceu, é a quinta maior rede de supermercados do país, com 338 unidades, e emprega mais de 30 mil pessoas
Após apenas 17 dias de conversas - que incluíram consultas aos três filhos e um comunicado à esposa, que até então era contrária à ideia -, o empresário foi anunciado o novo dono do time. A imprensa noticiou que a transação girou em torno de R$ 600 milhões por 90% das ações - 10% pertencem à Cruzeiro Associação. Os valores nunca foram oficialmente confirmados pelas partes.
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Mas o que é incontestável é o plano audacioso de Pedrinho BH, como é conhecido, para o plantel celeste. O objetivo é fazer investimentos na qualificação do elenco. Desde que assumiu o clube, já foram trazidos 14 reforços, dentre eles, jogadores renomados, como o goleiro Cássio e, mais recentemente, os craques Dudu e Gabigol, ídolos recentes de Corinthians, Palmeiras e Flamengo, respectivamente.
"A nossa ideia é levar o Cruzeiro ao máximo que der, ganhar títulos. A gente tem uma expectativa muito grande para 2025, trazendo jogadores para dar uma melhorada no grupo. Esperamos ganhar títulos e voltarmos ao que éramos", afirma Pedrinho. "A longo prazo, dentro de quatro ou cinco anos, queremos disputar o Mundial", projeta.
O ano de 2024 não ficou marcado para Lourenço apenas por ter se tornado dono de um dos maiores e mais vitoriosos clubes de futebol do país. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em dados divulgados em abril do ano passado, os Supermercados BH tiveram um crescimento de quase 25% em um ano, com faturamento de R$ 17,3 bilhões. A rede fechou o ano de 2024 com 328 unidades, 38 delas no Espírito Santo, Estado para onde a rede iniciou sua expansão em 2023.
No entanto, nem sempre foi assim. E o empresário faz questão de não esquecer os tempos difíceis. "Quando comecei, eu tinha um Vectra. Depois, vendi e comprei uma camionete. Levava mercadoria nela e fiquei dois anos e meio sem comprar sapato", relembra ele, que é casado com Val Fernandes e pai de três filhos.
Filho de lavradores, nascido e criado na roça, Lourenço mudou-se da pequena cidade mineira de Paineiras, de 5.000 habitantes, para Belo Horizonte, aos 18 anos. Seu primeiro emprego foi na famosa rede Casas da Banha. Trabalhou também como vendedor de café e como representante comercial. O sonho de montar a primeira "lojinha", como costuma dizer, só veio aos 40 anos. A oportunidade surgiu em 1996. Com algumas economias guardadas, negociou um imóvel, no bairro São Benedito, por R$ 25 mil, em 12 parcelas.
"Esse imóvel era do Waltinho (Walter Arantes) e do Vicente (Bretz), do Mineirão Atacarejo. Eles me ofereceram, sabiam que eu tinha o sonho de ter uma mercearia", lembra Pedrinho. "Comprei a primeira lojinha e fui abrindo a segunda e a terceira, com os pés no chão. Depois, o Mineirão vendeu suas lojas para o Carrefour, e a rede expurgou várias lojas que não queria. Fui pegando tudo praticamente de graça. Depois, aconteceu o mesmo com o EPA. E fui crescendo com sustentabilidade e respeito", revela. Hoje, aos 68, o empresário é dono da quinta maior rede de supermercados do Brasil.
O cuidado em manter preços mais baratos na comparação com concorrentes é uma constante. "Hoje em dia, as pessoas dão mais valor às classes A e B. Eu comecei pela periferia mesmo e poucas lojas na Zona Sul, porque não tem espaço. Estou com lojas onde está a maioria, que são os pobres. Eu também sou, vim da roça, sei o que é a dificuldade. Sempre procuro ter um preço justo", explica.
A vida de empresário de Pedrinho cresceu em paralelo à sua paixão pelo Cruzeiro. Quando se mudou para a capital, morou na casa da irmã, no bairro São Cristóvão, com outros irmãos e um amigo. Sem dinheiro para a passagem, iam a pé para assistir aos jogos no Mineirão. "Se fôssemos de ônibus, não tínhamos dinheiro para comprar o tropeiro. Íamos de geral", reforça.
A relação mais próxima do empresário com o clube do Barro Preto começou no início dos anos 1990, na gestão do então presidente César Masci. A partir de 1995, já na presidência de Zezé Perrella, Pedrinho passou a ajudar o Cruzeiro com benfeitorias e empréstimos para a contratação de jogadores.
Já na década de 2010, chegou a cogitar se candidatar à presidência do clube, mas a configuração política não o favoreceu à época. Ele, no entanto, seguiu ajudando, sendo responsável direto pela formação do time bicampeão brasileiro, em 2013 e 2014, e por trazer nomes do quilate do uruguaio Arrascaeta, contratado como uma grande promessa, em 2015. "Eu sempre fui preocupado com o torcedor, mas nunca preocupado comigo", finaliza.