Revista Encontro

ESPECIAL

Mineiros do Ano 2024 - Sérgio Roberto Belisário

Presidente voluntário da Associação Mineira de Reabilitação (AMR) celebra os 60 anos da instituição

Patrícia Cassesse
- Foto: Leticia Mattos/Divulgação
Referência internacional em reabilitação neuromotora de crianças e adolescentes com deficiência física, a Associação Mineira de Reabilitação (AMR) completou, em 2024, 60 anos. Desde a criação, pelo médico fisiatra Márcio de Lima Castro, a iniciativa acumula reconhecimentos – no ano passado, figurou entre as 50 melhores organizações sociais do Brasil pela Thedotgood, ranking suíço que avalia impactos de Organizações Não Governamentais em nível global.
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  • Sérgio Roberto Belisário, 65 anos

  • Nascido em Belo Horizonte (MG)

  • Casado com Glacilene Lobato, pai de Octávio, Arthur e Sophia

  • Presidente voluntário da Associação Mineira de Reabilitação – (AMR). Graduado em Economia, com especialização em Finanças e Negócios pela New York University e Fundação Dom Cabral/Insead, e MBA pelo Ibmec

Atendendo atualmente 500 crianças e adolescentes, de zero a 18 anos, a AMR está entre os destaques de 2024 por meio de seu presidente, Sérgio Roberto Belisário. Graduado em Economia, com especialização em Finanças e Negócios pela New York University e Fundação Dom Cabral/Insead e MBA (Ibmec), Belisário tem, no currículo, atuações em grandes empresas. O contato com a AMR começou por meio da mãe, Regina Belisário, voluntária.

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As seis décadas da ONG, cuja comemoração segue até junho deste ano, inclui o lançamento de um livro. "Entendemos como a fortaleza da instituição o fato de ela ter sido bem estruturada desde o início. A AMR já foi criada com um conselho deliberativo, um fiscal, auditoria independente e diretoria-executiva voluntária. Ou seja, aqui, só os funcionários (cerca de 130, diretos) são remunerados."
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Já quanto aos prêmios, Belisário os credita a diversas causas, como o fato de a AMR propiciar condições para uma reabilitação em alto nível. Não só. Tão importante quanto é a inclusão social. "Não é reabilitar a pessoa para ela ficar em casa, mas integrada à sociedade", explana.
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Outro ponto levantado por Belisário é a estrutura. Não por outro motivo, frisa, a AMR é considerada um case internacional por oferecer padrões como as organizações do chamado primeiro mundo. "Temos, na nossa organização, tudo o que é necessário a uma reabilitação e quase tudo o que é necessário à questão de inclusão". Isso porque, salienta, ao longo do tempo, veio a constatação de que não adianta reabilitar sem incluir. "É muito importante que a pessoa possa participar da sociedade naquilo que é possível", explana.
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No escopo da inclusão, a AMR também oferece assistência social, jurídica e psicológica, bem como cursos visando gerar fontes adicionais de renda aos familiares. "Entendemos que o responsável pelo acompanhamento do assistido não tem como trabalhar", diz Belisário. A grande maioria das famílias diga-se, são inscritas no CadÚnico do governo.
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Neste sentido, a instituição estimula as famílias dos atendidos a fazerem permutas dentro do próprio espaço da AMR e se ajudarem. "Cada uma levando ou oferecendo aquilo que sabe fazer. Por exemplo, uma mãe sabe costurar, outra sabe fazer bolo, outra tem uma horta... Então, elas fazem permutas de serviços, produtos, melhorando a qualidade de vida e, do mesmo modo, trocando ideias com relação a seus filhos", afirma.
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Por meio de parcerias, a AMR também providencia a adaptação da casa dos assistidos: instalação de portas mais largas para a passagem de cadeira de rodas ou rampas de acesso, bem como barras de segurança no banheiro, corrimão, sanitários adequados, mobiliário específico... Tudo de forma gratuita. Do mesmo modo, itens pessoais, como fraldas descartáveis. "Quase 90% das nossas crianças fazem uso contínuo de fraldas."
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A AMR tem, ainda, assistência odontológica, bem como clínicas médicas diversas (incluindo psiquiatria, ortopedia, neuro), fisioterapia e T.O. "A ONG também banca 100% das cirurgias. Uma criança assistida pela AMR passa, em média, por dez procedimentos cirúrgicos entre zero e 18 anos de idade", situa Belisário.
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Outro orgulho é a oficina de órteses e próteses. Como já assinalado, a AMR assiste crianças em fase de crescimento. "E as órteses e próteses, neste caso, têm uma vida útil de cerca de oito meses – ou seja, são necessárias trocas constantes". A oficina também produz mobiliário escolar para as instituições onde os assistidos estudam. Essas recebem, ainda, orientações sobre como facilitar a integração com demais alunos.
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Para 2025, um dos investimentos será justamente na oficina, que também atende o mercado externo e o SUS. "A ideia é ampliar os serviços e, assim, aumentar a receita própria". Tal qual, fazer com que o Laboratório de Análises do Movimento atenda à comunidade em geral. "O que evitaria deslocamentos de famílias a outros estados para, por exemplo, realizar exames, que costumam ser caros. A eles soma-se o custo de deslocamento, hotel, alimentação…", lista o presidente.

Outra meta é avançar no projeto de uma segunda unidade, em parceria com outra instituição. O avanço no atendimento remoto é outro ponto que enche Belisário de orgulho. "O objetivo principal é atender os que saem da AMR. Porque, ao completar 18 anos, o assistido se desliga da ONG, mas, até aí, foi criado um vínculo muito forte, inclusive com as famílias. Ou seja, não é um momento fácil. Com essas ferramentas, o assistido pode seguir vinculado, de maneira remota", comemora.
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