Estado de Minas PET

Vale a pena contratar um plano de saúde para animais de estimação?

Com ampla rede credenciada e mensalidades acessíveis, o serviço sob medida para os pets está em expansão no Brasil, mas é preciso ter cautela na contratação


postado em 28/04/2025 00:47 / atualizado em 28/04/2025 01:07

A advogada e gerente financeira Andréa Magalhães, junto de seus labradores Phelps e Lion:
A advogada e gerente financeira Andréa Magalhães, junto de seus labradores Phelps e Lion: "Mesmo com o plano, recomendo pesquisar bastante em qual clínica ou profissional levar, já que o atendimento varia muito de acordo com cada lugar" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Em franca expansão no Brasil, os planos de saúde para animais de estimação oferecem uma rede credenciada com serviços como consultas, vacinas, exames, internações, microchipagem e até cirurgias – tudo isso por uma mensalidade bem acessível. A proposta é garantir qualidade, praticidade e economia para os tutores. Mas será que esses planos realmente cumprem o que prometem? Com um número cada vez maior de pessoas optando por não ter filhos e, ao mesmo tempo, escolhendo ter um animal de estimação como companhia, as estatísticas surpreendem. Segundo a última pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil é o terceiro país com o maior número de animais domésticos, com 167,6 milhões deles presentes em aproximadamente 70% dos lares brasileiros.

Nesse novo cenário, além dos tradicionais segmentos de alimentos (Pet Food), medicamentos veterinários (Pet Vet) e cuidados com a higiene e bem-estar (Pet Care), desde 2010 os planos de saúde para animais de estimação têm conquistado uma fatia cada vez maior desse mercado. Um dos principais atrativos são os valores dos planos mensais que variam, em média, entre R$ 49 e R$ 200, sem coparticipação, e com opções a partir de R$ 13 com coparticipação e menos serviços disponibilizados (veja quadro). Para alguns especialistas, a modalidade seria uma importante ferramenta para que os tutores não sejam surpreendidos com despesas inesperadas. "Muitas pessoas optam por ter um pet sem se preparar para as responsabilidades que a decisão exige, entre elas os custos com assistência veterinária, o que, infelizmente, leva até mesmo a muitos casos de abandonos de animais", diz a médica veterinária Ana Luiza Leroy Alves Marques.

Ela avalia que, com os planos de saúde pet, os tutores se sentem mais seguros e sem o risco de sofrer um grande impacto financeiro. Cadastrada há dois anos em uma plataforma que disponibiliza o serviço, Ana Luiza diz que para os profissionais da área a grande vantagem é o aumento no número de clientes indicados pela própria prestadora de serviço, dispensando o investimento em marketing. Por outro lado, a remuneração paga aos médicos veterinários é bem inferior à de uma consulta particular. Diante da necessidade de um volume maior de atendimento para compensar o ganho financeiro, a qualidade do serviço prestado pode ser comprometida. "Mesmo recebendo menos pelas consultas realizadas por meio do plano, não consigo prestar um serviço inferior aos meus pacientes. Acredito que o mesmo cuidado e carinho devem ser destinados a todos os animais", diz.

O gerente geral Carlos Alberto dos Santos decidiu contratar um plano de saúde para seus quatro cãe, as pugs Stela e Mocinha, a chihuahua Olivia e o pug Stuart:
O gerente geral Carlos Alberto dos Santos decidiu contratar um plano de saúde para seus quatro cãe, as pugs Stela e Mocinha, a chihuahua Olivia e o pug Stuart: "Em fevereiro deste ano, o Stuart passou mal e o levei a uma clínica conveniada onde fomos muito mal atendidos e, por negligência médica, ele acabou morrendo" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Ciente de que com o passar dos anos a saúde dos bichinhos também precisa de mais cuidados, em 2019 a professora Fabíola Lunguinho contratou o primeiro plano de saúde pet através de uma seguradora. Tutora das cadelinhas Belinha, de 8 anos, e Lua de 7, ambas sem raça definida, ela conta que até o momento se sente satisfeita com os serviços prestados. "Em 2021, fiz a portabilidade para uma empresa mineira que me trouxe mais segurança e benefícios. No que precisei de atendimento fui bem atendida." A estimativa é de que 250 mil pets já sejam cobertos por planos de saúde no Brasil. Apesar do número chamativo, a porcentagem é pequena diante de um amplo território a ser explorado.

A disputa pelo mercado envolve empresas pioneiras no segmento no Brasil, como a Dog Life, criada há 20 anos; operadoras já consolidadas na oferta de planos de saúde para pessoas que também passaram a disponibilizar o serviço, a exemplo da Unimed; assim como seguradoras, entre elas a Porto Seguro. Bancos como Inter, Itaú e Bradesco também entraram na competição. "Na Dog Life, por ser um plano majoritariamente sem coparticipação, os valores alteram com base na localidade, na idade e no peso do pet", diz a coordenadora de marketing Marianna Rungue, da Life Pet Hub, gestora dos planos. Já na modalidade Pet Life, lançada em 2023, os planos contam com coparticipação e não têm nenhuma variação de peso, localidade ou idade do pet.

Mais novo no segmento, o plano de saúde Au!Happy foi inaugurado em 2021 e conta com atuação em mais de 18 estados brasileiros. Em Minas Gerais, possui rede credenciada em BH e região metropolitana, além das regiões de Uberlândia e Uberaba. "Em 2024, nosso faturamento superou em 20% o de 2023. Para 2025, a expectativa é de que até o final do segundo semestre o aumento anual supere a marca de 30% o do último ano", afirma a gerente comercial Tatiane Marcelino Soares. Líder no mercado brasileiro, em 2023 o Grupo PetLove faturou R$ 50 milhões em sua divisão de planos de saúde para pets. Para 2025, a holding espera chegar a R$ 650 milhões, investindo também no universo corporativo com a venda de planos para empresas como benefício para colaboradores.

A agente de viagens Maria Helena Marques encontrou no plano de saúde pet a oportunidade de dar uma assistência melhor para sua cadelinha Stella, de 12 anos e sem raça definida.
A agente de viagens Maria Helena Marques encontrou no plano de saúde pet a oportunidade de dar uma assistência melhor para sua cadelinha Stella, de 12 anos e sem raça definida. "Gostei da quantidade de clínicas credenciadas, de alguns procedimentos realizados, mas fiquei insatisfeita em uma consulta na qual não tivemos retorno físico" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Assim como nos planos de saúde para pessoas, os prazos de carência variam de acordo com a complexidade dos procedimentos a serem realizados. CEO da clínica veterinária Dogs Company, no bairro Cidade Jardim, Fernanda Lazarini relata que há 11 anos a empresa trabalha com planos de saúde pet. Para ela, a introdução da modalidade de atendimento no mercado tem sido um grande facilitador para que mais tutores possam oferecer um atendimento veterinário contínuo aos seus pets. "Os serviços mais utilizados são consultas, exames laboratoriais e de imagem, bem como a internação", diz. Entre os benefícios para os profissionais da área, ela destaca a fidelização de clientes, o recebimento garantido e a promoção da medicina preventiva, mas sugere melhorias. "Sem dúvidas a desburocratização administrativa e a adoção de tabelas de honorários mais justas e compatíveis com os custos dos serviços prestados refletem diretamente na qualidade do serviço prestado por toda a rede credenciada."

Entre os principais fatores que impulsionam a adesão dos tutores aos planos, estão o controle financeiro e o aumento da quantidade de pets nas famílias brasileiras. Contudo, apesar dos benefícios apresentados, os especialistas alertam que é preciso ter cautela e verificar detalhadamente o que cada plano, de fato, oferece para evitar que o pet fique desprotegido em alguma emergência, além do risco de sofrer com as tão temidas despesas extras. Apaixonado por animais, o gerente geral no varejo Carlos Alberto dos Santos mora na companhia de cães, gatos e peixes. Em 2024 tomou a decisão de contratar um plano de saúde para seus quatro cães: a pug Stela, de 9 anos; Mocinha, pug abricot de 8; Olívia, chihuahua de 5 meses; e Stuart, pug abricot de 11 anos.  "Fiz isso na busca de lhes proporcionar mais saúde e bem-estar, mas não tive sorte. Em fevereiro deste ano o Stuart passou mal e o levei a uma clínica conveniada onde fomos muito mal atendidos e, por negligência médica, ele acabou morrendo".

Carlos relata que além da dura perda do animal, ainda recebeu uma alta conta de coparticipação para pagar. "Dinheiro nenhum vai trazer a vida dele de volta." Apesar de todos os contratos estarem submetidos ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), não há agência reguladora dos planos de saúde para pets  equivalente à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos de saúde humanos. O que significa que o serviço é regulamentado apenas pela resolução número 647, de 1998, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, além de normas do direito civil e do direito do consumidor.

A professora Fabíola Lunguinho é tutora das cadelinhas Belinha e Lua, ambas sem raça definida:
A professora Fabíola Lunguinho é tutora das cadelinhas Belinha e Lua, ambas sem raça definida: "Contratei um plano de saúde pet e em 2021 fiz a portabilidade para uma empresa mineira que me trouxe mais segurança e benefícios. Tenho sido bem atendida" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
O fato é preocupante, tendo em vista que, sem a regulamentação necessária, não existem procedimentos obrigatórios predeterminados, nem prazos de carência ou outros critérios mínimos para a prestação do serviço. A agente de viagens Maria Helena Marques encontrou no plano de saúde pet a oportunidade de dar uma assistência melhor à sua cadelinha Stella, de 12 anos e sem raça definida. Em consequência da idade, há tempos ela vem sofrendo com hérnia de disco e outras comorbidades. No ano passado, passou por uma cirurgia para retirada de tumores na cadeia mamária. "Foi quando decidi fazer um plano de saúde para ela. Gostei da quantidade de clínicas credenciadas, de alguns procedimentos realizados, mas fiquei insatisfeita em uma consulta na qual não tivemos retorno físico", diz Maria Helena.

Estudo publicado pela revista da Confederação Nacional dos Seguros (CNSeg) estima que as vendas mundiais de seguros para pets cheguem a 38,8 bilhões de dólares até 2030, a uma taxa de crescimento de 11% ao ano. Por isso, para não colocar a vida do seu pet em risco, busque sempre referências e pesquise sobre a credibilidade da rede credenciada no plano de saúde a ser contratado. A advogada e gerente financeira Andréa Magalhães gosta tanto de animais que já resgatou vários das ruas em situação de maus-tratos. Além dos labradores Phelps e Lion, de 9 anos, ela também tem os cãezinhos sem raça definida Amora, de 7, Melo, de 5, e Pretinha de 1. Em busca do melhor para eles, em 2024 decidiu fazer um plano de saúde para todos os peludos. "De modo geral, estou satisfeita com os serviços. Mas, mesmo com o plano, recomendo pesquisar bastante em qual clínica ou profissional levar, já que o atendimento varia muito de acordo com cada lugar", afirma. Andréa também sugere um upgrade nos planos de saúde para a bicharada."É muito importante que essas empresas também ofereçam planos diferenciados para protetores de animais".

Conheça alguns dos planos de saúde para pets disponíveis em Minas Gerais:


Dog Life

Pioneira no Brasil, oferece planos com e sem coparticipação. Os preços variam entre R$ 13,20 e R$ 174,90. A empresa conta com rede credenciada em 50 municípios mineiros.

Au!Happy

Inaugurado em 2021, tem atuação em mais de 18 estados brasileiros. Em Minas Gerais, possui rede credenciada em BH e região metropolitana, além das regiões de Uberlândia e Uberaba. As mensalidades variam de R$ 59,90 a R$ 219,90.

PetLove

Líder no mercado brasileiro, possui rede credenciada em todo o país. Os planos com e sem coparticipação custam a partir de R$ 19,90 por mês, podendo chegar a R$ 209,90.

Plano de Saúde Cuidar Pet (Unimed e Meu PET Club)

Disponibiliza planos de saúde para pets com sistema de reembolso em todo o território nacional. Os preços variam entre R$ 19,90 e R$ 175,00 por mês.

Assistência Pet Itaú

Seguro de acidentes pessoais com assistência pet a partir de R$ 19,90.

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