Revista Encontro

Infância

Entenda o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação

Pais devem ter atenção ao desenvolvimento motor dos filhos

Da redação com assessorias
- Foto: Pixabay

Algumas crianças que apresentam dificuldades motoras durante o desenvolvimento, por desconhecimento dos pais, acabam tendo o problema deixado de lado e, em alguns casos, são até consideradas desastradas ou desajeitadas. Entretanto, quando os pequenos não conseguem realizar tarefas simples, como amarrar o tênis, apontar o lápis, recortar, segurar o garfo para comer sem derrubar a comida e participar de jogos e brincadeiras que exigem as funções motoras, é preciso avaliar se há algum tipo de atraso ou déficit no desenvolvimento da coordenação.

Segundo a terapeuta ocupacional Márcia Strabeli, alterações da coordenação motora estão associadas a diversos distúrbios do sistema nervoso central. Assim, crianças com paralisia cerebral, síndromes genéticas e deficiência intelectual, por exemplo, podem apresentar essas alterações que são conhecidas e esperadas. "Entretanto, quando não há nenhuma causa aparente para o déficit motor, ou seja, nenhuma condição que explique o problema, o ideal é consultar um especialista para uma avaliação. A avaliação de um especialista poderá indicar se o déficit está ligado ao Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação. A condição se aplica quando na ausência de transtornos físicos ou neurológicos, há um desempenho abaixo do esperado para a idade e nível cognitivo da criança nas atividades que exigem coordenação motora", explica a especialista.

A terapeuta lembra que não existe criança "desajeitada". "A falta de jeito é um sinal bem característico do transtorno, assim como uma coordenação motora abaixo do esperado para a idade. Problemas de ritmo, tensão corporal e excesso da atividade muscular durante a execução de tarefas motoras são outros sinais importantes", comenta a fisioterapeuta Walkiria Brunetti.

Ela diz ainda que é comum que essas crianças tenham menos interesse por esportes ou ainda por brincadeiras que exigem coordenação motora grossa ou fina mais desenvolvida.
"Como são crianças com habilidades motoras restritas, em alguns casos podem até ser excluídas das brincadeiras pelos colegas, o que também afeta a interação social e o desenvolvimento emocional, podendo levar à ansiedade, baixa autoestima e depressão", afirma a fisioterapeuta.

Estudos mostram que o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação pode afetar até 10% das crianças em idade escolar. Portanto, é um problema frequente na infância, que pode ter grande impacto no desempenho escolar e nas relações sociais. Entre as causas, especialistas acreditam que problemas na gravidez, parto, prematuridade, baixo peso no nascimento e fatores ambientais podem estar ligados ao déficit motor. "Além disso, os problemas motores quase sempre aparecem associados a dificuldades de aprendizagem e em crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ", afirma Márcia Strabeli.

O importante é que os pais prestem atenção aos marcos do desenvolvimento para entender o que é esperado para cada fase da vida da criança. Embora o diagnóstico do transtorno motor só pode ser feito na idade escolar, ou seja, depois dos 6 anos, é possível intervir de forma mais precoce para aproveitar a neuroplasticidade que é mais intensa nos primeiros anos de vida..